Capítulo 3

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DG ⛓️

Entrei na boca e todos os vapores me olharam. Levantei uma sobrancelha e andei em direção a sala do Tiego, tentei abrir a porta, mas estava trancada.

DG: Ei, vocês. - apontei para dois vapores, que levaram um susto. - Onde está o Tubarão? - perguntei.

Os dois se olharam e depois voltaram a me encarar.

Cerol: Patrão ainda não chegou, DG. - bufei.

Olhei a hora no relógio, que marcava oito e meia. Tiego nunca se atrasa e odeia quem faz isso. Algo aconteceu ou ele não vem trabalhar. Até suspeito o que tenha sido.

Em questão de organização, pontualidade e saúde, o Tiego é perito. O cara simplesmente é viciado em levar uma vida boa, mesmo tendo escolhido um caminho não tão bom.

E ele tá certo, não julgo, nem digo nada das escolhas do meu irmão. Cada um faz o que quer e vive da forma que acha melhor para si. O único defeito dele, é ser reservado.

Tiego dificilmente conversa, não se abre com ninguém, nem compartilha as frustrações. Foi difícil tentar ajudar ele quando a Elisa faleceu.

Já fazem dois anos, mas parece que foi ontem. Ver a minha pequena naquele caixão foi o pior momento da minha vida. Elisa só tinha quatro anos. Foi uma crueldade absurda.

Já cuidamos de tudo. Na semana seguinte, Tubarão rodou o país atrás de quem tinha feito aquilo e eu fui com ele, é óbvio. Meu irmão não parou enquanto não matou os caras que haviam batido no carro.

Foi uma perseguição policial, Tubarão não estava no carro e sim um vapor nosso o RT, que também morreu no acidente. Os policiais sabiam que o carro era do meu irmão e alvejaram o carro de tiros, logo depois, bateram e o carro capotou.

A única sobrevivente foi a Pâmela, mãe da Elisa. A mulher sumiu no mundo depois disso e nunca mais quis ver o Tiego. Ela culpa ele pela morte da filha. E ele também se culpa.

Mas não, Tiego não teve culpa de nada, nem se quer estava no carro. Ele só se sentia assim, porque foi uma consequência pesada dessa vida que levamos. Segundo ele, se fosse um homem de bem, os policiais não teriam atirado no carro e ela ainda estaria aqui.

Por conta disso, ele não viveu o luto. Não se permitiu chorar, não falava nada conosco, não queria saber de ninguém. Ele se enfiava na boca e só saia de noite. Foram meses assim. Nesse período, até nos afastamos, na verdade, ele afastou todos do seu redor.

Não queria que ninguém tivesse mais contato com ele, porque na cabeça dele, quanto menos gente entrar na vida dele, menos vai sofrer se algo acontecer.

Por um lado até concordo, mas se excluir, deixar de viver, isso não concordava. Ele asfasta as pessoas de si, antes mesmo delas se aproximarem totalmente. É ruim ver meu irmão assim, só queria ajudar ele e não consegui.

JK: Diogo. - escutei ele me chamar e levantei minha cabeça para encarar. - Tem um cara aí querendo falar com o Tubarão, como não sei onde ele tá, vai com você mesmo. - suspirei fundo.

DG: Quem é? - perguntei e afastei os papéis, que estavam na minha mesa.

JK: O Tito. - disse.

Me levantei calmamente e sai da minha sala, JK saiu comigo e de longe, já tinha avistado o Tito fora da boca.

Tito é o dono do Alemão e chefe do CV. O cara é sinistro, todos tem o maior respeito por ele. A algumas semanas atrás ele veio aqui para formar uma aliança conosco. Tubarão quase recusou quando soube que Touro, era um dos aliados também, mas não sei como o Tito convenceu ele do contrário.

Louco por Você Where stories live. Discover now