Capítulo XI: Sigilo

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Gabriel

Lekinho entrou na mansão do meu primo com seus dois seguranças particulares. André estava atrás dele com o fuzil em mãos, pronto para resolver qualquer treta caso seja necessário, no entanto acredito que ele não entraria aqui com intuito de arrumar briga. Até ele tinha um pouco de bom senso.

- Prazer, Filipe. Me chamo Alessandro, você já devem me conhecer provavelmente. - O cumprimentei e indiquei uma poltrona para que ele pudesse se sentar. Sentei na outra distante e de frente para ele.

- Conheço.

- Bem, estou ciente da situação seu primo. Fiquei sabendo que você assumiu o lugar dele.

- Por enquanto, sim.

- Sejamos sinceros, ou VH sai de lá pro cemitério ou pra cadeia. Você irá assumir, moleque. Já coloque isso na sua cabeça. - Não gostei da forma com ele disse aquilo. Semicerrei os olhos e o encarei. Olhei rapidamente para André e o traficante deu uma apertada no fuzil, provavelmente tentando conter sua raiva. Olhei para Lekinho novamente.

- Meu pai pretende voltar, o VH provavelmente será preso, mas nós tentaremos libertar ele. - Já estávamos tentando armar um plano para tirar Victor Hugo com vida do hospital. Ele não iria ficar lá por muito mais tempo para cair numa penitenciária qualquer.

- Jairo pretende voltar? - Alessandro demonstrou certa surpresa e eu o fitei com uma sobrancelha arqueada.

- Sim, em breve. Estou só esquentando o banco para algum engraçadinho não achar que pode cantar de galo aqui no morro. - Inclinei o corpo para frente e olhei no fundo dos olhos dele. Acho que ele entendeu o recado.

- Entendi... - O dono do Chapéu Mangueira deu um meio sorriso.

- Mas o que te trouxe aqui? - Voltei a encostar na poltrona.

- Eu vim cantar de galo. - Ele ficou de pé e eu continuei sentado o observando.

- Perdeu viagem. - Disse sério.

- Percebi. Mas ainda assim quero fazer uma proposta. - Ele me entregou um cartão. O peguei e ali estava o seu número. - Se o Jairo não voltar a tempo, gostaria de assumir o controle de ambos os morros e você trabalharia para mim. - Dei um meio sorriso e joguei o papel no chão ainda não acreditando que ele teve a coragem de dizer isso para mim.

- E trair o meu pai? Prefiro ir pra cadeia junto com VH. - Fiquei de pé e o encarei. Seus seguranças se aproximaram, mas ele ergueu a mão direita e eles se afastaram logo após.

- É só uma proposta, eu já supus que você iria negar. - Ele sorriu e deu as costas, finalmente indo embora.

- Não deveria nem ter feito. - Falei vendo-o chegar até a porta.

- Você é novo ainda, tem muito o que viver pela frente. Nós podemos fazer isso do jeito fácil ou do difícil. Do difícil eu não sou muito fã, mas... Se quiser aceitar a proposta no sigilo, estamos aí. - Um de seus seguranças abriram a porta e ele ficou de pé me observando.

- Alessandro, faz o que você quiser. Mas bota na tua cabeça que cada ação tem uma reação. Se você escolher o jeito difícil, haverá retaliação.

- Com certeza. Passar bem. - Os três saíram de dentro da mansão e André os acompanhou. Voltei a sentar na poltrona ainda com receio dessa conversa. Eu não queria começar uma guerra, porém não podia deixar Alessandro sair de seu morro para vir aqui cantar de galo. Quem ele pensa que é?

André retornou com um semblante sério e eu evitei encará-lo, pois sei que ele desaprovava algumas atitudes minha.

- Irei informar isso ao Jairo. - Levantei furioso e fui até ele.

Amor Marginal (Romance Gay)Where stories live. Discover now