Declaração e conflitos

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     KELVIN.

Ramiro estava na minha frente, com o olhar leve de sempre, pertinho do meu rosto, sentia a respiração dele ficar agitada mas não parecia ser por motivos ruins. Nossos narizes se aproximaram e se encostaram, ele fez um leve carinho com o nariz dele no meu.

- Kevin... - Eu interrompo sua fala encostando meus lábios no dele de forma leve e carinhosa.

Ele não negou e continuou com o beijo. Naquele momento meu coração tinha tantas emoções, não sei se conseguiria me controlar por muito tempo. Adicionei a língua no beijo e senti ele de alguma forma "perdido", ele não entendia muito bem o que sentia.

Gotas de água começaram a cair do nada e intorrempemos o beijo já que não esperávamos que chovesse sendo que o tempo era ensolarado.

- Vem pro meu carro, Kevin. - Ramiro grita enquanto corre.

Eu apenas corri com ele. Quando entramos no carro vi Ramiro com um rosto preocupado com as mãos na cabeça escorrendo ate a nuca e com respiração ofegante, senti que fiz besteira, talvez ele ainda não estivesse preparado. 

- Kevin. - Ramiro corta o silêncio. - Isso num podia ter acontecido.

Aquelas palavras me deixaram em um precipício e medo de perdê-lo.

- Desculpa, Rams. - Abaixo a cabeça.

- O que 'ocê fez comigo, Kevin? - Ele fala em tom de desespero. - Eu num devia ter deixado isso acontecer, eu... passo o dia todo pensando n'ocê, sonho c'ocê, ja me afastei e volto no mesmo instante, eu num posso sentir isso por 'ocê, Kevin. Eu tenho ciúmes e medo de te perder. Se minha mãezinha escuta uma coisa dessa ela infarta... Mato Grosso do Céu!

- E o que voce sente por mim?

- Eu sinto... - Ele faz uma pausa. - Amor... Eu sinto amor, Kevin.

Tentei falar algo mas nada saia da minha boca. Levei uma de minhas maos ate o rosto do Ramiro e o puxei levemente para perto para mais um beijo, mas esperei para ver se havia concordancia e para minha surpresa ele selou nossos labios, passando a mao esquerda dele pela minha cintura me puxando para perto de si. O beijo era leve e calmo de início mas de alguma forma também era sedento, nossos lábios se encaixavam perfeitamente. Passei a mão pela barba dele, depois pelo peitoral e senti um leve tremor sobre ele, provavelmente um arrepio. Nossos lábios se afastaram e Ramiro novamente voltou a encarar o nada.

- É melhor eu levar 'ocê pro bar de volta. - Ramiro dá marcha no carro.

- Desculpa de novo. - Digo. - E é bom saber que você sente isso por mim, embora eu sempre soubesse disso, sempre acreditei que não e era o mais provável, até porque você tem vergonha de mim. Não quer dançar comigo, não quer nem falar comigo na frente dos outros.

- Eu não tenho vergonha d'ocê, só tenho medo de ficar mau falado. 

- Esquece os outros, Ramiro. Esquece todo mundo, até porque a maioria das pessoas acha nossa relação fofa, só quem acha ruim é seu patrão e seus colegas de trabalho e eles quem te incomoda. - Retruco.

- Meu patrão se descobre uma coisa dessa ele me joga na rua e foi ele que me deu trabaio' e tudo que eu tenho hoje. 

- Menos sua felicidade. - Eu o interrompo. - Você guarda tanta coisa dentro de você, eu sei que eu não posso te sustentar caso você perdesse seu trabalho, mas eu tô sempre aqui com você e você sabe disso.

- Minha felicidade? É eu sei que não sou feliz quando tô lá trabaiando' pra ele, eu sei que eu sou feliz quando tô c'ocê, mas entre você e meu trabalho, eu prefiro meu trabalho, 'ocê só trouxe desgraça pra minha vida, todo lugar que eu passo o povo fica rindo de mim. - Ele fala com lágrimas nos olhos.

Aquelas últimas palavras cortaram meu coração e eu não consegui me conter, lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Fiquei calado o resto do caminho. Embora eu tivesse descoberto que Ramiro me amava, ele simplesmente cortou meu coração sem piedade. Quando chegamos ao Naitandei, minha vontade era de me suicidar de alguma forma de lá, mas ainda tinha amor a minha vida. Saí do carro do Ramiro e falei poucas palavras.

- Desculpa, Ramiro. Por ter sido um problema na sua vida. - entrei no bar e escutei Ramiro chorar dentro da caminhonete dele.

Eu estava destruído, chorando e molhado pela chuva, que aliás era forte e já estava pra alagar a cidade. Vi o Henrique sentado em uma das cadeiras do bar me vendo chegar.

- Kelzinho. - Henrique grita. - Vem cá! 

Fui até ele e ele me olhava dos pés a cabeça.

- O que aconteceu?  Por que essa carinha de choro e onde você estava? - Ele passa a mão pelo meu cabelo que estava encharcado. 

- O Ramiro me destruiu... - Eu dou um abraço no Henrique. - Desculpa te molhar, eu só precisava de um abraço. 

- Eu vou acabar com esse Ramiro. - Ele fala em tom de raiva. 

- Não... Não faz nada, só continua o abraço. Por favor. - Digo.

Aquele corpo transmitia um calor que acalmava, principalmente em pleno frio que eu estava.

- Vamos pro seu quarto, tomar um banho, viu Kelzinho? - Ele fala como se estivesse falando com um bebê. 

Consenti e levei ele até meu quarto, ele sentou na minha cama e fui até o banheiro tomar banho, aquele banho me acalmou, me sequei, vesti minha roupa e saí do banheiro, vi ele olhar minhas fotos com admiração e sorri de leve.

- Obrigada por estar aqui comigo. - Digo.

- Ah... - Ele se assusta. - Você é uma pessoa incrível, não entendo como o Ramiro pôde agir assim com você. 

- Eu até que entendo ele. Viveu escutando que isso é errado, que ele não pode amar outro homem.

- Mas isso não é desculpa para ele magoar seus sentimentos dessa forma. Mas você ama ele, né?  - Vi a expressão dele começar a ficar triste.

- Amar, eu amo. Mas vou parar. 

- Hm. 



Notinhas:

Oiê gente, não sou muito de deixar notinha no fim dos capítulos mas vou começar a deixar só pra de alguma forma haver comunicação. Bom... é a primeira fanfic que eu escrevo então não atirem pedras se algo estiver fora do agrado de vocês, aliás, aceito sugestões e me digam se querem que eu continue <3


Bom por enquanto é só, e desculpa se os capítulos demorarem a serem postados. 

Simplesmente, 'ocê - KelmiroWhere stories live. Discover now