Procura-se Uma Esposa

Você não e minha avó

  Assim que entrei em casa me lembrei de existência de Saimon. Era difícil não notar o advogado carregando um monte de documento escada acima.

    - Ah, Maiara como foi seu primeiro dia na empresa? - Ele quis saber,virando-se para me observar e deixando cair alguns papéis.

    - Péssimo, mas tenho certeza que você já sabia. - Subi alguns degraus e o ajudei a recolher as folhas caídas. Lancei um olhar rápido para os papéis, eram antigos documentos da vovó. Entreguei tudo a ele e me afastei um pouco.

    - Preciso arquivar tudo isso. - Ele comentou em voz baixa como se quem se desculpa. - Espero que estaja com fome, a Magda está na cozinha ajudando a Maze no jantar.

   - Ah! - Exclamei, sem nada melhor para dizer. Eu já conhecia Magda dos jantares em que ela acompanhava o marido e que vovó me obrigava a frequentar. Não era uma mulher desagradável, apenas um pouco sem noção. - Vou.... vou dizer um oi então.

   - Fiz algumas mudanças no escritório da sua avó. Espero que você não se importe.

    Não respondo. Desci as escadas apressada, evitando passar pela porta do escritório. Eu não queria que outra pessoa usasse aquela sala. Não queria nada daquilo.

     Magda estava dando ordens a Maze, e epelo olhar dela e o modo que cortava a cenoura com um cutelo, entendi que eu não era a única insatisfeita com os novos moradores.

     - Maiara, amada! Eu estava ansiosa para ver você. - Disse Magda, abrindo os braços e me envolvendo nem abraço sufocante. - Uma pena sua avó tenha partido desse jeito. Eu sinto muito!

     - Hãã.... Obrigada.

     - Mas não se preocupe com nada. Vou cuidar de tudo para você. - Ela me soltou me dando um tapinha na bochecha. - Vamos viver como uma família! Você, Saimon e eu seremos muito felizes, pode apostar. Adorei a decoração do seu quarto, foi você mesmo que escolheu as cortinas?

     - Você entrou no meu quarto? - Perguntei horrorizada.

     Ela acenou com a mão fina cheia de anéis.

    - Só pra conhecer melhor a casa. Aquele seu closet é maravilhoso, falei com Saimon sobre ele, o que temos em nosso quarto não tem espaço suficiente.

     Pisquei atordoada. Nosso quarto? Desde quando Saimon e Magda tinham qualquer coisa que fossem deles na casa da minha vó? Na minha casa?

     - Parte dos meus sapatos ainda estão em caixas. - Ela prosseguiu. - O Saimon sugeriu que eu usasse o closet do quarto ao lado, mas prefiro ampliar o do nosso quarto e ter todos os meus lindinhos perto de mim. Você não se importa, não é? Aquele quadro sobre sua cama é um legítimo Renoir?

     - Hã.... é. - Resmunguei atordoada. - Magda, se você não se importar, gostaria que não entrasse no meu quarto enquanto eu estiver forra.

     - Ah, querida não quis ser enxerida! - Ela tentou me abraçar, mas me esquive rapidamente. - Só quero que sejamos amigas, melhores amigas. Pode me chamar de mamãe se quiser.

     - A menina já tem mãe. - Mazé resmungou, fincando o cutelo na Tabua de carne e abrindo a geladeira á procura de alguma coisa. Lhe lancei uma agradecimento mudo.

     - Vou tomar banho. - Eu disse desejando escapar de Magda o mais rápido possível.

    - Ah, maravilha! O jantar está quase pronto, não é Mazé?

     - Sim senhora. - Ela grunhiu, lançando um olhar mortal para a mulher. Magda precisaria tomar cuidado com a Mazé enquanto ela estivesse com o cutelo assim, tão a mão. -  Ma sugiro que me deixe terminar o jantar, faço isso a anos não preciso de supervisão.