Capítulo XII: Armadilha

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Miguel

Não consegui mais acesso ao Filipe desde o dia em que encontrei seu pai. Com certeza Jairo já deve ter mexido seus pauzinhos e feito seu jogo de manipulação contra mim. Ele não me atendia, não me recebia e quando ele ligava para sua mãe e eu atendia o telefone, ele desligava antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Minha última cartada foi pegar o chip da Tânia e colocar em um dos slots de chip do meu celular, assim, toda vez que ele ligava, era eu quem atendia a ligação.

- Mãe? Você recebeu o pix que eu te mandei? - Todas as vezes em que eu ouvia a voz do traficante eu ficava completamente arrepiado e não sabia o que fazer para prender sua atenção.

- Não desliga, Filipe. - Falei com uma voz de choro e ouvi ele bufar do outro lado.

- Porra! Eu não mandei você ficar longe da minha mãe, Miguel?! - Ele estava berrando, mas só o fato dele ainda não ter desligado o telefone já era um progresso. - Você deve tá querendo levar uma coça, né?

- Se isso for fazer com que eu o veja pessoalmente então eu aceito. - Ouvi sua respiração pesada do outro lado e já imaginei ele revirando os olhos e massageando a têmpora. - Eu preciso falar com você, é urgente.

- Miguel, entende de uma vez por todas que eu não quero falar com você! - Ele estava sussurrando agora e sua voz estava ameaçadora. - E devolve a porra do celular da minha mãe, virou secretário dela agora caralho?

- Filipe, me escuta. O seu pai está armando pra você...

- Cala a boca! - Ele berrou do outro lado da linha. Pronto, agora eu mexi no vespeiro. - Eu não quero ouvir mais nada. Devolve o celular da minha mãe senão a gente vai ter problema.

- Filipe, espera! Lipe! - Ele desligou a ligação na minha cara e eu joguei o meu celular na cama dando um berro muito alto, o que chamou a atenção da minha mãe. Caí no chão aos prantos e minha mãe entrou no meu quarto me abraçando e tentando me levantar. Ela perguntava o que havia acontecido e eu não conseguia responder, apenas chorar e chorar. Tânia também entrou ou quarto e me abraçou sem saber ao menos o que estava acontecendo. Fiquei ali no chão com as duas mulheres me amparando sem saber ao certo o que havia acontecido.

Filipe

Encerrei a ligação e meu coração estava quase saindo pela boca. Incrível como Miguel consegue me tirar do sério em tempo record. Enfiei o celular no bolso com raiva e quando me virei, dei de cara com o meu pai me observando com um charuto na boca, encostado no portal da porta. Tomei um susto ao vê-lo assim de repente. Será que ele ouviu minha conversa? Provavelmente sim, o velho já devia estar ali há muito tempo como uma raposa, apenas observando e vendo se eu faria o que ele havia mandado.

- Quem era? - Ele perguntou despretensiosamente, sendo que com certeza ele sabia muito bem de quem se tratava.

- Miguel. - Respondi seco e guardei meu celular.

- E você falou com ele?

- Claro que não, eu desliguei. Não tenho nada pra falar com ele. Na verdade eu liguei para minha mãe, mas é sempre ele que atende. - Peguei a chave do carro em cima da mesa de centro e já ia sair da casa, precisava ir até a minha mãe pessoalmente, pois fazia um tempo que não conseguia falar com ela por causa dessa palhaçada do Miguel.

- Aonde pensa que vai? - Meu pai entrou na minha frente e eu o encarei sério.

- Estou indo até minha mãe, preciso saber como ela está. - Jairo apagou seu charuto e deu um meio sorriso.

- E você acha que eu não cuidei disso? Ela está na casa do pastor.

- O que? E você não me falou nada? - Fiquei indignado com aquilo. Como assim minha mãe estava lá e eu não fui informado? Agora estava explicado o motivo do Miguel ficar atendendo toda hora a ligação que eu faço para o celular dela.

Amor Marginal (Romance Gay)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin