Capítulo VI

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Bem assustado, o jovem se virou inopinadamente, quase derrubando o jarro que se encontrava em suas mãos. Ele tentou se recompor colocando um semblante sério logo após encontrar o olhar furioso da irmã. Jogou um dos bichinhos de pelúcia no chão como um ato de desprezo, coçou atrás da cabeça, bagunçando seus lindos cabelos escuros, cortados em camadas sedosas e cheias. Curiosa, Grace repetiu a pergunta, cruzando os braços na altura dos seios, adquirindo uma postura alfa, odiava quando seus irmãos invadiam seu quarto, e como mais velha exigia o respeito dos primogênitos. O olhar do Jack desceu pelo corpo dela, ficando com um leve rubor em seguida, a estava vendo de uma forma que não queria ver. Grace acompanhou esse olhar percebendo que tinha esquecido de colocar a calça, se apressou em vesti-la, mas não se sentiu envergonhada.

— Antes de sair a Emily me pediu para te dar os biscoitinhos. — disse ele jogando o frasco de vidro em cima da cama, sem se preocupar de cair no chão.

— Ah. Obrigada. — Agradeceu ela mantendo a postura ainda séria.

— Eu sei que foi você que estava me espiando. — Disse ele se aproximando dela. Ela era duas cabeça acima da dele.

— Ah, fala sério! Você nem é interessante assim. — Ela o olhou de cima abaixo enquanto falava com um sorriso de desdém.

— Ah, tenha dó! Você que não é interessante, por isso vai acabar igual a sua mãe, usada, abandonada e cheia de...

— E você vai acabar igual a sua, uma louca depressiva, mal-amada, insegura...

— Pode inventar o que quiser, — ele se aproximou mais, podia sentir a respiração dela lavar seu rosto, como a brisa de Manhã beijando o dia, se sentiu um pouco ameaçado por sua altura, contudo, não demostrou. — Ninguém vai acreditar em você. — Esboçou um sorriso de lado, bem marcante.

Grace inclinou a cabeça para o lado com um olhar bem frio, indiferente.

A Maria, ainda se encontrava na casa, terminava de apanhar as roupas de cama. Subiu as escadas com uma cesta em mãos, ao parar no corredor, percebeu a porta de Grace aberta e uns cochichos baixos. Se dirigiu então até lá, diante da porta a empurrou com cuidado, adentrando o cômodo, encontrando os dois irmãos cara a cara um com o outro. O que ela pensou foi o oposto do que realmente estava se passando ali. Ela imaginou que os dois estavam tendo algum tipo de romance, pelas olhadas de mais cedo e as indiretas jogadas, se perguntava como não tinha percebido antes tudo isso. Estava completamente atordoada.

— O que está acontecendo aqui? — Ela denotava horrorizada.

Seus olhos pareciam querer saltitar das órbitas e sua face refletia espanto.

Ambos se viraram para a encarar. O semblante da mulher deixou a menina intrigada, inocentemente, tentava imaginar o que ela tinha pensado que estava acontecendo.

— O que ainda faz aqui? — Perguntou o Jack rudemente, cruzando os braços.

— As roupas de cama. — Respondeu ela indicando a cesta, ela olhava de um rosto para o outro, atarantada.

— Obrigada Sra. Clark. — Disse Grace antes de se voltar para seu irmão. Ambos se encontravam na mesma posição, fechada. — Dá o fora daqui. — Sua voz saiu forte, autoritária.

Jack olhou para a irmã com uma careta de desprezo e nojo, retorcendo os lábios como sempre fazia, passou pela empregada a mandando ir para casa, como se tivesse a suprema autoridade. A Maria deixou o que era da garota e saiu com um semblante de repudio.





A manhã estava húmida, porém de vez em quando uma brisa morna entrava pela janela, com um toque primaveril em sua essência mais pura. Grace acordou com a luz forte do dia ofuscando sua visão, um clarão branco alaranjado entrava sem pudor, violando seus olhos recém despertos. Depois de se arrumar, trancou o quarto e desceu, jogou as coisas no sofá e se dirigiu para a cozinha, sabia que o café estava sendo servido lá, dava para ouvir as vozes animadas. Todos estavam em volta da mesa, os quatro conversavam descontraidamente, ao notarem sua presença, alguns se calaram. A jovem se sentou à bancada, seu pai a chamou para se juntar a eles na mesa, contudo, ela recusou educadamente. A conversa retomou de forma descontraída outra vez até que...

A Última CenaWhere stories live. Discover now