6. YOU LOOK TIRED.

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14 de janeiro de 2023 — Presente

Tudo que eu conseguia ouvir era o barulho de sirenes e uma pequena força sendo aplicada na minha mão, era quente e macia. Era Vegas. Ainda estava tudo muito confuso, eu não conseguia entender nada do que estava acontecendo. Eu estava em uma ambulância? Eu senti meu corpo inteiro queimando, como se estivesse sendo bombardeado por uma corrente de adrenalina. Fiz esforço pra tentar abrir meus olhos, mas me sentia tão fraco que não conseguia fazer sequer o mínimo. Tenho certeza de que tudo isso é um pesadelo e logo vou acordar.

2 horas depois — VEGAS P.O.V

Um curativo havia sido feito em minha perna e em alguns outros lugares que tiveram cortes leves. Os enfermeiros responsáveis tentaram me manter em repouso, mas eu recusei fortemente. Eu precisava estar com ele, eu precisava estar próximo de Pete. Após ser liberado, depois de muita insistência, pensei em Macau. Eu precisava ligar pra ele. Mas o que eu iria falar pra ele? Peguei o celular e procurei seu contato na lista telefônica. Hesitei um pouco. Coloquei para chamar, um, dois, três toques e eu já estava meio que ficando esperançoso que ele não atenderia e eu não teria que lidar com esse problema agora. Quando estava quase desligando, ele atendeu. Um breve silêncio se fez presente.

— Cau? — iniciei a conversa sem saber direito o que iria dizer.

Finalmente, caralho. Eu liguei um milhão de vezes, já estava ficando preocupado. — Macau me repreendeu mas eu entendi seu sentimento, ele realmente tinha motivos para estar preocupado.

— Macau… — minha voz falhou — Pete, ele… — mais uma falha, eu sentia como se estivesse com um milhão de nós na garganta. — Eu sinto muito. — não consegui conter o choro e acabei desabando ali mesmo em frente ao centro cirúrgico. Eu não recebi nenhuma resposta, um completo silêncio do outro lado da linha. — Cau?

O que… o que você tá falando, Vegas? — consegui perceber o quanto estava nervoso pois sua voz estava trêmula, como se estivesse prestes a chorar.

— Um acidente, eu sinto muito. Por favor, vem até aqui. — Apenas desliguei e enviei o endereço do hospital que estávamos para ele. Eu não sei se conseguiria encarar Macau, mas eu sei que não consigo aguentar ficar sozinho agora.

Cerca de trinta minutos depois consegui ver meu irmão entrando desesperado pela porta do hospital, nesse momento senti meu coração parar. Ele estava acompanhado de Chay, apesar de não ter muita proximidade com o garoto, fico feliz por meu irmão ter uma pessoa tão boa e amável na vida dele.

Ao me ver, Macau veio correndo em minha direção e a primeira coisa que fez foi me segurar pelos ombros, ele tentou buscar meu olhar mas eu não conseguia o encarar. Eu me sentia culpado.

— Vegas, cadê ele? — foi a primeira coisa que ele perguntou. Não consegui responder de imediato. — VEGAS! — eu conseguia sentir o desespero quase que palpável em sua voz.

— Ele está na sala de cirurgia, ja tem um tempo. Eu sinto muito, Macau. Eu juro pra você como eu não vi a caminhote vindo na nossa direção, foi tudo tão rápido. Parece um pesadelo, Macau. Eu não pude fazer nada, absolutamente nada. Me desculpa, por favor. Eu já fiz você perder os nossos pais, eu não vou me perdoar se fizer você perder Pete também. — desabafei para ele, deixando as lágrimas finalmente rolarem em meu rosto novamente — Eu não… — não consegui continuar quando Macau me abraçou com toda a força que ele aparentava ter naquele momento, desde que tudo aconteceu essa foi a primeira vez que eu senti que poderia me apoiar em algo. Ele não me culpava, ele nunca me culpou.

— Você sabe que ele nunca abandonaria a gente, não sabe? Nesse momento eu aposto que ele está lutando com todas as forças que ele tem e ele tem muitas, você sabe. — continuou me abraçando enquanto falava — E, Vegas, eu nunca culpei você por nada, você sabe disso. E agora não seria diferente, eu amo você e nesse momento mais do que nunca precisamos nos apoiar, ok? — ele afastou o abraço e pela a primeira vez nossos olhos se encontraram, dei um sorriso fraco apenas concordando com tudo que ele falou. Eu tinha tanto orgulho do meu irmão mais novo, nesse momento de desespero ele era o único que conseguia manter a calma. Em que momento ele cresceu tanto, me pergunto.

Four Acts • VegaspeteWhere stories live. Discover now