89. Surpresa

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-PoV Lena-

Depois que eu e Kara resolvemos comprar a casa, passamos várias semanas resolvendo burocracias, decorando e mobiliando o que faltava.

Confesso que aquela arquitetura mais antiga ainda me causa estranheza por ter passado tantos anos morando em casas com arquitetura moderna, mas, eu sinto que quando paro pra curtir um pouco os espaços que estamos finalizando, é como se eu estivesse dentro de um filme.

As luzes mais quentes e o chão de madeira passam uma energia de algo que só acontece nos nossos sonhos.

Era um combo perfeito de conforto e bom gosto. Às vezes nem dava vontade de ir embora, mas ainda tinha muita coisa pra finalizar antes de realmente irmos morar lá.

Por conta do Whisk, todos os dias Kara vai até a casa colocar água e comida pra ele. Já o levamos no veterinário, no petshop e até pra passear numa praça lá perto. Ele realmente adora aquela casa e abana o rabo milhares de vezes quando chegamos lá. Talvez cuidar de um cachorro não seja tão trabalhoso quanto penso.

Veremos.

Enquanto eu me arrumava pra ir ao Palácio das Belas Artes com a Kara, ela estava sentada na cama me olhando e me ajudando sempre que eu precisava. Um evento de vinhos estava acontecendo lá e o Palácio em si já é um lugar lindo pra visitar.

Apesar do inverno ter chegado na Califórnia, o dia estava bonito e ensolarado em National City, mas a temperatura permanecia baixa. Então depois de me arrumar coloquei um casaco preto e a gente finalmente saiu.

Chegamos lá ainda cedo e haviam muitas famílias aproveitando os últimos raios de sol no gramado do Palácio. A vista estava linda, o lago reluzente, as árvores verdinhas, o som dos pássaros se assemelhavam a uma melodia e todo mundo parecia feliz, pelo menos naquele momento.

-Você quer fazer o mesmo? -ouvi Kara me perguntar e meu sorriso saiu um pouco nervoso.

Querer, eu queria, mas eu não conseguia me ver daquele jeito, fazendo coisas normais na frente de tanta gente.

Com exceção de restaurantes, a gente sempre vai pra lugares mais reservados ou realmente ficávamos só nós duas em alguma montanha pra ver o pôr do sol.

Eu não sentia que eu merecia estar ali no meio daquelas pessoas, e por isso eu sentia medo.

Eu costumava lidar bem com a rejeição, mas chega uma hora que isso te desgasta e você prefere não ser vista.

Kara continuou me olhando esperando eu responder, mas com certeza ela percebeu minha hesitação.

-Vai continuar sendo só eu e você, a gente só vai estar dividindo espaço com outras pessoas. Nada demais.

-Okay. -respondi.

-Você espera alguns segundos?

Eu disse que sim e ela caminhou rápido até uma parte do jardim onde não deu mais pra vê-la e instantes depois ela estava de volta com uma toalha nas mãos.

Escolhemos uma árvore bem próxima ao rio e sentamos aproveitando a sombra, o clima, a paisagem e principalmente, a gente.

Tinha algumas crianças na nossa frente alimentando os patos que estavam no lago e era engraçado porque toda vez que eles saíam da água, as crianças corriam com medo.

E parando pra observar melhor, sempre tinha algo de interessante pra observar nas pessoas, umas ouviam músicas juntas, outras tiravam muitas fotos, outras brincavam com seus pets, outras faziam piquenique, algumas crianças saíam dando cambalhotas pelo jardim inteiro e tinha vários casais assim como eu e Kara, apenas aproveitando a companhia um do outro.

Chemical Hearts - SupercorpWhere stories live. Discover now