Capítulo 22.

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- E aí a Nicole ganhou a última cicatriz dela. - Yasmin contava enquanto a água caía sobre elas.

Tomavam banho cercada de várias outras detentas, tendo Yasmin explicando sobre seu primeiro dia na prisão.

- Ela te defendeu sem te conhecer? - Carolyna perguntou verdadeiramente curiosa.

- Ela tinha comido comigo nesse dia mais cedo e eu lhe ofereci o leite, já que não gosto. Acho que viramos amigas pelo brilho nos olhos dela quando aceitou o leite. - Yasmin disse rindo baixinho.

- Não entendo para que toda essa agressividade aqui dentro. - Carolyna disse suspirando e Yasmin assentiu.

- Mas dessa vez foi sem querer. - Yasmin explicou. - Elas não iriam me agredir, só estavam me chamando de trator ou porca e rindo da forma como eu dou risada às vezes. - Yasmin disse um tanto desconfortável. - Como se eu tivesse culpa. - Falou desligando o chuveiro. - E a Nicole não gostou.

- Não ligue para elas, eu acho fofo sua risada e Priscila também. - Carolyna disse e Yasmin riu, soltando seu tão conhecido ruído pelo nariz e boca.

- Quando você adiciona a parceira até em uma conversa dessa você já deveria encomendar o anel. - Yasmin disse rindo. - Você pensa nela o dia todo, não é?

Carolyna mordeu o lábio inferior antes de abaixar o tom de voz.

- Eu, uh, penso bastante. - Confessou ruborizando.

- Não precisa corar, amiga. Core só quando me disser algo que eu não saiba, tudo bem? - Yasmin disse rindo, retirando o plástico de proteção da toalha antes de usá-la.

- É que eu não deveria deixar-me sentir nada por ela. - Carolyna falou, afundando o rosto entre a água e fechando os olhos para protegê-los da mesma. - Mas não é como se desse para controlar, sabe? Dividimos a mesma cela e ela faz coisas tão doces por mim.

- Ninguém manda no coração, Carolyna. - Yasmin disse. - Essas pessoas que se afastam de alguém por medo de sofrer acabam sofrendo também em seus próprios interiores.

- Sentir algo por ela não me trará nada de bom, Yasmin. - Carolyna disse tristemente. - Agora pode até ser tudo lindo caso ela corresponda, mas e lá na frente? E quando uma de nós sair daqui? Eu corro o risco de ficar vinte e dois anos aqui se tudo der errado, não quero ela tendo que perder a vida vindo me ver, tendo que ser revistada de forma...  íntima, sabe?

- Mas se tudo der certo você sai em seis meses. - Yasmin disse positivamente e Carolyna suspirou.

- E ela em dois anos. Quer dizer, não temos futuro juntas. - Carolyna disse e Yasmin sorriu tristemente.

- Não esperaria por ela?

- Esperaria. - Carolyna disse sinceramente. - É claro que eu esperaria, mas conheço a Priscila o suficiente para saber que ela não admitiria esse tipo de vida para mim. Ela terminaria seja lá o que tivéssemos.

- Então o que fará? - Yasmin perguntou e Carolyna  deu de ombros.

- Não há nada a se fazer, não consigo ficar perto dela sem beijá-la e não vou fugir disso, nem conseguiria. - Confessou rindo fraco. - Mas já sei o final dessa história e já me prevejo triste nela.

- E então a Nicole me disse isso. - Yasmin disse rindo alto, fazendo Carolyna franzir o cenho confusa.

- O que... - Carolyna se calou quando sentiu um par de braços abraçá-la por trás e logo percebeu que Yasmin havia disfarçado.

- Posso me juntar a você? - Priscila perguntou, se afastando apenas para retirar sua roupa.

Yasmin riu baixinho e piscou para Carolyna.

- Já terminei meu banho mesmo, então estou indo. Até mais, meninas. - Yasmin disse e Carolyna corou ante o olhar malicioso e sugestivo de Yasmin.

Era óbvio que não fariam nada, até porque não estavam sozinhas ali.

- Eu já estava de saída. - Carolyna disse e Priscila riu, se enfiando em baixo do chuveiro com ela sem falar nada.

- Você está corada por me ver nua? Você não corava antes... Ao contrário, ainda encarava meus seios descaradamente. - Priscila disse rindo e Carolyna sorriu, saindo de baixo do chuveiro para deixar Priscila começar a se lavar.

- Antes eu não podia te tocar. - Carolyna falou mais baixo. - Agora sei que você quer tanto quanto eu e, bem, ver você nua... - Seus olhos acompanharam as mãos de Priscila percorrendo seu corpo enquanto se ensaboava.

Carolyna engoliu em seco e desligou o chuveiro, vendo Priscila lhe olhar confusa.

- Para não gastar água atoa, sabe? - Disse rindo sem graça e Priscila assentiu.

- E então... o que dizia? - Priscila disse provocando e Carolyna riu, estreitando os olhos.

- Que eu malicio e, mesmo sem querer, é inevitável não desejar você. - Carolyna disse, vendo Priscila lavar suas partes baixas antes de voltar a abrir o chuveiro para se enxaguar.

- Vai ficar com frio aí. - Priscila disse, puxando Carolyna para seus braços, fazendo seus seios baterem um pouco acima dos dela. - Melhor aqui, hm? Mais quentinho... - Priscila disse, se inclinando para dar um selinho em Carolyna.

- Você e eu estamos nuas, Priscila... - Carolyna  sussurrou, olhando em volta. - Ficar me abraçando e usando esse tom rouco de voz não me faz feliz.

- Não faz? - Priscila perguntou arqueando uma sobrancelha e Carolyna mordeu o lábio inferior ao sentir os dedos suaves e molhados da maior deslizando por suas costas.

- Não aqui. - Carolyna se explicou, prendendo o lábio inferior de Priscila entre seus dentes. - Onde eu não posso fazer nada além de me excitar vergonhosamente.

A maior sentiu seu corpo acender diante do som arrastado que emanou de Carolyna em sua fala.

- Você tem só mais cinco meses aqui. - Priscila sussurrou contra os lábios de Carolyna. - Então não deveria usar esse tom sexy para falar comigo. - Ela disse e Carolyna prendeu os braços ao redor de seu pescoço. - Se não, eu não me responsabilizo por me comportar até lá.

- Eu não quero que se comporte... - Carolyna falou, erguendo ligeiramente a ponta dos pés para mordiscar o lóbulo da orelha de Priscila antes de se afastar bruscamente. - Quero que tome logo esse bendito banho e me encontre na cela.

Priscila sentiu seu coração acelerar e respirou fundo, mordendo seu lábio inferior.

- Tem certeza? - Priscila indagou e Carolyna sorriu maliciosamente, pegando uma das toalhas e abrindo a embalagem.

- Você que tem que ter. - Ela disse, envolvendo a toalha ao redor de seu corpo. - Afinal, dessa vez você não poderá usar a desculpa de que tenho que ir para a enfermaria. - Carolyna concluiu, mandando um beijo no ar antes de ir em direção a porta.

Priscila riu graciosamente.

Adorava aquele jeito espontâneo e sexy de Carolyna.

Definitivamente adorava.

Presa Por Acaso | Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora