chapter three; i feel the same

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Aposto que agora você sente isso,
baby.
Especialmente por que nos conhecemos apenas há um dia.

SWIM - Chase Atlantic

Boston, Massachusetts
9 de abril de 2016

  Alex Roiall

O velório dela foi no mesmo dia, o dia em que eu ganhei minha vida, agora também é o dia em que a pessoa que me deu a vida, perdeu a dela.

É incrível como as coisas podem tomar um rumo totalmente diferente do que planejamos, nunca em um milhão de anos eu imaginaria passar meu aniversário enterrando o corpo da minha mãe.

Ver todas aquelas pessoas que nem a conheciam direito, me dando tapinhas nas costas e dizendo que sentem muito me irritou pra caramba! Ninguém sentia minha dor, ninguém fazia a mínima ideia de como meu coração estava em pedaços igual ao vidro do carro de  onde minha mãe foi arrasta e morta com três tiros na cabeça.

A perícia disse que deu a entender que foi uma morte encomendada, disseram que vão investigar o caso, mas depois da minha mãe dizer pra mim não chamar a polícia que eles não resolveriam nada, não acredito que eles realmente vão fazer algo a respeito, não mais.

O mais estranho de tudo? Só acharam o corpo da minha mãe, até agora o corpo do José não foi encontrado.

Ver o meu pai cumprimentando a todos como se fosse mais uma de suas campanhas políticas me deixou enjoada. Desde a hora em que vimos o corpo da mamãe hoje de madrugada, ele tem agido como se tivesse perdido seu animal de estimação, e não a esposa. É incrível como ele consegue passar a postura de marido sofrido, sendo que ele não derramou uma lágrima sequer desde que encontrarmos o corpo dela.

Enquanto meu pai é cumprimentado e consolado pela morte da esposa que ele nem se quer se deu ao trabalho de chorar pela morte, eu estou aqui ao lado da minha melhor amiga, vendo o corpo da minha mãe ser enterrado.

Lutando contra a vontade de pular no buraco onde o corpo da minha mãe está, abraço meu próprio corpo e me permito desabar pela milésima vez no dia.

(...)

Simplesmente cheguei em casa e fui direto para o meu quarto, nem me dei o trabalho de tirar minhas roupas e me joguei na cama, ao lado da minha cama estava Luke deitado em sua caminha, de vagar ele se aproximou e lambeu meu braço que estava jogado pra fora da cama. Sem muita animação fiz um carinho na orelha dele.

- E ai amigão - eu digo sem muita animação.
Ele pula em cima da minha cama e se aninha na parte de baixo me olhando com os olhinhos tristes.

- Eu sei Luke, também estou sentindo falta dela - eu digo abaixando para abraçar meu cachorro, começando a chorar em seguida.

- Eu não entendo, eu simplesmente n-não entendo por que f-fizeram isso com ela Luke - digo soluçando - simplesmente não entendo...

Passo o resto da tarde me permitindo sentir a dor que tomou conta do meu peito, sabendo que ela ficará um bom tempo comigo.

(...)

Acabei pegando no sono em meio ao mar de lágrimas, percebo que Luke se manteve ao meu lado, pois ele permanece deitado ao lado da minha cabeça onde adormeci.

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