Capítulo 15.

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- Priscila? - Carolyna chamou ao se aproximar da mesa, vendo as orbes castanhas se erguerem e lhe fitarem. - Pode vir aqui um minuto?

- Ainda não terminei de comer. - Priscila falou e Carolyna suspirou, caminhando até ela e se sentando de frente para a maior.

- Obrigada. - Carolyna disse baixinho, se arremessando nos braços de Priscila sem dar tempo da outra falar nada. - Eu amei.

Ela completou, sentindo finalmente os braços da maior se envolverem ao seu redor, abraçando-a de volta.

- De nada. - Ela replicou, sentindo Carolyna se afastar alguns poucos centímetros e plantar um calmo beijo em seu rosto.

- Como conseguiu? - Carolyna perguntou, removendo os braços do pescoço de Priscila, por outro lado, a mais velha permaneceu com seus braços ao redor de Carolyna. - E não seja grosseira em sua resposta. - Se aprontou em dizer ao ver que Priscila iria abrir a boca para dizer algo.

- Hey! - Priscila repreendeu, mas sua repreensão foi seguida de um enorme sorriso que enfeitou seus lábios. - Pare de saber como eu vou agir.

- Não dá, você é tão previsível. - Carolyna disse rindo baixinho e Priscila franziu os olhos.

- Não vou te contar como consegui então. - Priscila disse e Carolyna abriu a boca surpresa.

- Não! Priscila, olha... Eu retiro tudo o que eu disse. Você não é nada previsível, eu sequer sei que você só está fazendo isso para eu voltar atrás no que disse. - Carolyna disse e Priscila riu, suspirando.

- Tudo bem, pedi para uma amiga pegar para mim. - Respondeu e Carolyna desviou o olhar para Malu, que havia tossido alto.

- De nada. - A morena falou e Carolyna sorriu.

- Obrigada por isso. - Carolyna disse e Malu se espreguiçou.

- Eu preciso dizer "de nada" de novo?

Carolyna riu graciosamente antes de ousar deitar a cabeça no ombro de Priscila.

- Coma! Você não comeu quase nada. - Carolyna impôs e Priscila negou.

- Não estou com fome. - A mais velha replicou e Carolyna sentiu Priscila começar a acariciar suas costas.

Aquilo era novo, Priscila não fazia carinhos.

- Mas precisa comer. - Carolyna insistiu e Priscila voltou a negar.

- Comi a fruta, posso esperar o almoço agora.

- Certo. - Carolyna disse, vendo Malu olhar confusa para Priscila.

- Só gostaria de agradecer ao sol por aquecer a pedra de gelo. - Malu disse do nada, se levantando. - Vou sair daqui porque sei quando atrapalho.

- Você não está atrapalhando. - Carolyna disse, se aconchegando mais nos braços de Priscila.

- Tchau. - Malu falou, se afastando e Yasmin riu.

- Nem pense em sair, Yasmin, não estão atrapalhando. - Carolyna disse ao ver o olhar de Nicole de quem também saíria.

Ambas apenas assentiram e então a menor ergueu seu rosto, fitando Priscila com um sorriso divertido nos lábios.

- O que foi? - Priscila indagou.

- Você realmente não acredita que eu só trabalhe na enfermaria? - Ela indagou e Priscila suspirou. - Que bilhete foi aquele? - Ela perguntou rindo.

- Eu sei que só trabalha, só quis te lembrar que esse lugar não é para você. Ela trabalha em um presídio e lida com pessoas perigosas todo o tempo, você tem que, uh... - Ela se inclinou para sussurrar, afinal as amigas de Carolyna não sabiam que elas não estavam realmente juntas. - Encontrar alguém que não seja daqui para ocupar esse coração. - Carolyna franziu o cenho e a fitou.

- Por quê? - Indagou confusa.

- Você merece mais do que isso. - Priscila disse, olhando para baixo e Carolyna levou uma mão até seu queixo, o erguendo.

- E se eu não quiser mais do que isso? - Carolyna indagou, encarando-a com intensidade e Priscila suspirou.

- Você quer mesmo a médica, não é? - Priscila perguntou em seu ouvido com ar de derrota e Carolyna negou com a cabeça, voltando a fitá-la.

- Não estou me referindo à ela. - Carolyna informou e Priscila se levantou, jamais deixando de olhá-la.

- Você não deveria se envolver com ninguém daqui. - Priscila disse e Carolyna se levantou junto. - Você merece mais.

- Como sabe o que eu mereço ou não? Você sequer me conhece. - Carolyna disse veemente e Priscila passou uma mão pelo próprio rosto, respirando fundo antes de rir baixinho e levar uma mão até o rosto de Carolyna, acariciando-o.

- Destemedida como sempre. - Priscila disse sorrindo nostálgica e Carolyna estranhou a atitude. - Os anos passam, mas você não muda.

- Anos? Você me conhece de antes? - Carolyna indagou e Priscila negou com a cabeça.

- Não ouça as bobagens que eu digo, só acordei com sono. - Priscila disse, deixando um beijo em sua bochecha antes de começar a caminhar para longe.

- Espera! - Carolyna chamou, seguindo-a. - Priscila! - Tentou novamente, sem êxito. - Eu não acredito em você. - Carolyna disse no meio do corredor de suas celas, fazendo Priscila frear no mesmo momento e se virar para ela.

- Não acredita em quê? - Priscila indagou e Carolyna a alcançou, parando em sua frente.

Sua respiração agitada pela aceleração de seus passos.

- Que esteja sonolenta. - Carolyna disse quase arfando e Priscila riu.

- Tudo bem. - Priscila disse dando de ombros e Carolyna segurou seu pulso, não deixando a maior continuar seu caminho.

- Não acredito que você tenha dito "anos" por estar sonolenta. - Confessou. - Não acredito que tenha trocado os frascos por não ter notado e tampouco acredito que seja essa durona que todo mundo aqui dentro crê que é.

- Ah é?. - Priscila perguntou e Carolyna assentiu.

Sentindo seu coração acelerado, ela só não sabia identificar se era por ter acelerado o passo minutos atrás ou por estar falando aquilo para Priscila.

- Sabe o que mais eu acho? - Carolyna indagou dando mais um passo a frente, vendo Priscila negar com a cabeça e prender a respiração. - Que você gosta de mim, que essas brincadeiras sobre me beijar são porque você realmente quer isso. - Umedeceu os lábios e tomou ar.

- E no que mais acredita? - Priscila perguntou, encarando-a como se lêsse sua alma através
daquele olhar.

- Também acredito que o que você diz ser dó de mim, é, em realidade, preocupação real.

- Não me importo com você e não quero te beijar, Carolyna, não alucine. - Priscila disse fazendo uma careta e Carolyna a encostou lentamente na parede entre duas celas quaisquer.

- Então me prova. - Carolyna sussurrou, plantando um beijo no canto dos lábios de Priscila antes de roçar seus lábios nos dela.

- Carolyna, para!

- Não! - Carolyna negou veemente, fitando os lábios rosados a centímetros dos seus enquanto sentia seu corpo inteiro quase tremular. - Me prova que você não está louca para me beijar, para sentir o gosto dos meus lábios contra os seus.

- Está retratando um desejo seu? Porque eu não quero isso. - Priscila disse com a voz ligeiramente falhada e Carolyna colocou as mãos na cintura da garota.

- Sim, é um desejo meu. - Carolyna confessou, roçando seus lábios nos de Priscila. - E se não for seu também, então me afaste.....

Os olhos castanhos queimavam Carolyna e ambas sentiam o ar lhes faltar, corações acelerados e o perfume de Carolyna exalando das duas.

- Não posso fazer isso... - Priscila disse baixinho. - Não consigo te afastar. - Confessou, sentindo seu peito doer devido à velocidade de seus batimentos.

- Então me beija... - Carolyna murmurou.

No instante seguinte os lábios de Priscila pousaram sobre os seus com pressa e intensidade, mas, jamais perdendo a delicadeza.

Realizando, finalmente, o desejo de duas simples presidiárias.

Presa Por Acaso | Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora