71. Eu prometi odiar você

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-PoV Lena-

Assim que os seguranças pararam o caminhão eles ajudaram minha mãe, e eu que fingia um desmaio por sedação fui novamente algemada.

A gente chegou no aeroporto privado e ficamos aguardando por horas. Pelo conforto de onde eu havia sido deixada, já estávamos dentro do jatinho, mas eu não abri meus olhos porque conseguia sentir a presença de várias outras pessoas além da minha mãe, que explicava repetidas vezes como o Brainy havia conseguido fugir.

-A gente não precisa ir embora? -ela perguntou em um dos momentos.

-Ainda estamos procurando o fugitivo. -um dos homens respondeu secamente e antes que ele saísse, minha mãe lhe fez uma pergunta.

-Vocês estão com medo de dizer ao Lex que perderam um dos prisioneiros?

O homem prontamente parou de andar e respondeu:

-Ele vai ser encontrado, não tem como ter ido pra muito longe.

Internamente eu sorri, porque com certeza Brainy já estava muito longe, se tivesse tido sorte, talvez estivesse até com a Kara.

Quando a noite começou a chegar, percebemos uma movimentação maior dos seguranças e eu finalmente pude "acordar". Lillian vez ou outra conversava com um deles pra saber se já poderíamos ir, mas não tivemos nenhuma confirmação.

Em certo momento eu percebi minha mãe mais agitada do que o normal e aquela sua pressa de ir embora nem era pra que eles parassem de procurar pelo Brainy, mas porque ela estava voltando a piorar, e provavelmente precisaria de mais soro em breve.

Aos poucos sua tosse ia voltando e ela tentava esconder a dor de cabeça, mas seus olhos apertados e vermelhos não deixavam enganar. Eu poderia jurar que por alguns segundos ela estava delirando, mas de longe eu não tinha como ter certeza, já que ela passou a maior parte do tempo fora do jatinho e eu lhe via pela minúscula janela.

Ouvi os saltos da minha mãe subindo a escada e foi ali que tive certeza de que ela não estava nada bem. Pode ter sido impressão minha, mas pra mim, ela estava mais magra do que a horas atrás, seus olhos estavam fundos, as veias dilatadas e escuras e suas mãos tremiam como eu nunca havia visto antes. Eu me arrepiei só em pensar naquilo, mas era como se ela já tivesse morrido e o Harun-El fortalecesse algum tipo de estado zumbi. Até o seu andar era completamente diferente.

-Mãe? Tá tudo bem? -perguntei.

-É-é... os seguranças... eles estão tão focados em encontrar o Brainy que acho que eles nos esqueceram aqui.

-Sério? Não tem ninguém aí fora? -perguntei encarando a janela novamente.

-Ninguém. Mas o carro tá na entrada. Você sabe fazer ligação direta?

-É claro que eu sei!!!

-Então eu acho que o momento pra tentar fugir é esse.

-Você consegue me soltar? -lhe mostrei os pulsos algemados e ela ergueu as sobrancelhas como se tivesse esquecido daquele pequeno detalhe.

-Claro. Precisamos ser rápidas. -ela continuou, mas parecia dizer aquilo pra ela mesma.

Quando desci do jatinho, estava tudo um deserto, não parecia haver ninguém naquele lugar nem nas proximidades, o local era completamente aberto, apenas com uma cabine de controle mais longe e aos arredores não tinha nenhuma construção. Apenas estradas e vegetação.

-Vamos! -Lillian disse tentando andar mais rápido, mas eu sentia como se ela fosse cair a qualquer momento.

Conseguimos chegar até o carro, mas aconteceu justamente o que eu imaginava, ela não aguentou.

Chemical Hearts - SupercorpWhere stories live. Discover now