Capítulo VII: Redenção

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O que aquele moleque havia feito comigo? Mais um dia eu acordei tendo que bater uma lembrando do episódio em sua casa. Até agora não acredito que comi o Miguel na sala do pastor. Foi onda demais aquilo. Eu queria deixar um gostinho de quero mais nele, mas quem ficou com esse gostinho foi eu. Eu não conseguia pensar em outra coisa além dos gemidos, do rabo e da maciez do cuzinho dele. Que merda eu fui fazer hein? Para piorar havia a outra situação, o baile. Aquilo fugiu de controle, pegou muito mal, principalmente pra mim. VH ficou puto comigo e disse pra eu resolver, então eu iria resolver.

Marquei uma reunião com o pastor e ele combinou de me encontrar dois dias depois dos catos que eu dei no Miguel. O evitei por esse período, pois acreditava que depois do que eu havia feito com ele, o filho do pastor ficasse mais inclinado a falar com o pai a meu favor. Mas foi difícil ficar longe dele por tanto tempo sem poder tocá-lo. Às vezes eu o via nas vielas e sentia vontade de ir atrás dele. Também ficava vendo seus stories e desejando aquela boquinha deliciosa dele. Uma vez eu até bati uma vendo seu feed. Eu tentava não vê-lo pessoalmente sempre que possível, até que chegou o momento do inevitável.

O pastor me recebeu em sua casa e meu pau deu uma mexida sinistra dentro da calça. Memória afetiva. Se as paredes daquela sala falassem... Ai, ai.

Fui até o escritório do Davi e Miguel estava lá parado com seu terninho e sua cara de bom moço.

- Pode entrar, Filipe. Fique à vontade. - Entrei e sentei na cadeira diante da mesa do Davi, ignorando a presença do playboyzinho ali.

- Pastor, não quero tomar muito do seu tempo não tá ligado? Meu papo é reto. O baile vai continuar e eu prometo que não vou deixar a galera zonear mais a quebrada. - Davi tirou os óculos e balançou a cabeça negativamente, enquanto Miguel cruzou os braços e bufou impacientemente. Que vontade de meter um socão na costela dele, velho.

- Eu já ouvi esse papo antes, Filipe. O VH me disse que isso seria resolvido nesse último baile, no entanto, o vidro da loja do Manoel amanheceu estourado. Não tinha lixo espalhado, mas tinha gente mijando no chão, o caos dessa vez foi mais generalizado do que nas anteriores. - Olhei rapidamente para Miguel e ele estava com ambas as sobrancelhas arqueadas como se estivesse dizendo "eu te avisei". Realmente as reclamações existiam, porém não chegavam até nós, incrível.

- Eu tô ligado. Essa foi a minha primeira vez tomando conta do baile, eu me comprometo aí no bagulho pra não deixar isso acontecer de novo.

- É simples, é só deixar a lojinha do VH bancar os danos causados pelo baile, pai. - Miguel finalmente se meteu onde não era chamado, aposto que a língua dele estava coçando para dizer aquilo. O encarei de cara fechada e ele estava com um sorrisinho de lado, ciente de que sua sugestão seria acatada.

- Não sei... O VH pode entender mal. - Davi estava receoso, porém decidi que eu mesmo iria pagar por aquele transtorno, tudo pra calar a boca do playboyzinho irritante.

- Não, pastor. O Miguel tá certo, foi prejuízo causado por nós, então nós paga o preju, não tem caô.

- Bom, se não tiver problema quanto a isso... Mas seria bom o Manoel não saber, porque se ele souber que a loja foi arrumada com dinheiro de tráfico, é capaz dele enfartar. - Claro, como sempre... O falso moralismo dos moradores daqui me enoja. Minha mãe era uma que aceitava dinheiro do pastor, mas negava o meu. Ela sabe que aquele dinheiro foi tirado de pessoas que acreditam no que ele prega né?

- Belê.

- Bem, é isso. Muito obrigado, Filipe. - Davi estendeu a mão e eu o cumprimentei. Ele me levantou do seu assento. - Estou indo para uma reunião na igreja lá na Barra. Vejo você mais tarde, filho. Sua mãe chega à noite. - Ele beijou Miguel na testa. - Até mais, meninos. - Sorrindo, o pastor saiu da sala e eu me ergui, observando atentamente Miguel que contornava a mesa e agora ficava diante de mim com cara de deboche. Vontade de surrar esse moleque, mas surrar na pica.

Amor Marginal (Romance Gay)Where stories live. Discover now