Somewhere Someday - Adaptação

Capítulo 21

Eu quero esquecer que ainda sinto sua falta.
Esquecer que meu coração ainda te deseja.
Esquecer tudo em meu coração.
Eu gostaria de nunca mais vê-lo e desejá-lo novamente.

Peter mal viu as semanas passarem. Tudo que ele fazia era ficar trancado no quarto, comer de vez em quando, ter pesadelos e chorar o dia inteiro.

John vinha todos os dias no mesmo horário, e todos os dias ele parecia um pouco acabado, havia olheiras profundas em seus olhos, seus lábios estavam pálidos e seus cabelos estavam bagunçados. Coleman tentava não olhar para ele, apenas encarava algum outro canto do quarto e esperava que ele fosse embora. Thompson apenas sentava-se na poltrona perto da cama e ficava calado o tempo todo, sabendo que o moreno não queria falar com ele. Mas apesar de ser rejeitado todos os dias, ele sempre retornava no dia seguinte e fazia a mesma coisa.

John levantou-se da poltrona e olhou para Peter, que estava deitado na cama, virado para o lado em que o príncipe não estava em seu campo de visão.

- Eu volto amanhã no mesmo horário.- John falou, caminhando em passos calmos até a porta.

- Su disse para não voltar.- Coleman falou. Seu coração se quebrava todas as vezes que ele magoada o amado daquele jeito, mas ele sabia que tinha que fazer com que John o deixasse ir. Peter sabia que tinha que virar alguém que não significava nada para o príncipe, só assim ele conseguiria dormir em paz, sabendo que nunca mais ninguém arriscaria a vida para salvá-lo.

Todas as noites, absolutamente todas as noites, Peter sonhava com Alexander entrando na frente da espada. Era sempre o mesmo sonho e sempre terminava do mesmo jeito. Algumas vezes, o moreno até conseguia sentir o peso do corpo do príncipe em cima do seu, e ele não conseguia se mexer, queria gritar, mas nada saia de sua garganta. Ele se afogava no sangue de Alexander em seus sonhos, e aquilo estava lhe corroendo aos poucos. Se ele soubesse que sairia do sofrimento do seu século apenas para experimentar o sofrimento, mil vezes pior, no século XVIII, Peter jamais teria feito aquele pedido para a divindade.

As criadas tiveram que deixar um balde de água dentro do quarto, pois toda noite Peter acordava em pânico achando que ainda estava banhado do sangue de Alexander, então ele lavava as mãos e os braços repetidas vezes, até que sua pele ficasse vermelha e começasse a arder.

- E eu disse que volto amanhã no mesmo horário.- Thompson falou, ignorando completamente os pedidos de Peter para que ele não viesse o visitar. Não importava o quanto o moreno lhe mandasse embora e pedisse para que nunca mais voltasse, deixar Peter ir não era uma opção para John.

O príncipe soltou um suspiro cansado, passou pela porta e a fechou com calma. Ele se dirigiu a sala do rei, pensando em que tipo de trabalho Thomas teria para ele agora.

[...]

Noah não estava melhor que Peter. Ele passava. Os seus dias em seu quarto, sentado perto da janela, encarando as mesas e cadeiras no jardim, onde ele, Peter e Alexander costumavam se sentar no final da tarde e observar o pôr-do-sol. Além disso, seu irmão também estava em seus sonhos todas as noites. O quarto príncipe sonhava com a mesma coisa repetidas vezes. O fato de ter sido incapaz de salvar o próprio irmão lhe matava aos poucos, ele lutou tudo que pôde, deu seu melhor, e mesmo assim não foi capaz de salvá-lo.

Além disso, havia seu outro irmão, Charles. O mais velho dos príncipes sempre havia sido como um pai para todos eles, ele os acolheu e os apoiou em todas as decisões de suas vidas. No fim, Charles acabou sendo traído pelo próprio irmão, e ele morreu sem saber disso. Noah não conseguia parar de pensar nisso em nenhum momento, sua família tinha praticamente desaparecido.