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VALLIE SIMMONS

Perdi o número de refeições que pulei para evitar esbarrar em Dean, mas hoje é inevitável, mamãe tem uma consulta e preciso acompanhá-la porque Kiara não voltou desde sua folga. Isso faz dois dias.Ela também não atende o celular ou responde minhas mensagens. Ótimo.

— Sinto muito que você teve que faltar aula hoje, querida. — mamãe lamenta do banco de trás do carro e a encaro sobre o ombro. Os assentos foram retirados para que ela coubesse, então colocamos um colchão confortável e macio para que ela sentasse e pudesse viajar de forma tranquila. Forço um sorriso de boca fechada e balanço a cabeça de um lado para o outro.

— Hoje não era um dia importante por lá. — digo e Dean resmunga ao meu lado, apenas o suficiente para que eu escute, embora sua atenção não desvie da estrada nem por um segundo. Ele tem me enviado vibrações negativas desde essa manhã, mas algo no seu olhar quando informei que iria com eles me fez pensar se ele sabe que faltei a escola a semana toda. O diretor ou algum professor telefonou, talvez? Provavelmente, mas não estou tocando no assunto antes dele.

— Estou tão ansiosa para a avaliação do Dr. Ronan. — mamãe comenta e meus olhos encontram os verdes do meu padrasto através do espelho retrovisor. Ambos sabemos que é sempre a mesma história, o mesmo nível de entusiasmo até que ela muda de ideia e voltamos para a estaca zero. Eu tentei me convencer de que seria diferente dessa vez, de que minha mãe conseguiria a força necessária para mudar sua realidade, mas eu não consegui, porque estou traumatizada. Tento modificar minha expressão, adoçar meu tom antes de falar qualquer coisa, porém ela percebe e seu rosto endurece de pura raiva.

— Pare com isso, Lily. — meu padrasto rosna, apertando os dedos contra o volante até que eles estejam pálidos. No entanto, minha progenitora continua seu ataque e emenda uma palavra na outra, me ofendendo, diminuindo meu apoio e amor, desqualificando todas as vezes que fiquei ao seu lado.

É demais.

Sempre foi demais.

Eu não aguento mais essa merda.

— Ela precisa ouvir isso, Dean. Precisa saber que está sendo egoísta, mimada e uma filha ruim. Eu não preciso desse tipo de energia perto de mim, quero dizer, quem conseguiria ficar bem tendo uma filha te desmotivando todo segundo?! — ela estava gritando agora, colocando a coroa de vítima para o marido e jogando a culpa do seu distúrbio em mim. As lágrimas estavam agrupadas nos cantos dos meus olhos, mas eu não queria chorar.

— Eu não tenho culpa, mãe! — explodi, tão cansada de apenas ouvir. — Não tenho culpa de qualquer trauma que a senhora tenha sofrido na infância, não tenho culpa que o papai nos deixou.

A última parte saiu junto do choro e então o silêncio reinou, mas isso só durou alguns segundos, apenas o suficiente para que ela pudesse processar as minhas palavras e encontrasse uma forma de jogá-las de volta para mim.

VICEWhere stories live. Discover now