Capítulo III

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Seu semblante mudou rapidamente, seus olhos brilharam de felicidade e um sorriso apareceu. Era um vestido de festa vinho curto, tomara que caia, com pequeninas flores cintilantes no corpete, bem discretas, as costas eram de renda com estas mesmas flores, o vestido era muito bonito.

— Eu pensei em esperar um pouco mais, mas quando vi, não consegui resistir — disse a Irina admirando o rosto de alegria da filha. — Eu sei que o baile está um pouco longe e que daqui até lá podemos estar comprando outro...

— Não, não. Este está perfeito — ela interrompeu enquanto a abraçava.

— Então o que está esperando? Vá experimentar!

Grace saiu correndo para o banheiro da mãe, estava tão feliz que conseguiu esquecer todo o mal daquele dia fatídico. Ela tirou suas roupas e o vestiu, a peça serviu-lhe muito bem, parecia ter sido feito para ela, valorizando suas curvas. Ela se apressou para mostrar a mãe. Irina estava muito contente com o semblante da filha, ela a amava tanto, era seu pequeno tesouro de valor inestimável, fazia de tudo para que a menina tivesse do bom e do melhor e sacrificava seu tempo, sabendo que este não voltaria atrás, para que alcançasse alguns objetivos, para que não tivesse a mesma infância que ela teve. Deu mais um embrulho para a filha que o pegou prontamente com muita empolgação. Grace o abriu, era uma caixa, dentro repousava um par de saltos.

— Para a minha Cinderela.

— Isso é para dizer que eu sou baixinha(?) — Grace ironizou balançando o sapato como ênfase. Mas estava muito feliz com o outro presente.

— Só tem 12cm, não é pra tanto.

— Não é pra tanto — repetiu a jovem em tom de deboche.

— Deixa de coisa, experimenta logo — disse a Irina gesticulando exageradamente. — Pelo menos não vai ter mais 1,56.

— Mãe!! — Gritou.

— Ô! — Exclamou ela rindo. — Esse vai poder usar logo, em um jantar, provavelmente daqui a três semanas.

— Jantar?

— É, mas ainda estão organizando, daqui até lá vou te dando mais detalhes.

Grace calçou os sapatos e na primeira investida virou o pé, quase caindo. Era em tom vinho, os saltos e as laterais eram enraizados com flores em pedrinhas brilhantes, dando um toque majestoso no veludo. A menina caminhou um pouco pelo quarto completamente radiante.

— Mãe? — Chamou Grace desfilando pelo quarto. — Meu pai vai viajar esse final de semana, por que não liga pra ele, para eu ficar aqui com a senhora? Não quero ficar lá sozinha.

— Não vai estar sozinha.

— Mãe!

— Tá bom — disse Irina apontando para bolsa dela. — Posso tentar. — Suspirou cansada.

Ela tirou os saltos e correu para pegar o celular da mãe. Irina discou, chamou e esperou. A voz do outro lado se mostrou bem cansada, ela esperou novamente e o saldou, seu ex-marido parecia bem surpreso com aquela ligação. Ela explicou o motivo de ter ligado e a resposta dele foi 'não'. O semblante da jovem foi mudando aos poucos ao passo que ouvia a conversa já acalorada dos pais, ambos diziam coisas, os dois já estavam brigando. Já estava se sentindo péssima, se culpava pela briga.

— Edward, só estou pedindo algo simples — falava a Irina com a voz um pouco alterada. — Você não vai estar em casa, o que custa... o que custa deixar ela comigo?! Vou estar em casa o final de semana inteiro!

— Não Irina! Os finais de semana são meus. Porra, ainda não entendeu isso! — Ele parecia estar gritando. — É meu direito.

— Eu sei, nunca tinha pedido isso antes...

A Última CenaWhere stories live. Discover now