Capítulo 34 :

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Sabe o momento em que eu disse que seria totalmente fácil cuidar de Isabella por um dia inteiro sem qualquer ajuda? Eu estava completamente errado. A criança está aos berros, toda dengosa. Nada parece agradá-la. Já bagunçou os brinquedos, nenhum desenho segura sua atenção e mesmo quase chegando no horário de dormir, parece não desacelerar. Está sendo uma verdadeira maratona que estou tentando contornar de todas as maneiras em vão. Sei que é falta da mãe, está estranhando a mudança da rotina por ter apenas eu hoje. E não a julgo, também está sendo diferente para mim.


Até mesmo na hora do banho foi um tumulto, não parava quieta, para vesti-la pareceu que estava tentando desarmar uma bomba. Eu deixei que ela escolhesse o próprio pijama para que ficasse feliz, mesmo que esteja com uma combinação esquisita de peças. Seus cabelos, não consegui pentear, ela mesma prendeu do jeito dela e eu também deixei, só para que ela não chorasse. O verdadeiro caos. Ela estava tristinha desde que chegou do colégio e fiz de tudo para deixá-la com um humor melhor. Jantamos pizza, para que ela ficasse feliz, de barriga cheia e dormisse com facilidade.


Arthur: Diga o que você quer, filha, qualquer coisa, que eu faço — imploro para a criança em meu colo, que continua choramingando de saudades, não me dizendo o que eu tenho que fazer para que ela fique feliz. Mas nada faz efeito.


Isabella sempre foi boazinha comigo em todas as vezes, mas parece que combinou com a Carla para que me desse o máximo de trabalho possível, para que eu ligue pedindo socorro, desesperado. Não farei isso, se eu disse que sou capaz de cuidar, serei. Se eu ligar avisando que a menina está dessa forma por falta dela, capaz da Carla vir de patinete hoje mesmo. Ela me mandou mil mensagens a cada cinco minutos praticamente, desde a hora que embarcou. Quer saber da menina o tempo todo, então a tranquilizei avisando que tudo estava sob controle. Assim não será a uma hora dessas que vou ligar dizendo o inverso. Daqui a pouco, Isabella se acostuma comigo, só precisamos de tempo para isso. Quero cuidar dela sem interferência, até porque futuramente não pretendo ligar para Carla a cada cinco minutos.


Isabella: Papai, quero mingau — pede, com os olhinhos molhados, bocejando, e sei que está quase no seu limite de sono.


Arthur: Claro, seu papai faz.


Concordo, adorando ser chamado assim, mesmo sem fazer ideia como é que se prepara. Carla é quem sempre deixava pronto, e eu entregava a mamadeira a Isabella antes de dormir ou no meio da noite, quando ela dormia mais cedo. Mas sei que se essa menina não tomar esse mingau, não dormirá. Para entretê-la e fazê-la se acalmar enquanto não providencio, lembro do seu desenho favorito e recorro a ele, colocando o filme da Rapunzel. Eu a deito no sofá com sua mantinha, e ela não protesta, voltando a ser a menina boazinha de sempre.


Tirando a maquiagem do meu rosto e sabendo que a Carla vai surtar quando ver a bagunça que fizemos na parte dela do closet, pois até isso deixei que Isabella fizesse comigo, na tentativa de agradar, em uma medida desesperada, confesso, ligo para o único que pode me dizer como faz o mingau da menina e podermos descansar desse dia tumultuado. E não demora para ele atender.


Arthur: Cara, preciso da sua ajuda. Estou sozinho com a Bella, como é que faz mingau, pelo amor do Pai? — imploro.


Escuto a maldita gargalhada em deboche. Ele mais que ninguém está amando toda essa minha decadência. Nem nos meus melhores sonhos imaginaria tal situação. Eu ri dele com Bianca, agora é sua vez de rir de mim. Como dizem, quem ri por último ri melhor. Estão se divertindo com essa situação mais do que qualquer um, eles se merecem mesmo! E após ser salvo por Thiago, mesmo tendo que engolir suas ironias e fazendo seu momento de diversão da noite, entrego a mamadeira á menina, que se mantém confortável no sofá assistindo ao filme de uma menina que fala com um camaleão como se fosse a primeira vez. Sento ao seu lado para descansar a mente e ter esse momento mais tranquilo com ela, enquanto a vejo repetir as falas baixinho. Podemos ver que minha filha é maluca!


O Canalha! Where stories live. Discover now