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*Alerta gatilho*

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*Alerta gatilho*

Eu posso ter sido dramática e egoísta só ter  pensando em mim? Não, até porque vivo colocando a felicidade dos outros acima da minha.

Meus pais se separaram quando a Lizzie tinha 1 ano e meio. Nós quase não o vemos. Três vezes no ano é o máximo.

Mamãe vive trabalhando, não nos dá atenção. Isso me machuca muito. Então não quero que machuque a Lizzie também.

Ela é só uma criança, não quero que ela desenvolva traumas, assim como eu desenvolvi.

Não posso dizer que tenho uma relação ruim com a minha mãe, mas boa, também não seria a certa. Ela nem procura saber como estamos. E como foi a escola.

Eu tento ao máximo fazer a infância da Lizzie a melhor possível. Até porquê a minha nunca foi.

Nossos pais brigavam muito. E para uma criança trancada no quarto, chorando e tremendo não é uma boa recordação de infância, é?

Eu estou com a cabeça cheia esses tempos. Nunca mais tivemos uma viajem, um passeio em família. Se depender da minha mãe também nunca teria.

Brooke e Mason são tão privilegiados por ter pais tão legais com eles.

Os pais deles são meus segundos pais. Eu e os meninos crescemos juntos. Então nós consideramos uma família. Considero mais a Brooke na verdade.

Por mais que tenha todos esses acontecimentos com a minha mãe, nem sempre foi assim. Antes ela até que era mais presente. Mas depois da separação com papai, até parece que ela se culpa da separação.

Ela exige dela, mais do que ela consegue. Ela tenta ao máximo pegar todos os trabalhos da empresa.

Para ocupar a mente.

Talvez seja um refúgio... Não a julgo.

Todos nós temos meios de como fugir dos problemas e em como esquece-los, certo?

O dela é trabalhar...

O meu... Bom, nunca falei isso a ninguém. E também ninguém precisa saber. Ninguém quer saber.

Nesse exato momento, estou tentando me controlar no banheiro da casa que está na festa. Eu sei que estou meio estranha ultimamente. E nem eu sei o porquê.

Mason percebeu.

Talvez o único.

Chega em um nível estremo que não aguentamos mais e não vemos motivos para continuar. E ficamos desnorteados. E até o que a gente considera "normal" para as pessoas estabilizadas mentalmente, consideram "tristes" e "estranhas".

Para tentar esquecer minha dor, minha lâmina me ajuda com isso. Mas não estou com ela no momento. E quanto mais você se corta, mais você quer cortar.

É igual uma droga. Quanto mais você usa, mais você fica viciado.

Eu não julgo quem usa drogas. São os meios deles de fugirem dos problemas. Mas ao invés de ajuda-los, o povo só condena.

—Brooke, podemos ir para casa?—Cheguei perto da ruiva que estava falando com alguns de seus amigos da sua classe.

—Claro. Mas aconteceu alguma coisa?—perguntou preocupada.

—Não, nada.

—Tem certeza? Não sei se acredito

—Só estou com cólica.

—Hum... Ok. Vou chamar o Mason e ligar para mamãe vim nos buscar.—ela saiu a procura do Thames mais novo para irmos.

—Tchau, boa noite para vocês—sai do carro e entrei em casa.

Eram 1h da manhã. Eu odeio lugares cheios, me sinto desconfortável. Mas tento ao máximo ser "normal" para não perguntarem a famosa pergunta "você está bem?"

A pergunta que mais da gatilho.

Nem sempre as pessoas perguntam porque se importam verdadeiramente com você. Mas sim por curiosidade.

Ficar em lugares cheios da sensação que todos estão te julgando.

Tomei um banho, e troquei de roupa ainda no banheiro. Abri a gaveta do banheiro e vejo ela ali.

A lâmina.

Eu me sinto venerável quando vejo ela.

Me sinto fraca.

Eu sou fraca, mas eu não controlo isso.

O sangue pinga no chão.

Tudo o que dói, faz sentir-me viva.

Eu sento no chão, e choro. Choro muito.

Meu braço cortado jorra sangue. Dessa vez o corte foi um pouco mais fundo do que os anteriores. Quase ninguém percebe. Eu compro pomadas para cicatrizar, uso roupas longas quando recentes, e uso maquiagem.

Séria inacreditável se alguém visse.

Mas eu tento. Tento ser forte. Pela minha irmã.

Ela precisa de mim.

Assim como eu preciso dela.

Eu limpo os machucados, e faço umas bandagens para não infeccionar.

Depois disso eu fui dormir. Eu simplesmente apaguei.

childhood enemies - Mason Thames Where stories live. Discover now