Capitulo 3 :

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Arthur: Olha... Senhor Diaz, certo? Não acha que querer vender sua filha a mim não é uma ideia muito estranha? Não estamos mais no outro século, se não reparou. Se ela for maior de idade, acredito que pode tomar as próprias decisões, e se for menor, o senhor está cometendo um crime! — A fisionomia do homem se agrava, me encarando ultrajado, com as narinas inflamadas como um touro bravo.



Carlos: Picoli, não faça minha filha ser viúva antes do casório... O senhor a conheceu há cinco anos em uma viagem, Carla estava comemorando o aniversário dela!


Carla, novamente este nome, será ele o mesmo homem que apareceu no meu prédio ontem a noite? Eu me imponho com o semblante mais severo e braços cruzados, disposto a colocá-los para fora de uma vez, meu tempo vale ouro para gastar com esses malucos que acham que podem entrar aqui, me desrespeitar e me ameaçar dessa forma.



Arthur: Não a conheço nem me envolvo com menores de idade. Mas, ainda assim, se eu fosse casar com toda mulher que eu me envolvesse, me chamaria Fábio Júnior...



Arqueio as sobrancelhas, tentando fazê-lo entender que as coisas não são como antigamente, com aquela conversa de honra e coisa e tal. E pelo que me lembro, não tirei a virgindade de Carla alguma, todas as garotas que deitaram em minha cama foram parar lá com total consentimento, mas jamais me deitei com menores de idade. Tenho muito a perder para me arriscar dessa forma. Dezoito anos para cima e com concordância, para não ter problema. Então se sequer fui o primeiro dessa garota, e como não fico com menores de idade, não tem o porquê ele sequer cogitar algo tão antiquado nessa altura do campeonato.



Carlos: Mas com minha filha vai! O senhor a engravidou e deixou à toa como uma desfrutável, ficamos todos esses anos o procurando para assumir suas responsabilidades, e minha filha não é dessas moças com quem está acostumado, não, vai ter que registrar a criança e casar, lidar com suas responsabilidades!




Recebo aquela notícia com surpresa, mas também com descrença. O sorriso irônico que até então mantinha no rosto se esvai. Não engravidei ninguém, me protejo e muito para que isso nunca aconteça!



Arthur: Com certeza não sou eu. Fora de cogitação! — afirmo, convicto. — Se procura o pai dessa criança há tantos anos, talvez seja outro, não é mesmo? Nunca tive nada com sua filha, sequer sei de quem estão falando. Sinto muito, mas só posso desejar boa sorte na busca. Precisamos encerrar essa conversa! — Olho o relógio, para apressá-los, e cruzo os braços, me impondo.



Não lembro de nenhuma Carla, a rotatividade aqui é alta, e com certeza eu não engravidei mulher alguma, isso seria um total absurdo. Todas as minhas garotas sabem que minha regra é clara: sexo só com proteção. Nunca quis brincar com a sorte. E quanto a isso, sou muito severo! Sequer dar um golpe, que dê em um trouxa!



Carlos: Então vamos nos ver na justiça para saber quem fala a verdade. Ela o procurou assim que descobriu a gravidez, só que nunca te encontrou, já que se conheceram em Fernando de Noronha. Ela era menor de idade, ambos hospedados na mesma pousada Recanto Noronha. Pensei em primeiro conversar com o senhor, mas, pelo visto, vamos ter que fazer esse reconhecimento de paternidade judicialmente!



Carlos se impõe, quase como uma ameaça, cruzando os braços e me pondo contra a parede novamente, incisivo. Engulo em seco, percebendo que as informações coincidem. Eu realmente estive alguns anos atrás em Fernando de Noronha e me hospedei nessa pousada, mas isso não comprova absolutamente nada. Mesmo se for alguma coincidência, e eu realmente tiver me relacionado com a filha dele, até porque eu mal me lembro muito da maioria das noites, de tão bêbado que ficava nas festas, não sou pai dessa criança, não há como ser. Além disso, eu nunca transaria com uma menor. São apenas coincidências muito fortes. Vendo que o assunto é realmente sério, tento pensar com clareza diante de tal situação. São acusações bastante graves!



Arthur: Calma lá. Eu nem sei quem é sua filha.


O homem, que estava até então calado, me entrega o celular com a fotografia da geradora desse caos, a mulher que não sabe quem é o pai do próprio filho. Reconheço alguns dos seus traços, flashes da noite em que eu a vi cheia de olhares gulosos para mim vem à mente. Se Carlos soubesse o que aconteceu naquele dia, estaria com a fisionomia bem pior. A garota era um furacão, atrevida demais e toda cheia de si, não mencionou o fato que tinha dezessete anos, apesar da altura era mulherão demais para que eu desconfiasse.



Carlos: Tá sorrindo por que, homem? O que está pensando? — Carlos, irritado, tenta avançar sobre mim novamente, e eu me assusto, mas ele é novamente interrompido pelo filho.



Arthur: Onde está sua filha? Preciso conversar com ela primeiro.



Olho mais uma vez no relógio, irritado e impaciente, notando que meu horário já deveria ter sido finalizado. Levarei trabalho para casa hoje e mais problemas pra resolver. Antes de qualquer coisa, preciso conversar com essa Carla, entender o que está havendo e saber por que ela acha que justamente eu sou o pai. Se essa criança for mesmo um herdeiro meu, preciso tirar a história a limpo com a mãe e sanar qualquer mal-entendido, que eu espero profundamente que seja o caso aqui.



Mariano: Uma hora dessas ela estar no prédio. Fica a algumas quadras daqui — o tal Mariano, avisa.



Arthur: Preciso do endereço agora mesmo!



Extremamente nervoso, bato o pé no chão, mal ficando parado no lugar. Eu sequer sei o que pensar com tamanha novidade sendo revelada tão repentinamente. Só a possibilidade de ser pai, ainda mais de um filho perdido, já nascido, assim, do nada, vindo de uma desconhecida, me desnorteia completamente. Tal fato mudará completamente a porra da minha vida que tanto prezo!

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