Seu semblante mudou rapidamente, seus olhos brilharam de felicidade e um sorriso apareceu. Era um vestido de festa vinho curto, tomara que caia, com pequeninas flores cintilantes no corpete, bem discretas, as costas eram de renda com estas mesmas flores, o vestido era muito bonito.
— Eu pensei em esperar um pouco mais, mas quando vi, não consegui resistir — disse a Irina admirando o rosto de alegria da filha. — Eu sei que o baile está um pouco longe e que daqui até lá podemos estar comprando outro...
— Não, não. Este está perfeito — ela interrompeu enquanto a abraçava.
— Então o que está esperando? Vá experimentar!
Grace saiu correndo para o banheiro da mãe, estava tão feliz que conseguiu esquecer todo o mal daquele dia fatídico. Ela tirou suas roupas e o vestiu, a peça serviu-lhe muito bem, parecia ter sido feito para ela, valorizando suas curvas. Ela se apressou para mostrar a mãe. Irina estava muito contente com o semblante da filha, ela a amava tanto, era seu pequeno tesouro de valor inestimável, fazia de tudo para que a menina tivesse do bom e do melhor e sacrificava seu tempo, sabendo que este não voltaria atrás, para que alcançasse alguns objetivos, para que não tivesse a mesma infância que ela teve. Deu mais um embrulho para a filha que o pegou prontamente com muita empolgação. Grace o abriu, era uma caixa, dentro repousava um par de saltos.
— Para a minha Cinderela.
— Isso é para dizer que eu sou baixinha(?) — Grace ironizou balançando o sapato como ênfase. Mas estava muito feliz com o outro presente.
— Só tem 12cm, não é pra tanto.
— Não é pra tanto — repetiu a jovem em tom de deboche.
— Deixa de coisa, experimenta logo — disse a Irina gesticulando exageradamente. — Pelo menos não vai ter mais 1,56.
— Mãe!! — Gritou.
— Ô! — Exclamou ela rindo. — Esse vai poder usar logo, em um jantar, provavelmente daqui a três semanas.
— Jantar?
— É, mas ainda estão organizando, daqui até lá vou te dando mais detalhes.
Grace calçou os sapatos e na primeira investida virou o pé, quase caindo. Era em tom vinho, os saltos e as laterais eram enraizados com flores em pedrinhas brilhantes, dando um toque majestoso no veludo. A menina caminhou um pouco pelo quarto completamente radiante.
— Mãe? — Chamou Grace desfilando pelo quarto. — Meu pai vai viajar esse final de semana, por que não liga pra ele, para eu ficar aqui com a senhora? Não quero ficar lá sozinha.
— Não vai estar sozinha.
— Mãe!
— Tá bom — disse Irina apontando para bolsa dela. — Posso tentar. — Suspirou cansada.
Ela tirou os saltos e correu para pegar o celular da mãe. Irina discou, chamou e esperou. A voz do outro lado se mostrou bem cansada, ela esperou novamente e o saldou, seu ex-marido parecia bem surpreso com aquela ligação. Ela explicou o motivo de ter ligado e a resposta dele foi 'não'. O semblante da jovem foi mudando aos poucos ao passo que ouvia a conversa já acalorada dos pais, ambos diziam coisas, os dois já estavam brigando. Já estava se sentindo péssima, se culpava pela briga.
— Edward, só estou pedindo algo simples — falava a Irina com a voz um pouco alterada. — Você não vai estar em casa, o que custa... o que custa deixar ela comigo?! Vou estar em casa o final de semana inteiro!
— Não Irina! Os finais de semana são meus. Porra, ainda não entendeu isso! — Ele parecia estar gritando. — É meu direito.
— Eu sei, nunca tinha pedido isso antes...
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A Última Cena
Romance"Eu sou uma confusão de pensamentos, Num espaço pequeno, De momentos... De momentos em momentos eu me pego aqui Só, num completo silêncio. Estou me afogando outra vez, Outra vez nesse oceano profundo Onde me encontro. Alguém?! Alguém?! Eu estou aqu...