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O barulho a fez acordar para a realidade e chamou a atenção do desconhecido que cravou nela os olhos espantados, muito esverdeados e brilhantes.

Acertei, pensou Anny, enquanto dizia em voz alta:

- Desculpe... - Riu e abaixou-se para recolher os brinquedos. - Espero não ter causado um grave acidente.

- Temos uma ambulância bem aqui, se for o caso - respondeu o homem, exibindo uma miniatura em tons vermelho e branco e inclinando-se também para ajudá-la.

- Obrigada. Se conseguirmos sair daqui antes que a polícia chegue, talvez fique livre da cadeia - brincou Anny, sentindo o aroma amadeirado da loção pós-barba. - Vem sempre aqui?

- Na verdade, sim. - Ele a encarou por um longo tempo, fazendo-a perceber um brilho interessado no olhar. - Os homens são eternas crianças, não acha?

- Ouvi falar. Gostar de brincar?

O estranho ergueu as sobrancelhas. Não era comum encontrar uma bela e provocante mulher em uma loja para crianças, numa quarta-feira à tarde, ponderou consigo mesmo.

- Depende do jogo. Qual você prefere?

Anny riu, puxando para trás uma mecha de cabelos que caíra sobre o rosto.

- Oh! Gosto de todos os tipos de jogos... principalmente quando ganho.

Começou a levantar-se, mas ele foi mais rápido, esticando as longas pernas e estendendo-lhe a mão, que Anny aceitou, sentindo, com satisfação, sua força.

- Obrigada. Sou Anahí, ou melhor, Anny.

- Alfonso. - Ofereceu um conversível azul que segurava. - Quer um carro?


- Hoje, não. Estou só olhando, até ver o que me agrada - falou sem pensar, maravilhada com o charme daquele homem.

Sorriu de novo, flertando abertamente.

Alfonso precisou conter-se para não suspirar. Já conhecera muitas garotas, mas nenhuma como aquela. Impusera-se uma certa distância do sexo feminino há muito tempo... Aliás, pensou, começava a achar que por tempo demais.

- Anahí - murmurou, encostando-se em uma prateleira e ficando de frente para ela, em uma postura também sedutora. - Por que não vamos...

- Anny! Não sabia que viria aqui! - exclamou Marichelo Portillo, correndo pela loja e empurrando uma enorme betoneira de plástico.

I really like youOnde histórias criam vida. Descubra agora