Nossa Casa

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   Essa casa é tão vazia sem você

Tão sem vida

Tão sem luz

É como se eu sempre andasse no escuro

.

Ando por essa casa

Como um fantasma

Em busca da sua presença

Mas isso é algo que fica só na minha crença

Uma ilusão

Que me leva a perdição

.

Meu coração não bate mais por amor

Não depois que você se foi

Todos me dizem que preciso seguir

Mas nem sei pra onde ir

Sua ida me deixou sem chão

E agora estou uma confusão

Quero correr pros seus braços

Não quero viver aqui sem seus amassos

Mas eu sei o que você me diria

E só por isso sigo a minha vida

Do jeito que posso

Do jeito que dá

.

.

.

.

         Leon deixa sua caneta e o caderno e desce às escadas indo pra cozinha. Ele abre sua geladeira vendo que ela estava do jeito que Franz gostava de ver: um equilíbrio entre o saudável e o não saudável. Mesmo depois da sua morte, Leon se esforçava para manter a boa alimentação que o namorado exigia (talvez por isso não tenha desenvolvido um grave caso de desnutrição e anémia). Mas, naquela manhã, Leon quis comer uma outra coisa, por isso, ele saiu de casa e foi comprar o sorvete que Franz gostava tanto, sorvete que ele odiava.
             Ele entrou no mercado e passou a procurar o sorvete, mas aproveitou e comprou outras coisas que achou que podia usar pra comer mais tarde. Nisso, ele acabou esbarrando com alguém no corredor, acabou deixando algumas coisas caírem no processo, mas algo, uma esperança, fez Leon pensar que aquela pessoa seria Franz.

???????????:Desculpa, tava meio distraído.

             Leon suspirou decepcionado ao ouvir uma voz tão diferente com a voz de seu amado, então não se surpreendeu quando olhou para a pessoa que trombara agora no corredor e não encontrar a pessoa com quem trombará na escola, fugindo de pessoas que faziam bullying consigo.
           O homem com quem Leon trombou no corredor tinha cabelos castanhos, como os seus originalmente eram, olhos azuis e pele bem mais morena que a sua. Um rapaz bonito, mas que não fez o coração de Leon bater de paixão.

Leon:De boas.-pegou as coisas do chão.
???????????:Deixa que eu te ajudo.

           Em algum momento daquela arrumação, as duas mãos se encontraram. Leon ficou inabalável, mas anotou que a mão do garoto era quente.

Vc dizia que minha mão era quente.- Leon pensou.-Por isso gostava mais ainda de ficar comigo nos dias frios.

??????????:A-Ah, perdão.-afastou a mão.-Ei, vc não é aquele escritor famoso? Aquele que escreve histórias para crianças.
Leon:Acho que sou eu.
??????????:Cara, minha sobrinha é sua fã! Pode me dá um autógrafo?
Leon:Claro.-sorriu simpático.
??????????:Meu nome é André e o nome da minha sobrinha é Laura.-pegou um papel e uma caneta do bolso da jaqueta.-Ainda bem que eu sempre trago papel e caneta comigo.
Leon:Na esperança de trombar com alguém famoso no super mercado e pedir um autógrafo?-zombou.
André:Por que não, ne?-entregou ambas as coisas para o ruivo, que fez o autógrafo e logo devolveu.-Valeu cara.-olhou para o rosto do ruivo.-Sabe, vc é bem mais bonito do que aparece nos livros.

               Talvez Leon tivesse corado em outros tempos, mas atualmente ele só desejava uma pessoa de volta. É André, sua jogada foi beeeeeem longe do gol.

Leon:Eu acho que vc precisa de óculos, não estou nos meus melhores anos.
André:Ue, por quê? Pra mim vc parece ótimo!

    Vc não está vendo minha alma, porque se estivesse vc concordaria comigo.-o ruivo pensou.

Leon:Eu perdi alguém muito importante pra mim a três anos atrás e ainda não superei essa perda.
André:Nossa, desculpa por te fazer lembrar disso.-diz em tom arrependido.-Era alguém da família?
Leon:Era meu noivo.....e meu melhor amigo também.-diz em um tom de melancolia, sentindo que choraria se aprofundasse o assunto.-Bem, foi legal te conhecer e espero que sua sobrinha goste do seu presente. Passar bem.

           Leon saiu daquele corredor e foi pegar o sorvete que Franz gostava tanto de comer. Quando ele comprou o sorvete de uva passa, voltou pra casa um pouco mais feliz, aquele sujeito era bem simpático.

   Talvez vc fosse gostar dele, Franz.-

          Ele já pegou a colher e começou a comer no sofá da sala. Logo que colocou a primeira colher na boca ele fez uma careta, rindo um pouco.

Leon:Como vc conseguia comer tanto esse horror, hein Franz?

            Era uma pergunta retórica, claro. Franz nunca mais responderia com seus xingamentos, parando agora, Leon lembrava o que o moreno havia dito quando ele questionou aquele gosto de sorvete.

   "Leon:Como vc consegue comer isso?"

"Franz:Vc que tem péssimo gosto, sorvete de uva passa é muito bom."

"Leon:É horrível!"

"Franz:Ah vai dá o cu, Leon!"

"Leon:Só pra vc, gatinho"

"Franz:LEON!"

"Leon:Te amo, momore."

          Leon lembrava que Franz também tinha respondido, só que de uma maneira que ele nunca vai esquecer.

  "Franz:Também te amo, minha lebre radiante. Te amarei até o nosso descanso eterno."

Ahh Franz.-uma lágrima solitária deslizou pela sua face enquanto ele colocava mais uma colher daquele sorvete na boca.-Eu sinto tanto a sua falta.

Poemas Para Um AnjoWhere stories live. Discover now