Bem assustado, o jovem se virou inopinadamente, quase derrubando o jarro que se encontrava em suas mãos. Ele tentou se recompor colocando um semblante sério logo após encontrar o olhar furioso da irmã. Jogou um dos bichinhos de pelúcia no chão como um ato de desprezo, coçou atrás da cabeça, bagunçando seus lindos cabelos escuros, cortados em camadas sedosas e cheias. Curiosa, Grace repetiu a pergunta, cruzando os braços na altura dos seios, adquirindo uma postura alfa, odiava quando seus irmãos invadiam seu quarto, e como mais velha exigia o respeito dos primogênitos. O olhar do Jack desceu pelo corpo dela, ficando com um leve rubor em seguida, a estava vendo de uma forma que não queria ver. Grace acompanhou esse olhar percebendo que tinha esquecido de colocar a calça, se apressou em vesti-la, mas não se sentiu envergonhada.
— Antes de sair a Emily me pediu para te dar os biscoitinhos. — disse ele jogando o frasco de vidro em cima da cama, sem se preocupar de cair no chão.
— Ah. Obrigada. — Agradeceu ela mantendo a postura ainda séria.
— Eu sei que foi você que estava me espiando. — Disse ele se aproximando dela. Ela era duas cabeça acima da dele.
— Ah, fala sério! Você nem é interessante assim. — Ela o olhou de cima abaixo enquanto falava com um sorriso de desdém.
— Ah, tenha dó! Você que não é interessante, por isso vai acabar igual a sua mãe, usada, abandonada e cheia de...
— E você vai acabar igual a sua, uma louca depressiva, mal-amada, insegura...
— Pode inventar o que quiser, — ele se aproximou mais, podia sentir a respiração dela lavar seu rosto, como a brisa de Manhã beijando o dia, se sentiu um pouco ameaçado por sua altura, contudo, não demostrou. — Ninguém vai acreditar em você. — Esboçou um sorriso de lado, bem marcante.
Grace inclinou a cabeça para o lado com um olhar bem frio, indiferente.
A Maria, ainda se encontrava na casa, terminava de apanhar as roupas de cama. Subiu as escadas com uma cesta em mãos, ao parar no corredor, percebeu a porta de Grace aberta e uns cochichos baixos. Se dirigiu então até lá, diante da porta a empurrou com cuidado, adentrando o cômodo, encontrando os dois irmãos cara a cara um com o outro. O que ela pensou foi o oposto do que realmente estava se passando ali. Ela imaginou que os dois estavam tendo algum tipo de romance, pelas olhadas de mais cedo e as indiretas jogadas, se perguntava como não tinha percebido antes tudo isso. Estava completamente atordoada.
— O que está acontecendo aqui? — Ela denotava horrorizada.
Seus olhos pareciam querer saltitar das órbitas e sua face refletia espanto.
Ambos se viraram para a encarar. O semblante da mulher deixou a menina intrigada, inocentemente, tentava imaginar o que ela tinha pensado que estava acontecendo.
— O que ainda faz aqui? — Perguntou o Jack rudemente, cruzando os braços.
— As roupas de cama. — Respondeu ela indicando a cesta, ela olhava de um rosto para o outro, atarantada.
— Obrigada Sra. Clark. — Disse Grace antes de se voltar para seu irmão. Ambos se encontravam na mesma posição, fechada. — Dá o fora daqui. — Sua voz saiu forte, autoritária.
Jack olhou para a irmã com uma careta de desprezo e nojo, retorcendo os lábios como sempre fazia, passou pela empregada a mandando ir para casa, como se tivesse a suprema autoridade. A Maria deixou o que era da garota e saiu com um semblante de repudio.
A manhã estava húmida, porém de vez em quando uma brisa morna entrava pela janela, com um toque primaveril em sua essência mais pura. Grace acordou com a luz forte do dia ofuscando sua visão, um clarão branco alaranjado entrava sem pudor, violando seus olhos recém despertos. Depois de se arrumar, trancou o quarto e desceu, jogou as coisas no sofá e se dirigiu para a cozinha, sabia que o café estava sendo servido lá, dava para ouvir as vozes animadas. Todos estavam em volta da mesa, os quatro conversavam descontraidamente, ao notarem sua presença, alguns se calaram. A jovem se sentou à bancada, seu pai a chamou para se juntar a eles na mesa, contudo, ela recusou educadamente. A conversa retomou de forma descontraída outra vez até que...
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A Última Cena
Romance"Eu sou uma confusão de pensamentos, Num espaço pequeno, De momentos... De momentos em momentos eu me pego aqui Só, num completo silêncio. Estou me afogando outra vez, Outra vez nesse oceano profundo Onde me encontro. Alguém?! Alguém?! Eu estou aqu...