I don't wanna be you; 18.

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Estávamos deitados na cama enquanto víamos o sol entrar pela janela, nenhum de nós dois conseguíamos dormir, apenas ficamos em silêncio apreciando reciprocamente com carícias.

Meu celular desperta indicando que é o horário de ir trabalhar, desligo o mesmo e fico mais uns segundos abraçado a Khaotung.

- Vou tomar um banho para ir trabalhar, quando eu terminar você toma o seu, pode por uma roupa minha eu te levo em casa - Digo levantando sem ânimo, a noite tinha sido incrível, mas quando a luz do sol raiou percebi que as coisas aqui continuariam sendo a mesma.
E não sei se estou com tanta coragem quanto antes.

Vou ao banheiro e tomo um banho demorado, lavo o cabelo com o xampu e ouço a porta abrir vendo Khaotung entrar apenas de cueca me fazendo sorrir.

- Tomar banho com você, mais rápido - Ele diz retirando a cueca antes de entrar no box junto comigo, ele faz bico com o lábio perfeitamente bonito dele e se aproxima de mim me dando um selinho.

Sorrio e saio da água dando espaço para ele, ele está com os olhinhos fundos e vermelhos, provavelmente cansado.

- Chegar em casa você vai dormir - Digo e ele concorda, enquanto molha os cabelos dele que agora estão grandes o suficiente para cobrir todo seu olho - Aparar o cabelo.

Ele ri me empurrando para fora do box, pego a toalha e me enrolo antes de sair do banheiro me arrumo com uma calça jeans e uma blusa branca, me vejo no espelho e logo pego o boné azul-marinho jeans.

Khaotung sai do banheiro e se aproxima de mim se sentando ao meu lado na cama enquanto eu calçava os tênis.

- Vai conversar com sua mãe? - Ele pergunta me encarando enquanto eu apenas fico em silêncio - First.

Ele me chama esperando uma resposta.

- Vou.

- Só estou perguntando - Ele diz se levantando indo até a mesinha onde o celular dele está, ele está de costas para mim com a toalha em sua cintura enquanto mexe no celular dele.

Respiro fundo enquanto milhões de coisas passa em minha mente, termino de pôr o tênis e vou até ele o abraçando por trás.

- Eu te amo - Digo beijando o topo da cabeça dele apoiando meu queixo logo em seguida me mantendo agarrado a ele.

- Eu também amo você - Ele diz repousando a cabeça em meu peito, ficamos assim por alguns minutos até voltar a realidade.
Após colocar uma blusa minha e um short, Khaotung e eu descemos a escada, encontrando minha mãe no sofá da sala com Nam no colo penteando o cabelo da mesma.

Ela nos olha sem entender e eu respiro fundo.

- Oi tia - Ele disse se reverenciando.

- Oi P'tung - Nam disse sorrindo e indo até Khaotung que abraça a mesma apertado.

- Dormiu aqui? - Minha mãe perguntando ignorando o Oi do baixinho ao meu lado fazendo ele concordar com a cabeça exitante.

- P'tung e P'Kan estão namorando - Nam diz fazendo Khaotung travar ao meu lado em pânico assim como eu.

- Como assim? - Minha mãe questionou assustada se levantando, eu não sabia o que dizer nem o que sentir, só sei que minhas pernas estavam fracas - Kanaphan!

Ela disse irritada.

- Não estamos namorando - Falei, de todo modo não estava mentindo, eu e Khaotung estávamos juntos não namorando.

- Me explique - Ela disse cruzando os braços acima do peito.

- Estamos nos conhecendo apenas - Falei e vi minha mãe se aproximar e logo por impulso Khaotung se posicionou a minha frente.

- Ah! O que você está fazendo? - Ela questionou frustrada enquanto Khaotung colocava Nam no chão e segurando minha mão logo em seguida enquanto ainda encarava minha mãe.

- Não estou fazendo nada tia - Ele disse.

- Saia, deixe eu falar com First - Ela disse e Khaotung continuou parado, respirei fundo.

- Pode ir, pegue meu celular, avise para P'Chai que chegarei um pouco atrasado - Digo e ele exita um pouco antes de fazer o que pedi.

- Ficarei no portão te esperando, não se preocupe - Ele diz e logo sai permitindo que minha mãe me olhasse com seus olhos julgadores.

Então logo lágrimas começam a descer involuntariamente.

- Por que está chorando à toa? - Ela pergunta cruzando os braços, respiro fundo algumas vezes e ela parece perder a paciência - Abre a boca Kanaphan, você é bom em tudo, mas para falar comigo não?

Ela se aproxima de mim posso ver a decepção em seus olhos carregadas de tristeza.

- Você gosta dele? - Ela pergunta com seu tom áspero e completamente amargo só em pensar que seu filho gosta de outro homem.

Me limito apenas a concordar com a cabeça "Inacreditável" ela repetia algumas vezes.

- O que aconteceu com você? Como chegou a esse ponto? - Ela pergunta exasperada me fazendo encolher um pouco.

- Não sei.

- Você acha que essa merda irá dar certo? - Ela diz rude - Ah! Tenha santa paciência, quanta burrice e estupidez da sua parte.

- Para mãe chega, eu gosto dele e isso basta não? Quando você começou a sair com Sebastian, eu questionei algo? Perguntei se você realmente gostava dele? Falei alguma merda sobre a relação de vocês? - Falo perdendo a paciência - Eu tenho 22 anos, mãe, eu sei sobre minhas decisões sobre o que eu quero ou não! Pare de me tratar como se eu fosse a Namtan, não sou nenhuma criança.

- Você mora na minha casa Kanaphan! Come da minha comida, quem lava suas roupas sou eu, quem te alimenta sou eu, você trabalha, mas não coloca nada dentro de casa. Então, sim, vou te tratar da maneira como eu quiser enquanto estiver aqui - Ela grita e eu rio descrente.

- Me perdoe por você fazer o mínimo como, MÃE! - falo na mesma altura que ela - Inacreditável, quer falar sobre porra de dinheiro, todas às vezes que recebo meu dinheiro vai todo para o seu bolso, não se faça de louca - Falo irritado - Você gasta todo meu dinheiro com coisas inúteis, e ainda tem a coragem de dizer que não dou nada para dentro de casa.

- Cala sua boca - Ela grita e vejo Sebastian sair da cozinha e vir até a nós.

- Só deus sabe quantas vezes eu me sinto inútil, um lixo, um completo escória por dia, eu só queria que você pudesse sentir o que você diz. Mas eu te conheço muito bem, sei que para você não faria diferença alguma porque você não faz questão de como eu me sinto, de como eu me vejo - Digo completamente quebrado por dentro. - E droga mãe, se as lágrimas pudessem ser engarrafadas, haveria piscinas cheias espalhadas pelo quintal. Perder sentimento é envelhecer, eu fui feito de um molde quebrado mãe? Eu estou machucado, e não tem um dia se quer que eu penso em infinitas possibilidades de sair daqui para ter um pouco de paz e uma vida. Eu não quero ser você, mãe.

Digo subindo as escadas em direção ao quarto disposto a fazer minha mala e sair dali. Mesmo que meu coração doa e se quebre em milhões de pedaços, chegou a hora de sair daqui e viver minha vida. Mesmo que seja da pior maneira possível.

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