Capítulo 6

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Constatou a tela de bloqueio de seu celular, já marcava cinco e meia da manhã. Pela janela podia ver que o céu era azul-claro e começava a apontar no horizonte, anunciando a chegada de um novo dia.

Novamente ficou em claro toda a madrugada, salvos cochilos com minutos de duração. Sua mente mexia como engrenagens em busca de respostas e soluções, processando as milhares de informações obtidas por navegadores de internet.

Graças a isso seria impossível que tivesse condições de trabalho depois de duas noites não dormidas, ao menos desse fator tinha consciência. Desbloqueou o celular e cogitou ligar para dona Amelia, contudo ainda duvidava se seria o certo a se fazer, afinal seria somente o seu terceiro dia de trabalho. Teria que usar de uma ótima desculpa para essa falta.

Sua incerteza durou apenas segundos, logo clicou para ligar e não perpetuar tanto esse momento de dúvida. Por outro lado, não foi atendida. Insistiu mais duas vezes, mesmo resultado.

— Droga... — resmungou em um denso desânimo. — É, nem são seis horas ainda, ela deve estar dormindo.

Bloqueia o aparelho e se deita na cama, encarando o teto.

— Deveria olhar mais ao seu redor.

A voz repentina fez Lara se sentar na cama novamente em uma agilidade enorme, encarando arregalada para Maxine ao seu lado. Recuperou o ar durante o longo momento que a analisou — por sorte estava “normal”, não extremamente ferida e machucada.

— É, acho que sim — força um sorriso. — Quando chegou aqui?

— Há mais tempo que você — esboça um sorriso caloroso.

— Sério? Quanto tempo?

— Hum... hoje a tarde completaria sete dias.

— Oito dias? É bem recente então. Em qual quarto você ficou?

A jovem loira nitidamente se esforçava para tentar naturalizar aquela interação totalmente inédita de sua vida de duas décadas, embora interiormente a tensão fosse sua companheira íntima.

— É, muito recente. A última vez que senti o ar vigorar em meus pulmões foi um dia antes de você chegar aqui. Infelizmente. E eu fiquei no quarto 306, no andar acima, a propósito.

— Eu sinto muito... por que exatamente têm tantos espíritos aqui? Q-quero dizer, todos os que aparecem para mim parecem estar conectados com o hotel, de alguma forma.

— Se hospedaram aqui antes de serem mortos — responde encarando perdidamente o chão com tristeza em seus olhos.

— Eu deveria ficar com medo? — ri nervosa, se afastando um pouco e se encostando na cabeceira da cama para quebrar essa proximidade que a arrepiava.

Maxine apenas acenou um “sim” com a cabeça, tirando todo o fôlego de Lara.

— A cada vez que o relógio marca 18 horas, é marcado um dia a menos de sua vida — retoma seus olhos na loira.

— O que você quer dizer?

— É uma espécie de ritual, digamos assim. Na terceira “18 horas”, será o seu último momento de vida.

— O que quer dizer?!! — se inclina nervosa.

— Muito simples. Você chegou há quatro dias, mas foi depois das 18:00, então não conta. Logo, apenas no segundo dia você passou pela primeira vez por esse horário. Ontem, foi a segunda. Hoje, será a terceira...

— E...?

— Terceira e última.

Engole em seco, sentindo o coração descompassar e um gosto amargo dentro de si.

Hotel VillensWhere stories live. Discover now