Punição

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Narrador on

— Eu pensei que você quisesse conversar sobre o motivo pelo qual eu estava olhando para você e seus amigos.

— E era sobre isso, mas... — Fez uma pequena pausa, era certo continuar insistindo? Talvez estivesse apressando demais as coisas. — Só que eu ainda acho que você tá escondendo alguma coisa sobre aquele dia.

— Acho que já conversamos o suficiente pra um dia. — Suspirou e se levantou, indo até a porta, abrindo e sinalizando para que saísse.

Lyana paralisou por meio segundo. Ele estava mesmo lhe mandando embora assim depois de tudo o que aconteceu?

Ela sabia que Simon tinha muitas feridas internas e estava mais do que disposta a ajuda-lo a se curar, mas ser tratada daquela maneira também machucava e não estava disposta a aceitar calada.

— Eu não vou sair até que você comece a agir como um adulto. — Foi a vez dela de levantar e fechar a porta, parando em frente a ele e cruzando os braços. — Você não tinha me dito que não era muleque? Então por que está agindo como um?

— Você sabe muito bem o porquê eu disse aquilo, Lyana. — Estreitou o olhar. — Fui irresponsável ao me relacionar com você sem proteção, mas caso algo acontecesse eu iria estar aqui pra você, apenas isso.

— Então você vai continuar agindo como um merda?

— O que você disse? — Deu um passo para frente, sua sombra a sobrepondo.

— Acha mesmo que eu sou idiota o suficiente pra me apaixonar depois de uma noite de sexo? Se toca, Simon, você não é tudo isso que tá pensando não. — E apesar da diferença de altura e força ela não se intimidou, tampouco mediu suas palavras. — E, ao meu ver, quem tá com medo de ficar apegado aqui é você.

Lyana era uma jovem talentosa, mas, um de seus maiores talentos certamente era evaporar com a paciência do soldado — não que algum dia Ghost tivesse sido um exemplo de calmaria — seus olhos já pareciam querer fulmina-la naquele instante.

— Controle a sua língua, Lyana. Eu ainda sou o seu tenente.

— Mas na hora que tava me fodendo você não era, né? — Zombou dando um risinho despretensioso. — Admite, Ghost. Você tá com medo de gostar de mim.

— E o que te faz pensar que é tão interessante ao ponto de me fazer se interessar por você? — Seu tom era sério e havia perigo em suas palavras. — Porquê, pelo que eu me lembre, foi você quem disse que tinha sentimentos não só por mim, mas por Konig também.

— Eu sei muito bem o que eu disse, Simon, não precisa ficar me lembrando. — Revirou os olhos. — Mas já que entramos nesse assunto, eu me lembro de ter dito que também não estava fantasiando um relacionamento com nenhum de vocês... Ou você não sabe se envolver sem criar sentimento?

A cada palavra a paciência do homem diminuía mais e mais, Ghost começou a caminhar, seu corpo grande e musculoso a levando até que ficasse contra a parede.

— Estou começando a achar que você fica melhor com a boca fechada. E você sabe que esse não é o ponto. O que fizemos foi errado. — A mão esquerda tocou na parede ao lado de seu rosto, limitando sua rota de escape.

— Fechada? Eu pensei que você quisesse ela bem aberta. — E mesmo diante do perigo Lyana não deixava de ousar em suas palavras e atitudes, ela sequer desviava o olhar, se ele queria entrar naquele maldito jogo de encarar então ela o faria.

— Você é surpreendente irritante pra alguém tão pequeno e fraco. — Com a outra mão livre Ghost buscou a adaga em seu bolso, elevando-a até sua bochecha. — Acho que eu deveria arrancar a sua língua pra você aprender a ter bons modos.

O amor transcende a realidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora