Capítulo 8

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Se passaram horas e mais horas com ela em seu quarto de hotel, tentando se preparar como podia. Havia uma vassoura lá, a qual deixava a postos para qualquer intruso. O que seria a manchete mais inédita do jornal local se ela conseguisse escapar de dois assassinos na base da vassourada.

Seu estômago roncava muito, e seus olhos a todo instante tentavam se entregar ao sono que não lhe foram permitidos por mais de 48 horas.

Teve medo de gritar pela janela e chamar a atenção antecipada de Andrew, que rondava muito pela calçada, talvez com o próprio intuito de impedir que isso acontecesse. Não podia ligar para ninguém, seu celular foi vítima de um crime tecnológico brutal. Por isso não podia também ver as horas, afinal, por alguma desgraça do destino, percebeu que seu relógio havia parado de funcionar.

Tudo que sabia era que a cada segundo que se passava, sua situação piorava. E via pela luz alaranjada do sol sobre as casas e edifícios que o fim da tarde se aproximava, tal como a luta por sua vida. Desejava a todo momento que tudo isso fosse um sonho — brincadeira de mal gosto já não poderia ser, tem gente aparecendo e desaparecendo, passando de ileso para violentamente machucado; foge dos padrões das boas pegadinhas armadas do Sílvio Santos.

O aparecer repentino de uma mulher em seu quarto lhe impulsionou a pegar sua poderosa vassoura de piaçava vermelha, cor essa que representa o sangue de todas as vítimas feitas com ela — certamente nenhuma — e atacou a alma penada desavisada de sua crueldade.

— Eu não sei onde você aprendeu a nobre arte vassoural, mas sinto em lhe informar que contra espíritos e principalmente assassinos não costuma ser eficaz — diz Maxine, observando o objeto que lhe atravessa.

— Ah, se você não avisa — Lara puxa de volta. — Que demora foi essa?! Se passaram horas.

— Desculpa, é extremamente devastador chegar perto de quem te assassinou. Você deve sentir o mesmo quando ficar presa nesse hotel.

— Valeu mesmo Maxine — a adverte.

— Faltam vinte minutos para as seis da noite e tudo que você tem é uma vassoura... claro, torcemos pelo melhor, mas... — olha com desânimo e arqueia a sobrancelha.

Ela põe o artefato de limpeza encostado na parede e suspira, enquanto encara o chão com um olhar perdido e desesperançoso.

O espírito se aproxima dela, entretanto, sorrindo. As duas ficam muito próximas enquanto se olham nos olhos. Lara entende e toca o braço da falecida, sentindo tudo ao seu redor girar novamente.

Diferente de todas as outras vezes, ela está no escuro completo. Observa seus arredores e percebe não estar em um quarto de hotel, e sim em um local com árvores, barro e mato, se parecia muito com um bosque ou uma pequena floresta. A rua não estava tão distante, a alguns metros podia-se ouvir o barulho de alguns carros passarem, todavia os arbustos impediam tal visão.

Passos acelerados surgiram por dentro do bosque, e era Maxine quem corria mancando. Conforme se aproximava alguns de seus hematomas e ferimentos podiam ser observados, o que indicava que já havia sido espancada. A grande criatura preta de olhos vermelhos passou logo atrás, então Lara correu os seguindo.

O demônio, que muito possivelmente representava Emma, consegue alcançá-la e derrubá-la, fazendo Maxine cair de costas e bater com força a lateral de sua cabeça em uma pequena estrutura de tijolos que rodeavam um poço.

— Me solta, vadia — reluta quando a criatura fica por cima dela. — Emma... que inferno! — consegue chutar sua barriga, fazendo ela se afastar.

Ainda no chão atinge a perna do ser assustador com um chute avulso que impede que ela se levante, mas na sequência não pôde evitar que ela fosse para cima dela outra vez e esmurrasse seu rosto.

Hotel VillensWhere stories live. Discover now