Capítulo 19 - Lizzie

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Um novo dia tinha raiado, mas parecia a mesma coisa de sempre. Levantei de madrugada, treinei com o Cassian, fui até a cozinha da Casa do Vento e preparei um extrato das raízes que eu tirei ontem. Pela quantidade de poeira que tinha naquelas panelas, ninguém as usava havia muitos anos.

Assim que estava pronta, chamei a Honey para irmos lá para baixo, mas ela parecia...triste. E eu sabia o motivo. Confesso que nenhum de nós dormiu bem essa noite. Ontem, eu estranhei que a Honey parecia contida e quase alheia demais, porém, achei que fosse por que ela estava cansada. Assim que voltamos para o quarto naquela noite, a ajeitei para dormir, enquanto Az terminava alguns relatórios.

Eu via as suas olheiras profundas, pensando no que poderia fazer para ajudá-lo. Então, mesmo que espremidos no colchão, dormimos. Contudo, quando eram cerca de duas da manhã, Honey começou a soluçar e a tremer nos meus braços, ao mesmo tempo que chorava desesperadamente. Acordamos em sobressalto e sem entender nada. Quase que imediatamente, a puxei para o meu seio, tentando a fazer acordar do pesadelo, a chacoalhando.

Apesar dela ter acordado, continuou a chorar baixinho, implorando para afastá-la do escuro. Por isso, Az se levantou e acendeu cada uma das velas do quarto, a tranquilizando um pouco. Porém, ela só dormiu porque se cansou de tanto chorar e confesso que nenhum de nós dois dormimos depois disso, com peso no coração e ainda um pouco nervosos.

Passamos a noite inteira acordados, a observando, com medo que acontecesse de novo. Az foi gentil, se sentando no colchão e me apoiando contra o seu corpo, enquanto eu continuava com Honey nos meus braços. Aquilo não era responsabilidade dele, mas, mesmo assim, o meu parceiro passou a madrugada toda acordado. Aos poucos, as velas foram se acabando e o sol raiando. Quando finalmente conseguimos dormir, faltava uma hora para que eu me encontrasse com Cassian e o Azriel começasse o dia.

Agradeço a compreensão do Cas, já que ele percebeu que havia alguma coisa de errado. Não dei muitos detalhes, apenas disse que ela teve um pesadelo. Não sei o por que, mas ele se preocupou e quando tentei tirá-la da cama hoje, o illyriano apareceu na porta do quarto, dizendo que tomaria conta dela até o almoço por que tinha um compromisso depois. Foi engraçado a ver sendo carregada no ombro largo do guerreiro para a área de treinamento.

Assim, tive a manhã toda, praticamente, livre. Por isso, desci até a casa da cidade e conversei com Nestha sobre a minha especulação. Ontem, enquanto não conseguíamos dormir, nós conversamos pelo laço. Expliquei ao Az o que o Nyx havia me dito sobre ele saber o que ela tinha se tornado e lhe mostrei um pouco da sua situação. Para a minha sorte, Azriel concordou na minha teoria.

Então, fiz um chá com o extrato das raízes, o entregando para Elain. Esperamos quase uma hora para ele fazer efeito e quando notamos, ela parecia mais calma e mais alerta em relação ao mundo ao seu redor. Havia dado certo. Nestha quase chorou de alivio, se contentando em abraçar a irmã. No entanto, avisei a ela que aquilo não deveria ser tomado todos os dias e que não a curou, apenas amenizou um dos sintomas. Que maldito presente, Nyx.

Desse modo, na hora do almoço, dormi um pouco no quarto e peguei Honey com o Cassian, que não gostou muito ter que devolvê-la para mim. Como explicar esses bebês illyrianos? Até fiquei feliz ao vê-la rindo e sorrindo, mas quase tive um treco quando vi que o Cassian havia colocado uma espada do dobro do tamanho dela nas suas mãozinhas e estavam brincando de atirar facas em um tronco. 

Nós voltamos para a casa da cidade, onde Nestha cedeu, ficando de olho na Honey enquanto eu tinha uma conversa sozinha com a Elain. Ao que parecia, o chá tinha surtido o efeito esperado e ela parecia mais relaxada, mas ainda dizia escutar aquelas coisas, fora que teve outra coisa diferente. Elain me contou que sentia como se estivesse sendo vigiada e que a luz era a salvação. Nesse quesito, isso não era mais problema meu, mas não deixei de ficar confusa.

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