Forgive | JIKOOK

Capítulo 23

Quando acordou naquele dia, a primeira coisa que Jungkook fez depois de sair com pressa da sua cama foi abrir as cortinas da janela mais próxima para checar o clima no lado de fora do palácio imperial.

Para que seu aniversário fosse perfeito como Jungkook imaginou por dias, era essencial que o sol estivesse brilhando sobre a cidade de Tóquio. Então, no instante em que os dois lados da cortina pesada foram afastados da frente da janela, Jungkook vibrou internamente e sorriu amplamente por quase ter perdido a sua visão graças ao sol forte.

Quer dizer, a sua comemoração não vinha da quase cegueira, mas sim pelo tempo maravilhoso que fazia do lado de fora.

De fato seria um dia perfeito. Tudo estava colaborando para que Jungkook tivesse um aniversário perfeito ao lado da sua família. Ele iria passar o dia comendo e brincando ao ar livre junto aos seus entes queridos enquanto o clima se mantinha tão estável quanto poderia se manter.

Para ficar melhor que isso, apenas se Darwin aprendesse a falar!

Se bem que ele iria me xingar, Jungkook concluiu em sua mente ao mesmo tempo em que soltava as cortinas e deixava os seus braços caírem rente ao seu corpo. Mas depois disso ele iria conversar comigo e parar de me morder para avisar que não gostou da nova ração.

Ainda pensando em uma realidade onde o seu gato soubesse falar a língua dos humanos e se perguntando se ele precisaria ensinar Darwin a falar japonês, Jungkook se espreguiçou em frente a janela enquanto observava as folhas e os galhos das árvores do jardim lá embaixo balançar suavemente pela força do vento.

Era uma bela vista. Jungkook odiava viver no palácio. No entanto, ele adorava aquele jardim, principalmente durante as primeiras semanas da primavera, pois todas as cerejeiras dali produziam belas flores rosas e brancas que sempre capturavam a sua atenção.

Uma das primeiras lembranças do príncipe naquele palácio envolvia justamente uma daquelas cerejeiras durante a primavera.

Jungkook se lembrava de ter passado a tarde inteira sentado embaixo de uma dessas árvores, quieto e praticamente imóvel, atento às flores que esporadicamente se soltavam dos galhos e voavam pelo vento até encontrar o chão. Naquele mesmo dia havia acontecido o funeral de seu tio.

Para ser sincero, Jungkook não se lembrava muito do seu tio, mas ele se lembrava de que ele estava se sentindo triste naquele dia. Parecia que algo dentro dele já sabia que a partir daquela data ele teria que morar no Japão e ele não queria isso. Ele nunca quis considerar o Japão como o seu lar.

Não era como se Jungkook não amasse o seu país e seu povo, mas para o jovem príncipe, aquele país nunca foi um lugar que o fez feliz.

Porém, o ato do seu pai subir ao trono e ser coroado como o imperador daquela nação não era algo que estava aberto para a escolha de ninguém.

Portanto, mesmo aos sete anos Jungkook já sabia que o seu papel dali em diante era de ser o segundo na linha de sucessão ao trono. E, ser príncipe do Japão significava que ele não poderia mais voltar para a sua escola em Redcliffe ou reencontrar os seus amigos para jogar frisbee na praia com as crianças do seu quarteirão. Era triste e, ao aceitar o que o futuro o aguardava, Jungkook optou por passar o dia do funeral do seu tio embaixo daquela árvore de cerejeira, calado observando as flores e a sua nova casa.

Mas aquilo não poderia ser considerado um lar. Era tão grande que o sufocava. Acima de tudo, também era muito assustadora, principalmente a noite.

Dezesseis anos depois, Jungkook ainda considerava aquele lugar assustador e ainda não enxergava aquele palácio como o seu lar. Era apenas um lugar onde a sua família morava e onde ele passava alguns dias e algumas noites, mas não era seu lar. Nunca seria.