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As olheiras debaixo dos olhos refletindo no espelho do banheiro deixavam claro que a noite tinha sido péssima. Tentou ter uma noite de sono normal, mas depois de tudo que tinha acontecido no seu dia, isso não era algo realizável.

O celular seguia sem nenhuma notificação de contato de Bucky, onde quer que ele estivesse, não tinha recebido sua mensagem.

Se arrastando até a cozinha, ela ligou a cafeteira e a televisão, precisava de um barulho ao fundo para não se sentir tão sozinha. Serviu a ração de Alpine, trocou sua água e se dirigiu a porta pegando a guia de Chester para descer para a rua, para seu passeio matinal.

Eliza tentava a todo custo naquela manhã manter sua rotina, não podia ficar ansiosa pelo seu trabalho porque não adiantaria nada, não podia ficar preocupada com o silêncio de Bucky porque também não adiantaria nada, não podia se sentir angustiada por uma mulher que tinha a renegado a vida inteira, porque... Bom ela tinha vários motivos e poderia elencar de maior para menor se precisasse. Mas não foi isso que ela fez.

Amanda agora era um problema real com uma solução simples. Ela tinha pedido para Eliza ir visitá-la e era isso que ela ia fazer e depois disso, nunca mais precisaria encarar Amanda novamente. Simples, totalmente resolvível.

Era o que ela tinha em mente quando entrou no hospital com um pequeno arranjo de crisântemos amarelos. Chegando até a porta do quarto de Amanda, ela ouviu a voz de Melanie conversando baixo com a mãe. Ela estava acordada.

Os olhos cansados de Amanda cairam sobre a porta, onde ela parecia enxergar uma miragem da filha mais velha. Eliza estava paralizada com o olhar dela sobre si, segurando as flores com as duas mãos ela lentamente adentrou no quarto.

- Bom dia. - ela disse um pouco tímida.

- São para mim? - Amanda pergunta com a voz fraca.

- Sim. - Eliza diz deixando as flores junto das outras que estavam sobre uma pequena mesa ao lado.

- Que bom que voltou. - Melanie diz se levantando com dificuldade da cadeira devido a gestação já avançada - Eu vou pegar um chá, você fica aqui um pouquinho?

- Claro. - Eliza responde não querendo ser rude.

As duas então ficam sozinhas no quarto assim que Melanie sai. Eliza não se animava a olhar o rosto de Amanda e Amanda por sua vez não conseguia parar de observar cada detalhe de Eliza. Não achava que teria a chance de vê-la novamente, tinha quase certeza que ela não viria.

- Melanie me contou que você esteve aqui ontem... - Amanda finalmente quebra o silêncio com dificuldade.

- Sim, mas você estava dormindo.

- Ela gostou muito de você...

- Ela é muito simpática. - Eliza diz em uma resposta genérica.

- Eliza eu sei que não mereço, mas...

- Espero que se recupere logo Amanda. - Eliza corta a frase dela no meio se arrependendo de ter ido vê-la - Você ainda parece ter muito o que viver.

Ela começa a andar na direção da porta para ir embora daquele lugar, mas o painel ao lado da cama dispara indicando uma saturação baixa, os níveis de oxigênio estavam caindo. Instintivamente Eliza corre para alcançar a máscara de oxigênio a fixando no rosto de Amanda.

- Ei! Não fecha os olhos! - Eliza fala enquanto segura a máscara no rosto dela - Fica aqui comigo!

A equipe médica logo chega no quarto encontrando a paciente já quase estabilizada. Os olhos semicerrados de Amanda enxergavam Eliza a sua frente conversando com o médico e pela segunda vez ela achou que estava alucinando. Pelo semblante do rosto, ela parecia um pouco preocupada enquanto lançava alguns olhares sobre Amanda, ela tinha os braços cruzados sobre o peito e os cabelos dourados presos em um coque.

Deriva - Bucky BarnesWhere stories live. Discover now