Capítulo Três - Querido Jeongguk

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Três dias haviam se passado desde o desmaio e o pânico que Jeongguk havia causado a Taehyung e Hoseok. Ele se pegou pensando no calor do sol dourado do verão filtrava-se pelas cortinas do quarto mais cedo, onde esteve mergulhado em um silêncio quase tangível. Os lençóis brancos e bem alisados da cama contrastavam com a agitação que experimentara recentemente. Ele não sonhava mais com o íncubo, e a sua mente parecia finalmente estar em paz. Era até um pouco estranho conseguir dormir mais de oito horas seguidas. Ele não tinha sonhos, mas era melhor daquela forma, contanto que conseguisse dormir e melhorar o desempenho na faculdade, não iria reclamar.

Embora estivesse fisicamente bem, Jeongguk não conseguia deixar de pensar na última vez em que o demônio sexual invadiu seus sonhos apenas para avisá-lo de que, caso não acordasse, acabaria morrendo. O susto que levou quando sentiu as mãos firmes de Taehyung em seus braços, o erguendo da água quente, enquanto Hoseok o olhava do canto da porta, em choque demais para reagir. Taehyung tinha olhos escuros, profundos, que pareciam ter visto o outro lado.

Jeongguk se recordava com nitidez do toque dele, a forma como ele o segurou com firmeza para evitar que caísse. As mãos quentes de Taehyung sobre sua pele pareciam deixar uma marca permanente em sua memória.

- Jeongguk?

Despertou do devaneio quando Hoseok estalou os dedos em sua frente. Estavam no meio de um seminário, e todos na sala de aula pareciam muito interessados, notando a sua falta de atenção. O olhar de Hoseok era de preocupação, mas Jeongguk não conseguia se concentrar.

Olhou ao redor e engoliu em seco, sabia que não deveria ter ido ali. Tinha fobia social e pânico de falar em público, e a pressão do olhar dos colegas parecia sufocante. Sua perna começou a tremer num tique incontrolável, e seu coração errou as batidas; iria colapsar a qualquer instante. Virou-se para a professora, que não parecia muito preocupada com seu pânico. Ela só queria saber do conteúdo. Jeongguk até pensou em perguntar se poderia apresentar-se mais tarde, mas seu desespero o fez girar o corpo até a porta e ir embora da sala, sem dar satisfações.

O corredor estava vazio, e o sol não se mostrava mais; já era quase noite. A iluminação fraca dos corredores criava sombras alongadas que davam um ar sombrio ao ambiente.

Correu apressado até o banheiro masculino, mal prestando atenção ao seu redor, e se trancou numa cabine. Sentia seu corpo tremer e suar como nunca. Queria chorar e arrancar os próprios cabelos; estava tendo uma crise de ansiedade, e não havia nada que pudesse fazer para melhorar, a não ser ficar quieto e tentar controlar a respiração.

Passaram-se muitos minutos naquele banheiro, que pareciam se estender até a eternidade. Jeongguk não sabia dizer o quanto demorou para se acalmar, já que não tinha nenhum relógio ou celular consigo. Cada segundo arrastava-se, e sua ansiedade parecia estender-se por horas. Ele ouviu a porta do banheiro ser aberta, e alguém havia entrado. A sensação de estar encurralado aumentou, e Jeongguk teve que segurar a respiração ofegante para que não fosse ouvido. Seja lá quem tivesse entrado, era silencioso também, movendo-se como uma sombra.

Jeongguk abaixou o corpo, seu coração batendo tão forte que ele podia senti-lo martelando em seu peito. Tentou espiar por baixo da porta, mas só conseguiu ver as botas escuras que aquele homem usava. Estavam limpas e muito bonitas, no mesmo estilo que adorava, dando-lhe uma aura misteriosa. Ele podia sentir a curiosidade o impelindo, mas também o medo que o dominava.

Deixando a curiosidade de lado, Jeongguk percebeu que havia se distraído o suficiente para esquecer sua ansiedade e pânico. As botas, embora elegantes, tornaram-se um símbolo de conforto naquele momento. Ele limpou o suor do rosto com a palma da mão trêmula e destrancou a porta da cabine, dando de cara com Taehyung na pia, parado em frente ao espelho. Ele estava lavando as mãos, mas seus olhos estavam fixos em seu próprio reflexo, como se estivesse em algum tipo de transe.

INCUBARE - A MALDIÇÃO DO INCUBUS | TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora