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- Anny, se entrar nesse carro serei forçado a arrastá-la para fora pelos cabelos! Não terminamos de conversar!

Ela parou, com a mão na maçaneta.

- Estou muito zangada para falar com você agora.

- Não precisa falar mais nada. Sente-se! - Alfonso apontou para o toco de árvore que ocupara.

- Não quero sentar.

- Anny!

Ela ergueu os braços em um gesto de desespero, voltou para onde estava antes e sentou-se.

- Pronto! Está contente?

Alfonso ignorou a ironia e começou:

- Em primeiro lugar, não pretendo me casar apenas para dar uma mãe para Arthur. Ao mesmo tempo, não me casarei com ninguém que não possa ser uma boa mãe. Agora vamos deixar isso de lado e falar sobre nós dois. Sei que está furiosa, mas não chore.

- Não gastaria uma lágrima sequer com você!

Como resposta, ele tirou um lenço do bolso e estendeu-o para ela.

- Trate de limpar o rosto. Já estou passando por maus bocados sem precisar vê-la debulhar-se em lágrimas.

Anny ignorou o lenço e limpou as faces molhadas com as costas da mão, em um gesto de rebeldia infantil. Alfonso recomeçou:

- Muito bem, vamos supor que haja uma caixa aqui no chão. - Apontou para o solo. - Tudo que dissemos até este momento irá para dentro dela, e vou fechar a tampa. Poderemos abri-la mais tarde, mas de agora em diante começaremos da estaca zero.

- No que me diz respeito, pode pôr um cadeado na tampa e jogar essa caixa no mar.

- Pretendia conversar com Arthur hoje à noite - prosseguiu Alfonso, como se não a tivesse ouvido. - Observar como se sente a respeito de várias mudanças. Conheço meu filho muito bem. - Fez uma pausa e riu. - Por outro lado, talvez não o conheça tão bem assim, já que sai por aí pedindo minha mulher em casamento quando não estou presente.

- Sua mulher?

- Fique quieta - pediu ele com bons modos. - Se tivesse permanecido em silêncio um pouco mais, teríamos conversado a esse respeito com calma e serenidade.

Alfonso aproximou-se e segurou-a pelo queixo, fazendo-a erguer a cabeça e encará-lo.

- Anny, eu a amo. - Vendo que ela desejava se levantar, apertou-lhe o ombro. - Não. Fique aí. Estava imaginando como dizer isso quando você irrompeu no meu caminho como um furacão.

- Quando eu... - Anny deixou escapar um longo suspiro, sentindo o coração disparar e olhando para o chão. - Tem certeza de que a tampa da caixa está bem fechada? Porque gostaria de voltar atrás no tempo e não ter tomado a iniciativa... como sempre.

- Sim, está fechada.

Ela fechou bem os olhos por um momento, tentando clarear as idéias. Mas a enorme excitação que tomara conta de todo seu ser não a deixava pensar direito. E sentia-se bem, concluiu. Muito bem.

- Importa-se de começar de novo? - pediu. - Na parte em que disse que me ama?

- Claro, sem problemas. Amo você. Comecei a me apaixonar no instante em que a vi tropeçando nos brinquedos na loja de sua mãe. Dali em diante sempre achava que iria voltar à razão, e que você não era para mim. Todas as vezes em que parecia estar mergulhando de cabeça no amor, tentava me controlar. Tinha meus motivos para fazer isso, porém agora, neste instante, não consigo me lembrar de nenhum.

- Fui feita para você, Alfonso, como você foi feito para mim.















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I really like youWhere stories live. Discover now