32- Babaca

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Aquela era realmente a única aula que Bruna andava faltando, segundo Lara, ou seja, ela ia em todas as demais, menos na única onde era certo de nos encontrarmos. Por que disso? Não sabia, óbvio, e não tinha como perguntar, afinal, eu continuava bloqueada, por isso não tinha como entrar em contato, por mais que quisesse.

Por fim, a outra sexta-feira finalmente chegou e entrei na sala de aula ansiosa, queria ver se mais uma vez Bruna iria faltar, ou se finalmente iria aparecer. Me sentei no meu mais novo lugar, que era afastada do grupo, e esperei. Todos foram chegando e se sentando, inclusive Leo, até que, com o professor já presente, ela finalmente apareceu.

Bruna se sentou com seus amigos, como no primeiro dia, só que sem olhar na minha direção. Era muito ruim ver aquilo, mas ao mesmo tempo sentia um alívio enorme por vê-la ali. Respirei fundo e troquei olhares com Julia, que parecia compartilhar de algum daqueles mesmos sentimentos que eu estava tendo.

– "Nós vamos beber depois daqui, vocês vem com a gente?" – Me perguntou Lara, por mensagem.

– "Todos sabem que você ta me convidando?" – Perguntei apreensiva.

– "Bruna me falou por mensagem pra chamar vocês."

Fiquei paralisada por breves segundos, depois mostrei pra Julia sem nada dizer e nos olhamos, surpresas e desconfiadas. Conferi meu celular e vi que continuava bloqueada, o que fazia aquele convite ser ainda mais estranho. O que fazer? Deveria aceitar aquele convite?

– "Nós vamos." – Me mandou Julia por mensagem.

– "Não sei se devo." – Respondi.

– "Devendo, ou não, você vai."

– "Ela nem me desbloqueou."

– "Mais um motivo pra você ir e saber o que ela pretende fazer, de qualquer forma vou estar com você, então relaxa."

Relaxar era o que menos faria, isso era certo e foi o que aconteceu, fiquei pilhada o tempo todo, como se aquela aula fosse eterna, porque não acabava nunca. No intervalo, como sempre, fui ao banheiro, mas dessa vez não fui seguida, quando saí da cabine Bruna não estava lá... respirei fundo e voltei pra sala.

A aula finalmente terminou, mas eu precisava repassar umas coisas com o professor antes de ir, então Julia ficou e me esperou enquanto os demais saíam. Por fim, fomos, nervosas e falando a respeito, sem saber o que nos esperava naquele bar... contanto que eu não saíssem vomitando de novo, tava tudo certo.

Quando chegamos, eles já estavam começando a beber. Leo me olhou e vi sua fisionomia mudar, ou seja, ele provavelmente não sabia que nós íamos nos juntar a eles. Me sentei ao lado de Bruna, pois era o único lugar vago, já que Julia se adiantou e pegou o outro.

Eu me sentia constrangida, mas era o que me restava. Eu e Bruna nos olhamos em silêncio segundos antes de me sentar, mas era isso e ali fiquei, agora era descobrir o que estava acontecendo, mas, de início, tudo parecia relativamente normal, todos zoavam e fofocavam, enquanto me mantinha apreensiva e percebia que ela também parecia estar da mesma forma.

Não demorou muito e começaram a haver cochichos entre Bruna e Leo, eles pareciam estar se desentendendo por algum motivo que ainda não dava pra ser entendido, mas todos começaram a perceber que alguma coisa chata estava acontecendo, pois o clima foi pesando em suas expressões e maneiras de falar.

A coisa não andava muito bem até que Lara me fez alguma pergunta, da qual não me lembro, mas respondi e, de imediato, pra mim, com grosseria, Leo disse:

– Ah garota, fica quieta na tua, não sei nem o que você ta fazendo aqui com a gente.

Todos ficaram apreensivos, ainda mais porque, de imediato, Bruna disse:

– Ela ta aqui porque eu chamei.

– Como assim você chamou? – Perguntou ele irritado.

– Se você ta tão incomodado então eu acho que quem não deveria estar aqui é você. – Houve silêncio e ela continuou. – É isso mesmo que você ouviu, eu já to cansada dessa palhaçada toda, sinceramente, não vou viver desse jeito não...

– O que você quer dizer com isso? – Perguntou ele interrompendo-a.

– To dizendo que vou fazer o que já devia ter feito, eu to acabando com essa palhaçada. – Bruna olhou pros demais e continuou. – Esse filho da puta ta me chantageando a ficar com ele desde que me viu saindo de um parque de diversões com a Ana, ele fez tanto inferno que conseguiu fazer minha mãe vir pra cá.

Eu fiquei em choque. Leo havia nos visto sair do parque de diversões, onde ficamos lá no começo de tudo, e estava, desde então, chantageando ela a me largar e ficar com ele. Que loucura. Não tinha como me sentir de maneira diferente. Julia também estava surpresa, com os olhos arregalados.

– Como assim? – Perguntou Marcos, incrédulo.

– Tu acha justo eu perder a Bruna pra uma sapatão, mano? – Expressou Leo, com todas as letras.

Marcos levou as mãos no rosto e de imediato Lara disse:

– O injusto é você fazer o que você fez, seu babaca.

– Exatamente, babaca é a palavra. – Disse Bruna. – Agora engole a sua babaquice e some da porra da minha vida, porque eu vou embora dessa merda e foda-se.

Bruna se levantou e começou a ir embora. Leo quis levantar e ir atrás, mas Marcos não deixou, já Julia olhou pra mim nervosa e sorrindo, e disse:

– Tu ta esperando o quê pra ir atrás dela?

Saí do meu estado de transe e me levantei, quase caindo, ainda mais porque já estava levemente alcoolizada, e corri, ignorando as ignorâncias ditas pelo babaca enquanto o fazia. Ela disse que ia embora, mas isso era sobre o bar ou sobre a Cidade? O que estava acontecendo? Eu não estava entendendo mais nada.

– Espera! – Gritei.

Bruna parou afoita, ela ofegava e chorava, e foi assim que me olhou. Meu coração parecia que ia saltar pela boca, mas ao mesmo tempo se rasgava em mil pedaços. O que ela andou passando psicologicamente nessas ultimas semanas pra estar daquele jeito? O que eu podia fazer, ou dizer? Sinceramente não sabia, mas já ia descobrir.


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