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Noah.

Cinco anos atrás...

Eu estava certo de que aquilo podia funcionar.

Fumando um cigarro e brincando com a chama do isqueiro enquanto via Sabina vindo na minha direção, fui surpreendido quando ela, rompendo qualquer barreira que eu tivesse colocado antes, se jogou contra mim, me abraçando.

- O que é isto? - perguntei, antes de afagar sua cabeça.

- Senti sua falta, desgraçado. - Ela me mordeu o peito e eu ri, me afastando.

- Eu sei.

- Está melhor? - As mãos dela vieram para o meu rosto e ela se afastou o bastante para me revistar inteiro. - Meu Deus, achei que você nunca mais ia abrir esse olho.

- Estou como novo. - Abri os braços, me exibindo como podia.

- Certo. E o que quer? O que quis dizer sobre ser sua única amiga com benefícios? Achei que você me odiasse, ainda mais depois daquela mensagem.

Franzi a testa, não entendendo.

- Que mensagem? A de hoje?

- Não. - Ela cruzou os braços. - Está falando sério que não sabe do que estou falando?

- Eu juro. Que mensagem, Sabina?

Ela abriu o celular e me mostrou, quase que esfregando-o na minha cara.

- Eu não escrevi isso. - Fui firme. - Estou sem celular.

- Mas é do mesmo número que me enviou as de hoje, como não eram suas?

Coloquei o cigarro na boca, traguei profundamente e, encarando o céu, neguei com a cabeça. A fumaça saiu pelo meu nariz, a raiva adentrou quando respirei de novo.

- Esse número é do meu irmão.

- Isaac... Filho da puta! - Bina xingou. - O que ele queria?

- Eu não sei. - Neguei com a cabeça. - Só sei que quando encontrá-lo, ele vai precisar ter uma boa história para contar.

- Tá sabendo que ele e a irmã da Sina estão saindo?

O incômodo de ouvir o nome dela me acertou. Cocei a nuca e tentei me manter neutro.

- Eu a vi esta semana lá em casa, a irmã, no caso.

- E a Loira? Ela estava desesperada atrás de você também, e se eu fizer as contas direito, você não quis nada comigo desde que começou a sair com ela, então se me chamou...

- Foi fogo de palha. - Dei a última tragada e joguei a bituca longe, soprando a fumaça para o lado, antes de passar o braço em volta dos ombros dela e começar a caminhar. - Já acabou. Ela é muito...

- Nova? Ingênua? - Bella chutou.

- Isso. Não ia funcionar.

- E aí eu sou o prêmio de consolação? Noah, você é um filho da puta - quando ela disse aquilo, sorriu.

- Você nunca é um prêmio de consolação, nosso acordo sempre foi claro.

- Estou brincando. Não ligo de você me usar como alívio para sexo. A verdade é que você também é o meu, mesmo que eu ainda goste de você. Sei separar as coisas, sou prática. Aproveite isso enquanto não decido se transo com outra pessoa quando você estiver ocupado.

- Certo, aonde quer ir? - Não queria prolongar o papo e entrar em assuntos sobre nossa relação que poderiam esbarrar em sentimentos que eu não tinha para dar.

Bad Urrea | NoartWhere stories live. Discover now