13- Até de Noite

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Quando Bruna abriu a porta, ela vestia apenas um roupão de banho, que estava com a corda frouxa em sua cintura. Eu sorri. Ela sorria com cara de safada. Mordi meus lábios e disse:

– Preciso de um banho primeiro.

– Eu te faço companhia. – Me respondeu enquanto me puxava por uma das mãos.

Realmente seria quase impossível resistir àquele ímã que gritava entre nós, mas Julia tinha razão, talvez aquele fogo todo fosse realmente temporário, pois talvez ela fosse o tipo de bi que não se apaixona por mulher... já conheci algumas pelas estradas da vida... baladas, na verdade.

Caso Bruna fosse assim, eu estava fadada ao fracasso sentimental, ou seja, iria morrer na praia das emoções, apaixonada, cheia de ótimas lembranças... ótimas mesmo, mas seria só isso e pronto, fim, o meu fim... ta bom, não seria tão "fim" assim, eu sei que to exagerando, mas fato é que eu sofreria um bocado até esquecer aquela avalanche de hormônios.

Depois de mais algumas horas de paixão, sobre as quais não vou detalhar, "sorry", – Riu. – nós dormimos, abraçadas por boa parte do tempo, ou com qualquer parte do corpo em contato uma com a outra. Ainda era estranho dormir daquele jeito, eu não estava acostumada, mas não posso dizer que não gostava, principalmente quando me virava pro lado oposto e ela surgia me abraçando pelas costas.

No dia seguinte eu já não precisei acordar no mesmo desespero de antes e, como estava com cansaço acumulado, consegui realmente descansar melhor, então quando acordei, em silêncio, com ela ao meu lado, no escuro do quarto, aquele foi o melhor dos mundos pra mim.

Não é que eu não tivesse compromisso, ele só não era pela manhã, mas meu dia seria um pouco corrido sim, pois teria que ir pra faculdade mais cedo, por causa do estágio, pra só depois entrar pra aula e, pela primeira vez, reencontrar todos, inclusive Léo, depois de tudo que andou acontecendo desde o final de semana.

Me levantei com cuidado, pois não queria acordá-la, e saí do quarto. Usei o banheiro do corredor, pra tentar ser o mais silenciosa possível. Coloquei a roupa que, teoricamente, era pra eu ter usado pra dormir, mas não o fiz, e fui pra cozinha. Bruna era uma pessoa organizada, e não é que estivesse tudo "um brinco" de limpeza, mas estava bem natural... pelo menos ao meu ver.

Encontrei sua cafeteira e coloquei um pouco de café pra passar. Ainda eram menos de dez horas da manhã... pouco, mas era. Peguei uns pães de forma e coloquei na torradeira. Não custava nada fazer algum agrado, mas é lógico que minha motivação era muito mais sentimental do que por qualquer outra razão.

Abri a geladeira, mesmo que fazer isso era um alto grau de intimidade, o que se torna meio controverso tendo em vista todo o contexto, mas ok, faz parte. Peguei um potinho de geléia e a manteiga, e as coloquei pra fora. Encontrei uma bandeja. Parece que todo mundo sempre tem uma perdida pela cozinha. Coloquei tudo sobre ela, incluindo um potinho com um pouco de açúcar, e fui pro quarto.

– Onde você tava? – Me perguntou ela, sonolenta, enquanto eu adentrava o recinto.

– Acordei com fome e não achei justo não trazer nada pra você. Não sei do que você gosta, mas pelo menos tentei. – Sorri.

Bruna sorriu enquanto abria um dos olhos e começava a se espreguiçar. Pus a bandeja no pé da cama, me inclinei sobre ela e lhe beijei, dando-lhe três selinhos, e disse:

– Bom dia.

– Você é muito fofa, sabia?

– Não é o que a minha mãe acha. – Brinquei.

– Faz parte. – Riu. – Vai passar o dia comigo hoje?

– Não posso, tenho estágio antes da aula. Acorda pra passar mais tempo comigo antes que eu vá embora.

– Ta bom, né, vou ter que trabalhar então. – Disse enquanto se sentava.

– E você trabalha com o quê? – Perguntei curiosa e surpresa.

– Trabalho como Social Media pra algumas pequenas marcas. O bom é que trabalho de casa.

Olha só, encontrando uma fala na alta investigação feita por Julia. Como ela pôde deixar passar uma informação tão simples como essa? Embora que não faria muita diferença saber disso ou não, mas acho graça sacanear aquela que se acha a maior "stalkeadora" do pedaço. – Riu.

– Bom saber que você sempre ta em casa, então. – Brinquei.

– Quase sempre, e aceito visitas... suas, no caso. – Sorriu e mordeu os lábios.

Todo meu corpo se arrepiava com cada expressão, gesto e palavra que saía dela naquele sentido. Como as coisas são, há pouco tempo não sabia se era apenas loucura da minha cabeça, agora até café na cama eu tava levando pra ela... eu tava muito fudida mesmo, sinceramente.

Depois do café, não tinha como, voltei pra cama, onde ficamos por mais algum tempo... um bom tempo, eu diria. Alguns podem achar exagero, mas só quem viveu sabe, principalmente no começo. Mas eu tinha que ir embora e mais uma vez foi aquele dilema, com puxa daqui e agarra dali.

– Até de noite, então. – Me disse ela, da porta.

Novamente ela estava linda, ali, junto a porta, embora a luz, agora pelo horário, estivesse de forma diferente, Bruna estava linda, pois havia um brilho próprio em seus olhos, em seu sorriso, mas eu não queria pensar muito nisso pra não me iludir mais do que já estava me iludindo... o problema era conseguir isso.

Talvez haja o questionamento do porquê eu narrei o que acabei de narrar, mas o que muitos ignoram é que tudo nessa vida é feita de detalhes, e existem detalhes que interferem em muitas coisas da nossa vida. Se esse era um detalhe que ia interferir em algo? Não é devido adiantar os fatos, mas o importante é a construção dos ocorridos e de como chegamos aonde chegamos... no futuro... presente?

– Até. – Beijei-a e parti, tensa, com o encontro de mais tarde.

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