Capítulo 45 :

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ARTHUR

Cheio de inquietação, arrumo a camisa na altura dos antebraços, para soar alinhado, enquanto aguardo Carla abrir a porta. É a primeira vez que vamos nos encarar depois do acontecido. Foram dois dias, mas parece ter passado uma eternidade. Estou estranhamente agitado por reencontrá-la, mesmo que seja apenas para deixar Isabella comigo essa noite. Mandei mensagem, e Carla não se opôs, logo me deu o endereço do seu novo apartamento. Ao menos nisso estamos em concordância.


Quero dedicar um tempo a Isabella e consequentemente aliviar um pouco o estresse gerado por tudo. Não quero que ela pense que foi abandonada por mim só por que a mãe e eu não estamos mais juntos. Estou fazendo o que eu queria que minha mãe tivesse feito por mim. Isabella é a única capaz de melhorar meu humor de cão. Me dei folga, privilégio de ser o dono, passei o dia inteiro em casa, enfurnado. Quero usar esse tempo para assistirmos aos seus filmes favoritos. Torço por uma noite de alívio em meio a essa desordem.


A porta é aberta. Perco o ar, e o estômago dá cambalhotas quando a Carla surge com seus cabelos presos no alto da cabeça, como de costume, quando está em casa e pés no chão. Perco mais tempo que o necessário encarando seus lábios carnudos e olhando as curvas capazes de roubar o fôlego de qualquer ser humano. Mesmo que sua fisionomia esteja severa ao notar minha encarada e ela revire os olhos, continua estupidamente linda. Carla me deixa sozinho na porta e entra na própria sala, me ignorando completamente. Percebo, a contragosto, que mesmo que tenhamos nos afastado, o sentimento e as sensações que me causa se mantêm na mesma intensidade. Eu me sinto preso a ela sem nem mesmo estarmos nos tocando. Por isso, tento fingir uma tranquilidade inexistente.


Carla: Isabella já vem, foi procurar uma boneca no meio da bagunça.


Arthur: Carla..... — Em um ímpeto, seguro no seu braço, a puxando para mim, confuso e inconformado. Quero corrigir as coisas, ou ao menos amenizar. Nem sei ao certo o que dizer.


Carla gira o corpo, colidindo contra o meu, e ficamos próximos demais. Ela espalma a mão no meu peito, tentando manter distância entre nós, mas me olhando de forma faceira. Ela é muito menor que eu, e quando encaro seus olhos, ela não foge, se mantém tão próxima. Nesse momento percebo sua respiração ofegante como se soubesse e sentisse de forma cristalina a minha própria desordem. Eu me sinto enraivecido por ela ter ido embora, mesmo que minhas ações tenham levado a isso. Às vezes, sinto que o que desejo e o que preciso não estão se alinhando. Sinto uma grande ansiedade correr nas veias, de forma tão desesperadora, que cada partícula do meu corpo parece reverberar. Essa aproximação tão voraz, com seus seios praticamente espremidos no meu tronco duro, me deixa energizado.


Seu olhar é uma mistura de desejo e raiva e me atinge de uma forma tão intensa e séria, que eu me arrepio e me desalinho. Carla é uma explosão que me atinge em cheio. Agarro seus cabelos na nuca, segurando possessivamente, sem ter tempo para raciocinar; sem perceber agarro sua cintura. Dou uma puxada firme, eliminando qualquer espaço entre nós, e nossos lábios se chocam de forma dura. Passo para ela o furacão que está me fazendo sentir em um beijo impetuoso e imprudente, o tesão fervoroso mostrando que a gente ainda se encaixa. E Carla, mesmo resistindo nos primeiros segundos, cede, retribuindo de forma urgente e totalmente profunda. Ela parece sedenta quando finca suas longas unhas nos meus ombros. Carla leva tudo de mim de forma erótica, como se quisesse se livrar da raiva com o tesão que sentimos nesse beijo insensato. Continuamos os mesmos.


Chupo seus lábios, escutando seus gemidos baixinhos, que eu engulo enquanto aperto mais na sua cintura. Deixo nossos corpos pressionados um no outro, em um atrito desesperador. Meu desejo ardentemente é dar uma lição nessa mulher, sem nem saber por qual motivo eu estou com tanta raiva. No meio dessa sensação sufocante, a racionalidade e a emoção gritam coisas distintas.

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