8. ENDGAME.

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Cinco anos depois.

Quando paro para pensar em tudo que aconteceu até o momento que estou vivendo em minha vida hoje, percebo como tudo valeu a pena, como cada detalhe foi importante para a pessoa que eu me tornei hoje.

Já fazem cinco anos desde que eu sofri o acidente, precisei passar por um longo processo de terapia pois não importa quanto tempo passasse, eu ainda tinha aquele único momento em meus pesadelos. Vegas também precisou recorrer a psicóloga, o acontecido fez com que traumas do seu passado voltassem e o atingissem como uma forte corrente elétrica. Foi um processo demorado para que ele parasse de se culpar por tudo que aconteceu e reconhecesse que não poderia carregar o peso inteiro do mundo consigo em seus ombros. É curioso pensar como mesmo após todo esse tempo continua sendo ele e sempre será ele. O amor da minha vida, a pessoa que eu amo com todo meu coração e que cuido com a minha vida.

Após dois anos, eu e Vegas resolvemos fazer a viagem para Phuket. De acordo com a minha terapeuta, seria uma forma de tentar superar o trauma. E realmente foi, passamos uma semana em uma ilha paradisíaca apenas nós dois. Todas as noites Vegas cozinhava um prato diferente para nós e logo após saímos para a praia. Foi uma viagem de cura, amor e conhecimento.

Macau havia se formado e se especializado em pediatria, por trás daquela pose de durão e sem coração que ele tentava manter, havia apenas um médico bobão apaixonado por crianças e pela profissão. Além disso, ele e Chay estavam mais juntos do que nunca agora. Eles não pensavam em casar, nas palavras de Chay isso era coisa do passado. Era algo que sempre me fazia rir.

Thankun havia se formado em moda e se tornado um dos estilistas mais requisitados mundialmente. Talvez o nome de sua família tenha ajudado nesse processo, mas nada tira o mérito dele em ser realmente bom naquilo que faz. Passava grande parte do tempo viajando pelo mundo, mas mesmo com seus horários apertados e conturbados, conseguia tempo para nos visitar ao menos a cada dois meses. Eu sentia falta de ter meu melhor amigo aqui o tempo inteiro, mas eu sabia que ele estava conquistando o mundo e a sua felicidade e isso não poderia me deixar mais orgulhoso.

Durante esse período, também aconteceram algumas coisas que me abalaram um pouco. Meu pai acabou tendo o fim que eu já esperava, foi morto após negar pagar uma dívida que devia. Sim, de fato meu pai nunca havia sido um homem bom e eu não tinha obrigação nenhuma de comparecer ao seu funeral, mas no fundo algo me fez ir até lá. A imagem que tive dele deitado ali de alguma forma me passou paz. Ele nunca havia parado de me perseguir atrás de dinheiro e agora simplesmente saber que isso não iria acontecer mais me causou bastante alívio. Sobre a minha mãe, como sempre, continua não demonstrando nenhum interesse em mim e espero que continue assim. Em pensar que nunca tive um núcleo familiar decente durante toda a minha infância e adolescência e agora eu tenho tudo que eu sempre desejei me faz pensar que eu sou literalmente a pessoa mais feliz e sortuda do mundo. Um sorriso se formou em meu rosto ao pensar na família que eu tinha agora. Éramos apenas eu, Vegas, Macau e...

- Papai - a voz baixinha e sonolenta de Venice me tirou de meus pensamentos e fez com que minha atenção se voltasse a ele. - Quelo colo. - ergueu os bracinhos pra mim e eu o peguei em seguida.

- Bom dia, meu bebê. - enlacei ele com meus braços e enchi seu rostinho de beijos. Essa com certeza era minha parte preferida da manhã inteira.

- Bom dia, meus bebês - foi a vez de Vegas falar, entrando na cozinha e depositando um beijo na minha bochecha e outro na cabecinha de Venice.

- Oi, papai - Venice sorriu e esticou os braços para Vegas na mesma hora que notou a sua presença. Como é difícil ser o menos preferido, ri com meu próprio pensamento.

Sim, Venice. Há dois anos atrás iniciamos o processo de adoção e somente no ano passado havíamos conseguido adotá-lo. Vennie foi abandonado frente ao hospital em que Vegas era agora diretor. Após ser examinado por Macau e o tempo inteiro acompanhado por Vegas, ele simplesmente roubou o coração de Vegas. E naquele mesmo dia Vegas chegou em casa falando sobre um garotinho de apenas dois anos que tinha sido abandonado e sobre como ele estava de coração partido e agora nós teríamos que adotar ele. Não discuti, já havíamos conversado sobre adoção antes e agora parecia um bom momento.

Venice tinha agora seus três anos recém completados e ele era tudo de mais importante que eu e Vegas tínhamos. Vennie tinha a pele clarinha e os olhos escuros, seu cabelo era preto e ele tinha realmente uma grande semelhança com Vegas. As vezes brinco com ele falando que ele engravidou alguém por aí e inventou toda essa história de adoção, ele sempre se irrita mas eu sempre dou umas boas gargalhadas.

E a nossa vida agora era essa. Eu, meu amor e o nosso pequeno potinho da felicidade.

•••

- Cadê o neném do tio? - Macau falou ao entrar pela porta e Venice correu direto para ele, se agarrando em uma de suas pernas. Era tão linda a dinâmica entre os dois, Cau e Vennie eram meus dois bebês, nunca iam deixar de ser. Observar eles assim e ver o quanto são apegados um ao outro me deixa terrivelmente emocionado.

- Incrível como agora só existe ele nessa casa pra você. - Vegas revirou os olhos, fingindo ciúmes.

- O único que importa, pelo menos. - respondeu levando um pequeno tapa de Vegas na nuca.

- Papai, não pode. - Venice fez carinho na nuca de Macau e apoiou sua pequena cabecinha no ombro do tio.

- Viu, papai? Não pode. - o irmão mais novo sorriu, recebendo um olhar matador de Vegas.

Ele veio em minha direção e me abraçou por trás, encostando seu queixo em meu ombro. Ficamos ali observando Macau e Venice brincando e aquela era uma visão que eu poderia ter pro resto da vida.

- Quando eles cresceram tanto, meu bem? - perguntei, percebendo um sorriso se formar nos lábios de Vegas.

- Não faço ideia, parece até ontem que eu estava trocando as fraldas fedidas de Cau.

- Agora você tem outras fraldas fedidas pra trocar, irmãozinho. - Macau disse entregando, entregando Vennie em meus braços. Rimos da situação e Vegas se desvencilhou de mim e foi trocar Venice.

•••

Havia anoitecido e Macau já tinha ido embora. Essa noite ele estaria de plantão, então foi para casa descansar um pouco. Eu já havia dado banho em Venice e o colocado pra dormir em sua cama, mesmo sabendo que no meio da noite ele dava um jeito de se colocar entre mim e Vegas.

E assim aconteceu, eu estava dormindo nos braços de Vegas quando senti um pequena criaturinha tentando subir na cama e assim que conseguiu, se colocou entre nós dois e sem falar nada, apenas dormiu.

- Eu amo essa hora específica da noite, sabia? - a voz sonolenta de Vegas saiu quase como um sussurro, ele ainda mantinha seus olhos fechados mas com um sorriso no rosto. - Eu amo vocês.

Ele abriu os olhos e ficou nos observando por um tempo e logo após depositou um beijo casto em meus lábios e depois um na cabecinha de Venice.

Apenas sorri e fechei os olhos. Eu poderia viver minha vida inteira assim. Eu e eles para todo o sempre.


Fim.
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Oi, gente. Como vocês estão?

Esse foi o último capítulo! Espero que vocês tenham gostado da leitura tanto quanto eu gostei de escrever.

Muito obrigada por todos os comentários e votos <3

Four Acts • VegaspeteWhere stories live. Discover now