Falsas Cortesias

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Boa noite! Vocês pediram, então eu trouxe o primeiro capítulo. Favoritem e comentem, por favor. Boa leitura.

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A capitã sentia sua cabeça pesar, seu corpo estava dolorido e a garganta seca. Tentou abrir os olhos, mas sua visão turva a fez apertar as pálpebras, murmurando um palavrão em voz baixa. As vozes que se aproximavam estavam começando a ficar altas demais para o seu gosto. Colocou a mão no rosto quente e tentou abrir os olhos novamente, piscando e sentindo lacrimejar.

Ela mal conseguia se lembrar do que a levou até ali, e poderia dizer que sua mente fez questão de se desassociar temporariamente para ignorar o que viu e viveu. Pela primeira, a inteligente e perfeitamente racional capitã pirata, se via desejando a falta de racionalidade. Era tudo fantasia, se convenceu. Ela não quase morreu para uma criatura mitológica que não deveria existir, e também, ela não estava presa em uma ilha.

— Falem mais baixo, porra! – Camila xingou, tomada pela irritação, não se importando quem era. O zumbido em seu ouvido estava fora do comum e sua mente parecia estar flutuando ainda com as águas que quase se afogou. Ouviu a segunda pessoa pedir licença e se retirar.

Oh não... essa voz... lembrava-se claramente da voz rancorosa de Yanté de seus sonhos. Não, não, não! Não poderia ser real. Forçou a abrir os olhos novamente, suspirando e sua garganta ardendo dolorosamente. Ela teve vontade de gritar e quebrar algo na cabeça de alguém por seu estado visivelmente debilitado. Camila sentiu a raiva em suas veias.

— Capitã. – Helena falou gentilmente, tocando seu braço para ajudá-la a se sentar.

— O que aconteceu, maruja? – Ela perguntou rigidamente, afastando-se do toque da mulher. Foi automático quando olhou para suas roupas e se viu totalmente trocada com calças confortáveis e uma camisa de linho branca feminina. — E quem me vestiu?

— Eu, sinto muito! Ficaria ainda mais doente se não trocasse suas roupas – Helena parece desconcertada por estar admitindo que viu sua capitã nua — A encontramos jogada na floresta, em direção ao lado sul da ilha, estava ensopada, pálida e com batimentos cardíacos fracos há uma semana... A senhorita estava delirando de febre por quatro dias consecutivos, e só conseguimos controlar recentemente.

— Só você me trocou? Ou mais alguém ajudou? – Perguntou Camila, e Helena entendeu a preocupação imediata dela. Sua voz estava rouca e enferrujada, a garganta doía.

Todas as mulheres que se deitaram com Camila, eram pagas, e não só pelo sexo, mas pelo silêncio absoluto. Se houvesse qualquer rumor entre os mares, alguém ou muita gente perderia a cabeça misteriosamente. Ela já tinha problemas demais e não precisava de mais um. Helena, ela ainda confiava sobre o assunto, mas ninguém mais de sua tripulação.

— Apenas eu, fui cuidadosa. – Helena disse rapidamente, para que a mulher conseguisse relaxar os ombros.

— Fez bem. – Aprovou, silenciosamente. Ela engoliu saliva e sentiu sua garganta arder. Helena se apressou e colocou água fresca na caneca feita de barro, ajudando Camila a tomar.

Helena não se lembrava da última vez que viu a capitã tão abatida. Não sabia o que aconteceu, mas a confusa pirata nem sequer abria a boca para mencionar o ocorrido, estava apenas preocupada se alguém viu o que ela escondia entre as pernas. A sexualidade não era surpresa para quase ninguém, a maioria aceitava os dois, mas fingiam que não em público. Camila sempre foi discreta também sobre as mulheres que pagava para se aliviar. Aparentemente, ter a reputação intacta era mais importante do que estar viva.

Franziu os lábios e jogou os cabelos loiros e curtos pelos ombros, indignada que fosse assim. Bem, ela estava quase morrendo por uma semana e não dizia nada? Naquela noite, ela se levantou do acampamento e simplesmente sumiu, sendo encontrada no dia seguinte desacordada.

Sea of Fury (Camren)Where stories live. Discover now