CAPÍTULO 02

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  Crystal me acompanhou para a mesa, carregando seu caderno e caneta

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  Crystal me acompanhou para a mesa, carregando seu caderno e caneta. O pai dela olha pra mim, me analisando em silêncio, me dando um leve medo de ela ter contado alguma coisa pra ele.

O pai dela dá umas leves batidas na mesa, chamando a atenção dela.

Como ele consegue fazer isso?

Então começa a usar as mãos pra falar, Crystal faz o mesmo.

— Que falta de educação deixar o convidado de fora. - a Senhora Penélope aparece com a torta de maçã. — Não é Leonard?

Murmura colocando a torta na mesa. O senhor Leonard apenas riu, ajudando ela a servir a torta em todos os brabos.

Crystal me entrega o caderno:

"Papai  estava falando do porquê você não tirou  o casaco aqui, eu apenas disse que você não queria.

— Obrigado. - digo, meio travado, me sentindo extremamente observado. Crystal fica me olhando longos segundos antes de apenas começar a comer a torta.

Faço a mesma coisa, como um robô de imitação, os pais dela não tentaram mais falar comigo, conversavam entre si. Quando acabamos, ela chutou meu pé antes de dar um sorriso e sair correndo pra fora.

Fiquei uns estantes parado, antes de ir caminhando pra onde ela foi, a encontrando embaixo da árvore que tinha em seu quintal, iluminada, assim como todo o quintal.

Antes mesmo de me sentar ao lado dela, Crystal mostra o caderno pra mim.

" Podemos sentar juntos no colégio também."

— Sua amiga não vai se importar? - pergunto, eu tinha poucos amigos na hora do almoço, então seria bom.

" Não, Luna gosta de amigos"

Ela escreveu com um sorriso zombeteiro, agora me toquei que nunca a vi rir de verdade.

— Por que você não fala ou não escuta? - pergunto curioso, Crystal não se ofendeu ou recuou, apenas escreveu.

" Mamãe disse que peguei uma doença quando era bebê, então não conseguia mais escutar e se eu não escuto, eu não consigo falar"

Ela me mostra o caderno, antes de virar a folha e continuar escrevendo:

" Mas tem a doutora Shaw, ela tenta me ensinar a falar, mas não gosto de ir lá."

Eu gostava de ver as expressões dela enquanto escrevia, parecia frustada, quase não tive tempo para ler, já que ela volta a escrever.

" Eu nunca sei se consigo"

Crystal balança os ombros, antes de me olhar esperando uma resposta.

— O que você sabe falar?

Pergunto, curioso. Ela parece pensar no que escrever, mas então deixa o caderno pro lado, antes de pôr a mão na própria garganta.

— Cry...taaaal. - o som sai esquisito e arrastado, sorri por ouvir ela falar pela primeira vez. Então Crystal balança as mãos, às vezes tenho certeza que ela esquece que não entendo absolutamente nada do que ela diz assim.

Então pega o caderno e começa a escrever:

" Como foi isso? Você escutou meu nome?"

Balanço a cabeça positivamente.

— Sim, eu gosto do seu nome, é como um diamante e o som...eu consigo entender. - dou de ombros, ela sorri como se eu tivesse feito um grande elogio. — Me ensina a falar alguma coisa com as mãos?

Crystal arregalou os olhos antes de sorrir animada, concordando e então ficamos fazendo isso por horas, nem vimos o tempo passar, só paramos quando a mãe dela nos chamou para comer pizza.

— Estava aprendendo a falar como ela? - o pai dela pergunta enquanto me entrega um pedaço de pizza.

Faço o sim que ela me ensinou.

— Fico feliz por isso. - ele aperta meu ombro, como se estivesse orgulhoso, meu pai nunca fez isso.

No final ainda ficamos vendo um pouco de TV antes de eu ir pra casa.

— Eu gostei de hoje. - digo a ela e faço
um "obrigado"  com as mãos.

Ela sorri, fazendo a mesma coisa, me despedi dos pais dela, logo indo pra casa.

Ja indo para o quarto como mamãe tinha falado, decido ir até o quarto dela quando eu escuto barulhos, coloco a orelha na porta, para escutar melhor.

Era baixo e então foi ficando cada vez mais alto, porque ele tava xingando ela? Por que mamãe tinha arrumado as coisas?

— Faz o que quiser comigo, mas com ele não, se tocar nele, no NOSSO filho, eu vou embora. - escuto ela dizer, então mais e mais barulhos.

— Você não tem onde cair morta, você e ele, se você pensar em ir embora de novo, é ele que vai pagar, sua vadia imunda.

Então depois dessas palavras a porta se abriu, tinha sangue no rosto da mamãe, nas roupas dela, nas mãos dele.

Meus olhos se arregalaram enquanto via tudo, papai ameaçou andar na minha direção então mamãe correu para fechar a porta.

Mas eu não me movi, continuei olhando para a porta por alguns minutos, confuso, com raiva, antes de juntar toda minha coragem e abrir a porta de novo.

Papai estava prendendo ela na parede, enquanto dizia algo, Então eu corri na direção dele, puxando-o para longe, mas então tudo ficou preto e pareceu só um pesadelo quando acordei.

Pensei ter sido um sonho até olhar meu reflexo no espelho, as marcas de sangue no meu curativo e a marca roxa na minha bochecha.

Levo uma das mãos lá, sentindo uma dor aguda quando encostei.

Crystal estava certa, meu pai era um cara mau.

Crystal estava certa, meu pai era um cara mau

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Sinais do amor [ EM PAUSA ]Where stories live. Discover now