1. Águas proibidas

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Dias Atuais

Cari tomou um gole de sua bebida, saboreando o doce néctar dos deuses. Os ingredientes secretos do néctar haviam sido roubados a muito tempo do panteão grego, e, na opinião dela, era a melhor aquisição que os deuses atlantes já haviam feito.

Sua contemplação silenciosa foi rudemente interrompida pela chegada da deusa mais poderosa atualmente acordada. Medina, deusa do amor, apareceu no jardim em meio a relâmpagos e uma enxurrada de vestes de seda rosa pálido. 

— Ah, aí está você. —  Medina não se incomodou em esperar por um convite. Ela se sentou em uma das cadeiras almofadadas e se serviu de uma bebida. —  Este mundo moderno é tão vasto, você não acha?

— O mundo em si é do mesmo tamanho que sempre foi. Há apenas mais humanos habitando o planeta do que costumava existir. —  Cari se perguntou o que Medina queria.

Ela duvidava que fosse uma conversa agradável sobre os tempos de mudança. Ela não se incomodou em perguntar, Medina revelaria o motivo de sua visita em seu próprio tempo. 

— Você esteve na Grécia recentemente? —  Medina perguntou.

— Sim. Gosto de comer culinária grega em seu país de origem. 

Medina acenou com a mão em despedida. 

— Você pode ficar com a comida. Você viu o que aconteceu nos templos?

— Os tempos mudaram. Os deuses antigos não são mais adorados como costumavam ser. Não é só a Grécia. Os romanos, os nórdicos, muitos deles são esquecidos principalmente nos tempos modernos. Somente os estudiosos da história sabem seus nomes e não acreditam verdadeiramente. 

— As pessoas se esqueceram de nós. Mesmo na Atlântida, eles não se lembram de nós. A maioria dos povos do mar chama o local de cidade submersa. 

Cari deu de ombros. Há muito que ela se resignara a nunca desfrutar do poder que advinha de ter milhares de seguidores.

Infelizmente para Medina, a deusa do amor que dormia há séculos e só havia acordado recentemente.

Cari supôs que tinha sido um choque para ela descobrir o que havia acontecido no mundo que eles conheceram.

— Se eles se lembrassem. — Continuou Medina. — Nossos poderes eclipsariam aqueles que já tivemos. Imagine os benefícios de ser adorado por até uma fração da população atual deste novo mundo. 

Embora o tom de Medina fosse principalmente melancólico, Cari também detectou um senso de propósito. A deusa do amor nunca seria feliz com apenas um punhado de seguidores.

— Como é que você não dormiu como o resto de nós? —  Perguntou Medina. —  O que manteve você neste reino? 

— Meus seguidores não eram compostos apenas de atlantes. — 
Respondeu Cari. —  Muitos dos meros já acreditavam em mim naquele dia fatídico.

Mesmo que eles não me adorassem no meu templo, eles tinham visto o poder dos meus Oráculos com seus próprios olhos.

— O povo do mar também acredita em mim. —  Apontou Medina, impaciente. —  Eu ainda dormi.
Cari sabia o que Medina perguntou. Ela tinha algumas ideias sobre o motivo de alguns terem dormido e outros permanecerem no mundo, embora fossem apenas teorias. 

— Você se lembrará de que realizou uma mágica poderosa nas semanas antes de dormir?

Medina bateu no lábio. 
— Você está falando sobre o pequeno feitiço que eu coloquei em Caspian?

Cari bufou. 

— Pequeno feitiço? Sim, estou me referindo a isso. Você precisaria de muito para lançar um feitiço de amor em um deus tão poderoso quanto Caspian.

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