O Voto Perpétuo

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HERMIONE SENTIU VONTADE DE SE SENTAR E FICAR QUIETA, apenas ouvindo o que a voz sublime de Astoria dizia. Era tão fácil lidar com aquilo, com aquela sensação de estar flutuando no universo. Era melhor que Ronald e o divórcio, a doença e todo o resto. Então ela apenas obedeceu.

"A coisa é bem simples." Astoria começou a dizer para a Hermione complacente e quieta a sua frente. "Eu sei que as pessoas podem lutar contra essa maldição, então eu não vou poder te manter assim por muito tempo. Mas, eu pensei em tudo, queridinha, e você vai me dar meu filho." A loira estalou os dedos e um elfo doméstico entrou no recinto. "Traga o Zenner e mande-o trazer aquilo." O elfo piscou e sumiu no ar.

Astoria sentou-se de frente para Hermione e sorriu.

"Vamos apenas esperar meu advogado chegar e vamos deixar tudo bem claro entre nós. Agora me escute bem, mocinha, quando ele perguntar se você tem certeza de tudo, você vai dizer sim, quando ele perguntar se você jura, você vai jurar. Ok?" Hermione acenou afirmativamente com a cabeça e Astoria voltou a beber do seu chá. "Aja naturalmente." Então Hermione pegou sua xícara e bebeu também.

Alguns segundos depois, Betyz entrava na estufa com um homem gordo atrás de si. O homem era de meia idade e trazia consigo dois pergaminhos e um sorriso fanfarrão no rosto.

"Augustus Zenner!" Astoria cumprimentou-o e sorriu docemente, erguendo-se e sendo seguida por Hermione. "Conheça a futura barriga de aluguel minha e do Draco. Hermione Weasley."

"Ah!" Augustus parou de andar em espanto. Hermione era muito conhecida. "Como você conseguiu isso?" Perguntou, estendendo a mão para Hermione.

"Ah, simples! Eu salvei a vida dela na guerra e ela ficou louca para retribuir. Ela se separou agora, sabe? Acho que ela deseja fazer o bem. Não é, querida?" Astoria sorriu e passou seu braço no de Hermione, como se fossem velhas amigas.

"Sim. Astoria me salvou e eu achei que devia devolver o favor." Ela disse sorrindo e apertando firmemente a mão do homem.

"Ok. Eu trouxe o contrato e eu mesmo vou selar o acordo. Vamos ler as cláusulas?" Perguntou, estendendo para cada uma um pergaminho. Hermione abriu o seu, mas não leu. Sentia no fundo de sua cabeça que não deveria lê-lo, apenas concordar.

Astoria perdeu cerca de meia hora relendo o seu e fazendo acenos positivos com a cabeça.

"Você pode mudar essa cláusula?" Apontou algo no pergaminho. "Ela não quer que o Draco saiba que ela é... bem, ela. Eu pensei em acrescentar isso aqui." Ela entregou um pequeno pedaço de pergaminho para o bruxo, que leu e concordou. "Ela está de acordo com tudo." O bruxo mudou o pergaminho com um aceno de varinha.

"Vamos assinar e depois enfeitiçar o pergaminho, se houver quebra de contrato, Hermione pode ser indiciada no Ministério." Ele disse, sorrindo.

"Eu pensei em algo maior e mais seguro." Astoria ficou em pé e assinou o pergaminho, Hermione assinou logo abaixo. "Voto Perpétuo." A loira disse. "Eu não quero que ela pense em quebrar o acordo. É do meu filho que estamos falando." O bruxo gordo pensou por um segundo e deu de ombros depois.

"Se ambas as partes estão de acordo, não vejo mal algum. Hermione?"

"Sim, eu concordo." Hermione estava completamente fora de circulação, algo dentro dela gritava que ela deveria responder àquilo, tentar sair daquele conforto, mas ela simplesmente não tinha forças para lutar contra nada.

"Ótimo!" Astoria bateu palmas como uma adolescente e ficou em pé, estendo a mão para Granger.

Hermione apertou o braço da bruxa e ficou quieta.

"Hermione Jane Granger, você promete cumprir todos os termos do contrato?" Astoria perguntou, sorrindo.

"Sim." Uma língua de fogo saiu da varinha do bruxo gordo e rodeou o braço das duas.

"Promete que Draco não ficará sabendo disso através de você?"

"Prometo." Mais uma língua de fogo.

"Promete que vai tentar de verdade engravidar e não vai procurar nenhuma falha no contrato?"

"Prometo." A terceira e ultima língua saiu e fechou ao redor delas. Estava feito o Voto. Estava feito tudo.

"Vou guardar isso em Gringotes, aqui estão suas cópias." Ele estendeu um pergaminho para Hermione e outro para Astoria. "Boa sorte, senhoras. Até mais ver."

O homem saiu, deixando-as a sós.

Astoria acenou a varinha e Hermione a encarou, incrédula.

"O que você fez?!" Perguntou, levando a mão ao peito e se deixando cair na cadeira.

"Garanti o meu bebê." Astoria ficou em pé e saiu andando pelo caminho de pedras da estufa. "Leia o contrato, Hermione. E lembre-se,você fez o Voto e se o quebrar, terá consequências ruins para você."

Hermione viu o pergaminho na sua frente e sentiu a bile vir à garganta.

Aquilo era um pesadelo. Um bendito pesadelo.

"Por que eu?" Ela perguntou para Astoria, que parou antes de chegar à porta. "Eu sou uma nascida trouxa. Por que eu?"

Astoria encarou o teto de vidro, o sol se punha e o céu tinha um tom rosado.

"Eu procurei uma sangue puro para isso, mas nenhuma parecia boa o suficiente. O Draco me fala todo dia do seu trabalho espetacular. Os nossos pais, ainda têm esse preconceito estúpido, mas nós dois não. Você é perfeita, Granger. Se meu filho nascer com metade dos seus genes, será um gênio. Eu não sou tão imbecil sobre o mundo trouxa. Eu pensei em fazer aquilo que vocês chamam de intervenção artificial. Mas, infelizmente, há uma magia muito antiga na família do Draco e ele não pode doar o esperma dele. O filho tem que vir dele. Então, por que não você?"

Com isso, ela se retirou, deixando Hermione sozinha. Ela sabia que Draco chegaria a qualquer momento e não teria uma desculpa para estar na casa dele. Ela se ergueu e andou até a frente da casa, ninguém apareceu. Nem o elfo, nem Astoria. Ela preferiu fazer o caminho em silêncio. Ela e sua nova desgraça.


Se vocês votarem e comentarem mais, eu juro que posto uma vez por semana :)

Barriga de AluguelWhere stories live. Discover now