3. Diálogos

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WANDA MAXIMOFF

Após os eventos com a bombinha, Natasha tinha me ignorado por todos os dias que se seguiram.

E essa não é uma daquelas situações em que você supõe ou desconfia de algo. Ela tinha, efetivamente, andado para longe de mim todas as vezes que estivemos no mesmo ambiente na última semana.

No começo achei que era algo da minha cabeça ou alguma coincidência, até que Natasha, literalmente, deu meia volta ao entrar no refeitório em um dia no horário do almoço ao seu olhar se cruzar com o meu.

— Vai, Wanda, fala! -Darcy ordenou me enviando um olhar mais duro. — O que você fez com a Natasha?

A encarei um pouco confusa pelo questionamento tão repentino. É claro que eu não havia comentado com ela o que havia acontecido, ainda que no fundo não fosse nada demais.

— Por que você acha que fiz alguma coisa? -perguntei e Darcy me encarou como se eu tivesse cometido um crime.

— Ela está fugindo de você igual o diabo foge da cruz! -falou baixinho, olhando ao redor para ver se ninguém estava por perto. — Natasha nunca foi sociável aqui nessa editora, mas agora ela se esgueira pelos cantos só para não estar no mesmo ambiente que você. O que fez, Wanda?

— Não fiz nada, tá bom? -me defendi. — Para de me acusar!

— Eu não acusaria se não soubesse o seu potencial!

— Darcy, você fala como se eu fosse a pior pessoa do mundo. -reclamei. — Entretanto, nós tivemos um momento estranho na semana passada...

Darcy me olhou com aquele ar de "eu sabia" e então me fez contar tudo. O que não era muita coisa, realmente. E daí que eu tinha descido as escadas e tido uma crise asmática só porque não queria me sentir rejeitada pelo completo afastamento e indiferença de Natasha Romanoff?

E daí que ela quase me fez ter uma segunda crise quando não conseguiu se aproximar o suficiente para me entregar a minha bombinha?

Nada disso importava.

— Não é nada pessoal, Wanda. -Darcy tentou me acalmar quando viu minha frustração. — Natasha é a pessoa mais reclusa que eu já conheci na vida e, embora algumas vezes ela nos cumprimente ou fale alguma coisa aqui ou ali, ela nunca é tão presente.

— Não vem com essa, Dar! Até você percebeu que ela está me evitando. É como se ela me odiasse, entende?

— Talvez ela só não esteja acostumada a ter ninguém novo por aqui. E o seu jeito mais extrovertido deve ser um repelente natural ao jeito dela. Não leve isso para o coração. -mais uma vez ela tentou me convencer.

— Tudo bem, não quero mais pensar nisso, sabe? Na verdade eu nem quero mais ver a Natasha! -disse completamente da boca pra fora e Darcy deu uma risadinha. — Preciso entregar esse manuscrito à Yelena, até mais.

Caminhei em direção ao oitavo andar onde a sala da Yelena ficava. Ela não passava muito tempo aqui, mas tinha pedido o manuscrito em mãos e eu não queria decepcionar o primeiro pedido da minha chefe.

A viagem de elevador foi rápida e, graças a Deus, solitária. Kate estava na recepção da sala da sua esposa, então me cumprimentou com um abraço caloroso e já foi me levando para dentro.

— Amor, Wanda está aqui! -Kate informou. — Bem que você disse que ela não iria atrasar.

Eu queria muito cumprimentar Yelena e fazer alguma piadinha pelo fato de realmente não ter atrasado a entrega, mas todo o meu raciocínio parou quando, mais ao fundo, sentada em um sofá de couro preto, estava Natasha Romanoff com um rascunho nas mãos e um óculos de leitura no rosto.

UntouchableWhere stories live. Discover now