Diário (Anexo)

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Quem dera
🖤

Sofre calado,
Finge não ver
A mágoa que corrói seu peito.
Quem dera ser poeta
E expressar toda a sua angústia,
Em versos sofridos...
Um canto de dor.

Olha no espelho e vê
A mesma face que ontem olhou.
Deus, quem poderia entendé-lo, compreender todo esse ardor?
Expressa com lágrimas acre, seus pensamentos,
Mais amargos que o absinto.
Ontem, hoje, amanhã e sempre olhará no espelho e verá a mesma criatura nua...
Despida de amor.

"Se não te amas, quem poderia amar?" pergunta o poeta em frente ao espelho.
Rasga o peito em chamas,
A alma desfalece em prantos, mas é o culto,
Ninguém entende
Ninguém pode ver.

Quem dera ser pintor
E pintar toda essa angústia...
As ansiedades das quais seu coração está.
Não quer fazer deste leito eterno...
Nem da sepultura teu descanso,
Mesmo que este te pareça agradável,
Esconde até de se mesmo
Para que não cometa o crime mais hediondo,
Fazendo deste romantizado.

Não há nada de bonito no sofrimento!
Apenas uma face cansada
E uma alma em lamento.
O pintor que antes queria ser poeta segue calado,
Fingindo não vê sua dor,
Escondendo-se do espelho
Que reflete a mesma criatura nua...
Despida de amor.

A Última CenaWhere stories live. Discover now