9- Pode Ser?

1.4K 91 16
                                    

Estava tudo combinado, local e horário, e meu único pensamento e pedido era de que nada pudesse estragar, ou impedir, que aquele momento viesse a acontecer. Se eu contei pra Julia? Não, não contei, mas não fiz porque realmente não queria falar a respeito, queria que aquele encontro acontecesse, aí sim, depois disso, teria muita coisa pra contar.

Cheguei no tal parque, mais ou menos no fim da tarde, e me sentia extremamente ansiosa e sem saber o que fazer. Mandei uma mensagem avisando que havia chegado, junto com a minha localização. Minhas mãos estavam frias e suando. Meu coração parecia que ia saltar pela boca. Será que era real o que estava acontecendo? Seria possível alguém se apaixonar à primeira vista?

– Oi. – Escutei, vindo por trás, com voz de que parecia estar constrangida.

Me virei, após um breve segundo e uma profunda respiração, e lá estava ela, sorrindo pra mim, mas sem aquela energia de "dona da porra toda". Eu sorri, enquanto nos olhávamos. A loucura era tanta que demos um passo a frente para nos abraçarmos, mas erramos o tempo certo e rimos disso. Conseguimos, por fim.

Bruna estava cheirosa e sentir seu corpo junto ao meu me gerava ainda mais ansiedade. Não parecia real, ao menos pra mim, acho que por isso eu não a soltava, mas ela também não o fez, então ficamos naquele abraço por mais alguns curtos e longos instantes... que loucura.

Nos olhamos, ainda bem próximas. Meus olhos percorriam por todo o seu rosto e senti que os dela faziam o mesmo movimento. Não haviam palavras, mas havia um sorriso, e um certo constrangimento, que insistia em permanecer.

– Quer fazer o quê? – Me perguntou.

– Sinceramente? – Sorri. – Ainda to tentando entender o que ta acontecendo.

– Eu também. – Respondeu, sorrindo, enquanto ajeitava uma mexa do meu cabelo, pondo-a atrás da minha orelha.

– Vamos fazer assim, a gente entra e se diverte, depois a gente vê no que dá.

– Concordo, mas deixa a roda gigante pro final.

– Ta bom. – Respondi, aérea.

Foi o que fizemos, entramos e começamos a usar todos os brinquedos que conseguíamos e podíamos ir. Ríamos muito e nos zoávamos por causa das reações que tínhamos em cada aventura vivida, afinal, é difícil manter a compostura em montanhas russa, por exemplo.

Conversamos muito pouco, mas trocávamos muitos olhares e sorrisos que falavam muito mais do que qualquer palavra. Comemos churros em uma barraquinha. Já eram quase oito horas da noite quando decidimos ir na roda gigante. Me senti ansiosa, não sabia o que esperar, mas fomos.

Entramos na cabine, só eu e ela, e nos sentamos uma do lado da outra, enquanto aguardávamos as demais pessoas entrarem nas suas.

– Fiquei preocupada de você ter ficado chateada comigo ontem de manhã. – Confessei, depois que subimos um pouco e paramos.

– Não fiquei, não... eu devia ter falado de novo pra você ficar, me arrependi muito depois, por não ter feito.

– Eu teria ficado um pouco mais.

– Ué. – Sorriu. – Você não tinha um compromisso com a sua mãe?

– Então... – Fiquei sem graça. – não é que não tivesse, embora realmente não tivesse, mas, né, a situação ficou meio constrangedora depois que eu falei aquilo e você se afastou. – Rimos.

– Eu sei. – Disse ela. – Pensei muito nisso depois que você foi embora.

– Nisso o quê?

– Nisso que ta acontecendo... é muito estranho, você não acha?

– Acho muito, mas não sei se estamos falando da mesma coisa. – Falei.

– Eu não sou uma pessoa tímida, você já deve ter notado... – Rimos em concordância. – mas alguma coisa aconteceu comigo quando a gente se olhou naquele dia.

– Você também sentiu, então?

– Senti... parece que tem um ímã que me puxa pra você.

Nós nos olhávamos, de lado, com nossa cabine já no alto, parada, enquanto ela falava aquela última frase. Todo o meu corpo se arrepiou. "Parece que tem um ímã que me puxa pra você". Aquela era a mesma sensação que eu tinha, porque era algo que não conseguia resistir, ainda mais com Bruna não sendo indiferente àquilo.

– Será que esse ímã pode te puxar um pouco mais pra perto agora? – Perguntei, enquanto olhava para a sua boca.

– O ímã eu não sei, mas se você quiser, você pode fazer isso.

– Você quer que eu me aproxime mais? – Perguntei enquanto já o fazia.

Nossas respirações pareciam se alterar, assim como nossa posição a respeito da cabine. Antes estávamos sentadas, tranquilamente, uma do lado da outra, com um pequeno espaço entra nós, mas agora estávamos um pouco mais de frente e não havia nem um palmo de distancia entre nossos lábios.

– Me beija logo. – Pediu, em um quase sussurro.

Nós nos beijamos com muita paixão, embora controladas, já que estávamos no alto de uma roda gigante e a cabine, como a maioria sabe, não é totalmente fixa ao aparelho, para que possa sempre se manter em pé enquanto ocorre o movimento giratório da base.

Segurei seu rosto com ambas as mãos enquanto sentia seus lábios juntos aos meus. Aquela era a experiência mais doida que já tinha tido, porque era inexplicável o que sentia. O beijo de Bruna era uma delícia e nos encaixávamos perfeitamente, com uma sincronia dificilmente vista... era bom demais beijá-la.

– Quer ir lá pra casa? – Me perguntou enquanto saíamos do brinquedo.

Eu ainda me sentia anestesiada e surpresa com tudo que estava acontecendo e agora tinha mais essa bomba pra processar. Que loucura. Meu sentimento era de completo espanto... me sentia desnorteada. Era inegável que havia um gostinho de quero mais... eu queria mais.

– E então? – Insistiu ela na pergunta.

– Quero.

Curte, comenta e compartilhaaaaaa!!!!

Me segue no insta: kakanunes_85

Cap novo toda quarta-feira

LGBT - À Primeira VistaWhere stories live. Discover now