4. PROPOSAL.

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14 de janeiro de 2023, 00:05.

Já tinham se passado três minutos desde que o coração de Pete havia parado de bater. A paramédica tentava me acalmar enquanto seu colega tentava reanimar Pete. Eu sou médico, eu sei dos riscos se Pete não acordar no próximo minuto. Meu amor, por favor. Eu preciso de você. Macau precisa de você. 

Por mais que eu esteja tentando manter meus pensamentos distantes, minha mente se voltava para aquela noite chuvosa em que meus pais morreram. Eu conseguia ver eles ali sangrando e eu não tendo a capacidade de fazer absolutamente nada, mas o que uma criança de apenas doze anos poderia fazer? Tentei limpar a mente e focar em Pete, mas é como se tudo estivesse acontecendo novamente. Eu jamais iria conseguir olhar para Macau novamente, eu já tinha feito ele perder nossos pais e agora, por minha culpa, o homem que ele enxerga até mesmo como uma imagem paterna está deitado numa maca sem batimentos cardíacos.

— Pete, eu sinto muito. — falei não conseguindo cessar a dor da culpa que eu sentia invadir meu peito.

2019.

Macau havia sido aprovado na faculdade de medicina, ele queria seguir os passos do irmão e também amava a profissão. Eu e Vegas estávamos preparando um jantar para comemorar a aprovação do seu irmão mais novo. Era um momento mágico. Estávamos cozinhando enquanto Macau estava sentado na bancada assistindo eu e Vegas sendo o que sempre somos, bobos, românticos e apaixonados.

— Eca. Por favor, na minha frente não, procurem um quarto! — Macau falava rindo enquanto Vegas me beijava.

— Eu acho que o que falta na sua vida é amor, irmãozinho. — Vegas retruca.

— Deixa ele, Vegas! — falo, fingindo estar bravo — Vem, Macau, não escuta o que esse homem tá falando. — abraço Macau, fazendo Vegas revirar os olhos.

— Sabe, eu tava aqui pensando… — Macau iniciou — Talvez o amor que esteja me faltando seja o de um irmãozinho mais novo. — disse sugestivo, olhando atentamente e buscando alguma reação de nós dois. Ele não estava brincando. Olhei para a Vegas e percebi que ele estava tão confuso  quanto eu, nós nunca tínhamos tocado nesse assunto, não de forma direta, pelo menos. Eu sabia que Vegas queria ser pai, porém eu sempre me mantive receoso em saber se me sairia como um bom pai, levando em consideração a criação que tive. 

— Olha, não precisam me olhar com essa cara, ok? Eu só estava brincando — ele não estava, eu sei disso. Vegas apenas sorriu pra mim, eu sei que seria um assunto que iríamos tratar posteriormente.

— Eu acho que em algum momento iremos aumentar nossa família, sim. Não se preocupe com isso, Macau. — eu disse simplista, retribuindo o sorriso pra Vegas e observando a expressão de esperança crescer em Macau.

Nossa família. Eu nunca tive nada parecido com isso, cresci apanhando de um pai que descontava as frustrações da sua vida em mim quando estava bêbado e com uma mãe que vendia tudo que tínhamos em casa pra pagar suas dívidas no pôquer. Muitas vezes, alguns gangsters apareciam na porta de casa cobrando ela, eu era apenas uma criança mas eu entendia aquela situação, às vezes me pergunto se em algum momento minha mãe me amou ou sequer se preocupou comigo. Nunca fui amado por eles, nunca tive uma família. Até agora. Ano passado me mudei para morar com Vegas e Macau, como estava sempre por aqui mais do que em minha casa, Vegas fez o convite e Macau não se opôs. Desde então temos tido nossa rotina. Tomamos café da manhã juntos, depois disso Vegas me deixa no trabalho e depois vai trabalhar. Agora, acrescentando, vamos deixar Macau na faculdade. Durante a noite, jantavamos juntos e jogávamos conversa fora, algumas vezes Vegas fazia questão de nos levar para alguma programação noturna, como um passeio a beira mar, algum show ou até mesmo barzinhos.

Four Acts • VegaspeteWhere stories live. Discover now