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VALLIE

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VALLIE

Abra a porta.

Eu digo para mim mesma, enquanto encaro a maçaneta da porta do carro de Dean do lado de dentro e tento não ser uma completa covarde. Perdi a conta de quanto tempo estamos parados no estacionamento do hospital Saint Oregon, nenhum de nós falou o caminho todo até aqui, mesmo minhas tentativas de cobrir o silêncio com boa música falharam. O clima é neutro, porém não consigo ignorar nossa última conversa e fingir que tudo está bem. Minha mãe foi induzida ao coma para se recuperar de um infarto. Mais um. Ele explicou tudo noite passada e eu pedi para visitá-la.

Não foi uma conversa legal.

Meu padrasto estava visivelmente desconfortável e foi relutante em me trazer até aqui. Eu tive que usar do meu poder de persuasão, jogar com a culpa e fazê-lo se sentir mal.

— Você não precisa fazer isso. — Dean fala em tom baixo, e eu o encaro com a testa franzida. Tão frustrada e cansada de toda a situação. Sua cabeça está jogada para trás no assento, ele parece cansado e sequer está olhando para mim.

Eu bufo.

Mais irada.

— Sim, eu preciso. É a minha mãe lá, esqueceu?— digo, a raiva me consumindo por dentro. Felizmente, ele percebe e pede desculpa, passando a mão pelo cabelo como se quisesse arrancar metade dele.

— Olha, desculpe, ok!? Eu amo sua mãe. Amo de verdade. É só que... Porra, Vallie! Isso é cansativo.

Dean explode, ele finalmente larga a imagem de bom samaritano e dá um show particular.

Um show só meu.

Parte de mim quer aplaudir e incentivá-lo a continuar. XINGUE MAIS, penso em dizer, mas não o faço. Eu só o observo do meu canto, quieta e satisfeita com o espetáculo.

— Você está sorrindo. — ele diz um minuto depois, respirando com dificuldade devido à energia que gastou esmurrando o volante e gritando maldições.

Dou de ombros.

— É bom saber que não sou a única com raiva por aqui.

Ele volta a fechar os olhos, mas existe um peso na sua expressão que não havia antes e quase volto atrás com minhas palavras, sentindo culpa.

— Estou furioso, baby. — confessa.

— Eu não entendo. — digo, permitindo meus ombros relaxarem pela primeira desde que saímos de casa. Ele me encara, as sobrancelhas unidas em uma expressão de confusão. — Mamãe. — acrescento.

— Ela está tentando, Vallie. — seu tom não é condescendente como das outras vezes, não, dessa vez é quase uma frase programada.

— Não tente florear o óbvio, querido padrasto. Sua mulher nunca realmente tentou. — minha voz é ríspida, cheia de amargura e anos de sofrimento.

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