Os preparativos estavam a todo vapor pela casa de uma senhora que estava cheia de saúde e desejosa pelo futuro que a esperava.
Sua casa estava com todas as portas e janelas abertas arejando cada cômodo recentemente limpo e perfumado.
Isabel junto a seu esposo, preparava a refeição que seria servida em algumas horas.
O quintal estava limpo, organizado e as plantas e flores denunciavam o cuidado para com elas.
Tudo estava devidamente em seu lugar.
A melodia que suavemente ecoava pela casa, trazia consigo toda a sensação de vida que tomava forma no ambiente antes tão escuro, agora tão claro.
— Quanta felicidade cabe num coração disposto a fazer valer a pena cada batida? — Amélia se questionou em meio a alegria que vinha preenchendo seu coração a cada dia que se fazia presente em seu lar e não mais naquele hospital.
* * *
Com tudo inteiramente pronto e perfeitamente posicionado, dona Amélia percorria os cômodos para ter a certeza de que tudo estava exatamente como queria e para através da confirmação disso, buscar descansar de suas inquietudes.
Isabel estava terminando de se arrumar enquanto Rogério verificava a churrasqueira que começava a trabalhar.
— Não vejo a hora de poder devorar os primeiros pedaços...
— Só deixo se dividi-los comigo.
Virou assustado, encontrando dona Amélia em um conjunto rosa chá exalando elegância e os seus fios grisalhos no alto da cabeça exibiam um coque impecável.
— Me desculpe por isso, dona Amélia. Eu...
— Se acalma, homem. Você não cometeu crime algum, está tudo bem.
— Eu comentei, mas, não farei isso.
— Faça sim, mas, não sozinho. Lembre de mim também, certo?
Deixou uma risadinha escapar e Rogério sorriu ainda meio nervoso por ser pego no flagra. Isso faria ele e Isabel darem muitas gargalhadas mais tarde.
— Vocês são abençoados.
— Senhora?
— Ah, não se faça de bobo. Você e Isabel, oras.
Rogério ainda estava um pouco aturdido e esse jeito irônico da senhora o deixava mais ainda.
— Ah... bem, todos os dias quando acordo ao lado dela me sinto assim. Abençoado!
— Eu me sinto também muito abençoada com a companhia dela em meus dias. Isabel tem o dom de cativar fora o da insolência... ela ganha um coração apenas com um sorriso.
— Foi exatamente assim comigo. — ambos expeliram uma risada gostosa. — Ela tem mesmo esse dom. Estamos casados há quase dez anos e a cada novo dia, quando ela sorrir, ainda sinto o mesmo frio na barriga.
— Suas borboletas são alimentadas diariamente, parabéns, felicidade verdadeira.
— Obrigado, senhora.
Ela seguiu para dentro e o mesmo continuou alimentando a churrasqueira e quando pensou em ir à procura de sua amada esposa, ela surgiu em um vestido longo azul celeste que o fez piscar paralisado por alguns segundos e foi surpreendido com um abraço apertado seguido de um beijo.
— Como estou?
— Da cor do céu...
— Estou... azul?
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Amor e Amargura
Short StoryAmélia sempre fora uma pessoa rude, instável e orgulhosa ao extremo. Defeitos que afastaram a todos e consequentemente, lhe fizeram ser solitária e amargurada. Tudo o que mais almeja em seus 85 anos é a morte, mas, uma diarista sem medo, cheia de a...