|Donquixote Doflamingo

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[Alerta gatilho]: menção de suicídio.

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A rainha espera pacientemente, em sua cama, o rei de Dressrosa. Mas, como em todas as noites anteriores, ele não vem deixando-a sozinha e medíocre a sua espera.

Ao passar da meia noite, a grande senhora veste um roupão por cima do seu pijama revelador e sai do quarto em direção alguma, apenas caminha pelo imenso castelo de Dressrosa. Diferente das outras vezes, ela não fica mais surpresa por o rei não comparecer aos seus aposentos e deitar-se com ela, na verdade, desistiu dessa ideia tem mais de um mês.

Há um ano e meio atrás veio para o Reino de Dressrosa para se casar com Doflamingo e evitar que seu próprio reino fosse invadido pelo infame Corsário. A sua chegada foi bem feita, os súditos aplaudiam e exclamavam o nome do seu rei que ela nunca tinha visto a face, no entanto, quando viu, ficou encantada por ter tido a honra de agraciar tanta beleza.

Ficou apaixonada e se entregou a espera de um amor intenso, que, no fim, veio apenas de sua parte.

A rainha fazia de tudo para agradá-lo, vestia as melhores roupas, o esperava a cada refeição e até na hora de dormir. Doflamingo apenas lhe dirigia um sorriso astuto que a fazia ficar cega de amor, aceitava qualquer coisa que vinha dele e lhe abria as pernas para que ele pegasse o que quisesse.

Um ano foi o suficiente para que ela declarasse o seu amor aos ventos, sentia-se em um paraíso onde recebia o mínimo para ficar bem. No entanto, no mesmo ano, a rainha descobriu que o rei não achava o suficiente ter somente a ela e não demorou muito para que ele assumisse uma outra mulher como sua concubina real.

Essa notícia a pegou desprevenida, uma dor dilacerante tomou conta do seu ser que passou noites chorando e suplicando para que tudo isso fosse mentira.

Mas no dia depois de rezar para que fosse falso, ela entrou na sala em que fazia sua refeição e o viu com uma mulher muito bonita em seu colo; Doflamingo a alimentava de bom grado, ria da concubina em seu colo e só faltava botar ela na mesa para comê-la ali mesmo.

A observadora não conseguiu permanecer na sala com os dois. Sempre esteve ciente de que os reis podiam ter concubinas, mas jamais esperaria isso do SEU rei.

Ele a abandonou e ela se iludiu na esperança de que algum dia ele viria buscá-la, ficou cega de tanto amor que nunca tinha notado que ele, de fato, nunca a quis. Só queria ter posse das terras dela em outro reino e de toda a influência que ela tinha.

Depois que conseguiu, a descartou como uma rainha sem poder.

E rainhas sem poderes não têm o direito de reclamar, somente permanecer em desgraça.

Depois de tanto martirizar a sua dor, a "grande senhora" simplesmente parou de esperar algo de um dia para a noite.

As servas estavam preocupadas. A rainha havia perdido peso, recusava-se a comer qualquer coisa e continuava na cama, estática, esperando que algo ocorresse. Elas pediam ajuda a Doflamingo e ele agia como se não as escutassem, achando uma tremenda baboseira qualquer coisa que vinham falar sobre a rainha.

Os seus passos calmos e despreocupados vão até a imensa janela aberta onde é possível avistar a enorme lua no céu. De frente para o reino de Dressrosa, a rainha sem poder sobe na janela e o vento bate em seu corpo, levantando os fios de cabelos quebradiços dela.

Sem mais delongas, a mulher que um dia foi feliz se joga da janela e o seu corpo cai em um grande impacto no chão, sem dar tempo de derramar uma lágrima de dor ou frustração.

Passou meses esvaziando água de seu corpo para que algo pudesse realmente sair.

Em uma das janelas do imenso castelo, Donquixote Doflamingo vê a mulher saltando da janela e gargalha alto por ela ser tão patética ao ponto de se matar de amor.

Afinal, no raiar do dia, ninguém mais irá se lembrar que um dia a rainha existiu.


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