it's there a line that we could just go cross?

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A/N: capítulo mais curto, do que os que eu costumo fazer, mas ainda assim grande o suficiente. Eu atualizo de novo em breve, bem mais breve que dessa última vez.

Ele estava por toda parte, ela abriu a porta do apartamento com Stenio cheirando seu pescoço, enquanto o cheiro dele já estava impregnado em suas narinas, grudado na sua pele, era tudo que ela podia sentir

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Ele estava por toda parte, ela abriu a porta do apartamento com Stenio cheirando seu pescoço, enquanto o cheiro dele já estava impregnado em suas narinas, grudado na sua pele, era tudo que ela podia sentir. O corpo do advogado, em nenhum momento, abria distância alguma do dela, completamente moldado ao seu.

As mãos dele a empurravam sobre qualquer superfície que encontravam no caminho até o quarto dela, parando diversas vezes para que ele voltasse a atacar sua boca. A voz rouca dele não parava nunca de sussurrar tudo aquilo que ele tinha guardado ao longo dos sete anos em que estiveram longe. A respiração quente atingia seu pescoço e a arrepiava em níveis que Helô até então desconhecia.

Parecia um pouco surreal a seus olhos que eles pudessem se adequar ao ponto de parecer que nenhum tempo havia se passado desde a última vez, e ao mesmo tempo tudo parecia tão diferente.

Mas muito tempo passou. Eles eram adultos agora, longe estavam os dias da inexperiência e do alvoroço juvenil, fazendo jus a saudade que transpirava de seus corpos em ondas, como o suor que escorria por suas costas e têmpora. Saudade. Sim, essa era a palavra certa para usar.

Ela buscou por anos uma palavra que traduzisse os sentimentos dela com relação a Stenio e, no fim das contas, calhou desta palavra só existir na língua portuguesa. Claro que saudade não era, de nenhuma forma, um sentimento exclusivo dos usuários do português, até porque deriva do latim, de onde se pode notar algumas outras variações, mas nenhuma delas com o mesmo sentido englobado em uma só palavra.

Os outros idiomas até tentam, mas têm dificuldade de traduzi-la ou atribuí-la a um significado preciso, te extraño, j'ai regret, ich vermisse dish; ou as várias tentativas do inglês, homesickness, longing ou to miss. Ela sabia que a originalidade cultural daquele substantivo, era ser a dor de uma ausência que se tem prazer em sentir.

E era isso que melhor transpassa o que ela sente, porque o tempo realmente odeia os amantes.

Fechou os olhos buscando conforto na multidão de sentimentos que podiam ser dispostos em um só lugar.

Ainda era difícil acreditar que ele estava tão perto, sentiu tanta falta desse contato, tanta falta dele. Das suas mãos e do cheiro, que sozinhos eram o suficiente para enlouquecê-la enquanto ainda tentava resistir.

E como ela tentou, tendo a imensidão do céu como testemunha.

Mas a verdade é que ela poderia morrer assim, poderia morrer nos braços do ex-amante, o homem que ela amava de corpo e alma. O maldito pai de suas filhas. Amanhã ela ia negar, mas hoje era impossível.

Chegando perto da porta de seu quarto, ele encaixou um joelho entre as duas pernas dela, subindo sua saia de novo, e segurou suas duas mãos para cima, mantendo ela no lugar. Estava completamente imobilizada, o rosto dele bem próximo ao seu poderia fazê-la se sentir sufocada, mas Helô não era claustrofóbica.

evermore (steloisa)Where stories live. Discover now