No ritmo do amor (Yoonmin)

Precisamos Conversar

Oi amores, boa leitura ❤️

------------------------------------------------

"Precisamos conversar."

– Como assim Jimin? – Disse Henrique do outro lado da linha após alguns minutos da mensagem de texto que enviei.

– Precisamos resolver algo sobre nós dois.

– Sobre nós dois? O que houve?

– Eu não quero conversar sobre isso pelo telefone. Amanhã nos falamos.

– Agora eu não vou conseguir dormir Jimin. Quer que eu vá aí te ver? – Apesar de precisar falar com ele, naquele momento, a pessoa que eu menos queria conversar era Henrique.

– Amanhã. Conversaremos amanhã. Boa noite, vou desligar.

– Espera Jimin. Eu fiz alguma coisa?

– Que eu saiba não porque?

– Por nada. Você está estranho.

– Estou cansado, quero dormir. Até amanhã.

– Tudo bem Jimin. Descansa. Boa noite. Beijos.

– Boa noite.

Aquela pequena conversa me deixou desconfortável. Eu nunca fui do tipo traidor. Eu não o amava, mas ao mesmo tempo me sentia culpado. Antes de tomar qualquer iniciativa, eu deveria ter terminado o namoro mas talvez teria  perdido a chance de me aproximar do Yoongi, algo que eu me arrependeria de verdade. Escutei um miado baixinho, patas negras se aproximavam perto de mim e se aconchegando na minha barriga.

– Kang Yang, você ama se deitar na minha barriga não é? Igualzinho a um rapaz que várias vezes a noite encostou seu rosto na minha barriga. Vocês são muito parecidos, sabia?

Meu gatinho preto se espreguiçava e fazia uma cara de tédio querendo um cafuné. Eu deveria agradecer a ele, afinal. Naquela manhã de segunda feira em fevereiro conheci ele e o Yoongi. Não sei se aquele rapaz de pele clara e olhos de gato iriam fazer parte da minha vida a partir de agora, mas com certeza, chegou fazendo uma diferença enorme.

[...]

Segunda feira pela manhã, acordei bem mais cedo que de costume. Desci as escadas e fui direto na cozinha dar um abraço na Maria, que pra mim era mais que uma empregada, era uma amiga em que eu gostava muito. Ela parecia ter muito mais preocupações comigo do que minha própria mãe que só pensava nas aparências e no que as pessoas iam falar da família "modelo e perfeita" dela.

– O cheiro está ótimo Maria. Vou comer com você aqui hoje.

– Ji, O que você tem? Está tão alegre hoje.

– O que? Não tenho nada. Estou como sempre.

– Normalmente você desce se arrastando de pijamas ainda, dá bom dia, murmura alguma coisa e mal come e já sobe porque quase sempre está atrasado. Hoje você já desceu tomado banho e vestido para sair.

– Hum… Hoje vai ser um dia bom Ma, tô sentindo.

– É muito bom te ver assim, mas tenho um recado para te dar. Seu pai quer comer com você hoje no café da manhã.

– Sério? Comemorei cedo demais.

– Não diga isso Ji, ele já está te esperando.

Caminhei em passos curtos demorando para chegar na sala. Da cozinha para a sala não era tão distante, mas também era necessário dar alguns passos. Nossa sala caberia outra casa pequena de tão extensa que era. O piso brilhava tanto que víamos o nosso reflexo. Maria cuidou de mim desde minha infância quando cheguei no Brasil mas à medida que fui crescendo, não precisei mais de babá, mas como ela era muito diligente e organizada, minha mãe deu o cargo de governanta da mansão dos Parks. A casa sempre era extremamente limpa e ela delegava as funções dos empregados perfeitamente, por isso minha mãe gostava tanto dela  pois atendiam aos seus altos padrões. Eu sempre achei exagero  todo aquele luxo demasiado. Visitas vinham constantemente para elogiar os móveis de decoração ou ver a mamãe se gabar pela sua nova coleção de sofás vindos exclusivamente da Europa. Todo aquele glamour excessivo não combinava comigo e cada dia mais me sentia deslocado dentro de minha própria casa.