Quarto da Marilia

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    - Lado direito ou lado esquerdo? - Marilia perguntou, apontando para a grande cama no quarto dela.

     - Tanto faz. - Dei de ombros. - Acho que o esquerdo.

     - Você sumiu a tarde toda, aonde esteve? - Ela perguntou jogando meu travesseiro do lado esquerdo da cama. Depois se virou de costas e começou a abrir sua camisa.

     Estanquei no lugar, os olhos colados na figura.

     - Hã.... O que você está fazendo?

    Ela olhou sobre o ombro.

    - Acho que minha família ia estranhar se eu tivesse que me trocar no banheiro.

     - Quer dizer que eu vou ter que... - Oh Deus! Vamos ficar nuas.

      Ela riu.

    - Que tipo de pervertida você acha que eu sou, Maiara? Não vou olhar fica tranquila e outra o que você tem eu também tenho. - Ela se desfez da sua camisa e sutiã. Sua pele branca terrivelmente convidativa. Obiguei-me a desviar os olhos, foi preciso muito mais muito esforço.

     - Tá, mas eu não peguei meu pijama. - Constatei com a boca seca.

     Ela foi até se guarda-roupas pegou duas camisetas e dois shorts, e sem se virar me jogou um conjunto da camiseta cinza e um short azul.

     - Pode ficar com essa, vai sevir e vai cobrir seu bumbum.

      Assim que ela começou a tira sua calça, virei-me de costas, me livrando das minhas roupas com uma pressa insana. Vesti a camiseta cinza de faculdade e o short azul. Era grande o bastante para cobrir o short e meus joelhos, nada sexy. Mas eu não queria ser sexy naquele momento.

      - Você não vai mesmo me contar aonde estava? - Ela perguntou outra vez.

    Marilia havia vestido suas roupas para dormir, seu corpo prendeu minha atenção completamente. Sentei-me na cama com cuidado, me sentindo como uma granada cujo o pior fora arrancado. Eu devia ter me casado com a Maura, suas casas sebosas certamente bloqueariam qualquer pensamento a respeito de rasgar suas roupas e jogá-la na cama.

     - Você está parecendo uma esposa de verdade. - Ri nervosa, tentando botar os pensamentos em ordem.

     Marilia sorriu sem graça.

    - Desculpa, não foi minha intenção. Mas você sumiu, e não atendeu o celular e voltou com essa cara de triste, só fiquei preocupada. - Deu de ombros, se sentou na cama e o colchão cedeu ligeiramente.

     Tudo bem, respira. Só respira.

     Deliberadamente, Marilia alcançou minha mão esquerda, e antes que eu pudesse piscar, já deslizava a aliança em meu dedo anelar. Em seguida abriu sua mão e me ofereceu sua aliança. Entendendo que ela queria que eu fizesse o mesmo, peguei o aneu e o acomodei em seu dedo pela segunda vez, um pouco constrangida.

     - Posso te ajudar em alguma coisa, Maiara? - Ela perguntou preocupada. - Você está com problemas? Pode confiar em mim para o que precisar. Eu nunca trairia sua confiança ou te colocaria em problemas.

     Foi nesse instante que algo se quebrou dentro de mim e tudo extravasou. Comecei a chorar, chorar mesmo, com soluços e lágrimas, e não eram falsas. Meu caos emocional deixou Marilia apavorada. Pelo desespero estanpado em seu rosto e pela forma hesitante e meio apertado com que me abraçou, deu para notar que ela não sabia o que fazer quando uma pessoa chorava perto dela.

      - Ei! Não chora. - Pediu completamente alheia aos meus sentimentos confusos e ao problema que pendia sobre a cabeça dela como uma guilhotina.

Procura-se Uma EsposaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora