Sentimentos atordoados

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Ramiro:

Como dizer tudo o que se passava na minha cabeça, primeiro eu me sentia confuso pelo o que tava acontecendo comigo, segundo pelo o que o Kelvin fazia com os meus sentimentos, terceiro que nada mais fazia sentido. Estávamos deitados na caminhonete, eu estava com ele só que meus pensamentos voavam longe.

- Rams... - Kelvin chama - Não é querendo te obrigar a isso, sabe? Eu quero te pedir uma coisa.

- O que? - No fundo eu sentia medo do que poderia ser essa coisa.

- Mais cedo você parou na delegacia por causa desse seu patrão, conta tudo pr'o Marinho, vai... eu só quero a sua felicidade. - Kelvin diz.

- Kevin, 'ocê num entende. - Digo.

- Eu não entendo o que? Que você prefere parar na prisão por causa desse... senhor...? Larga esse emprego, procura outro, vira um homem, Ramiro! - Kelvin desabafa.

- Eu já sou homem, sou macho... - Kelvin interrompe.

- Para, para, tá bom? Se for para continuar com esse negócio de macho é melhor você parar de falar. - Kelvin desce do carro - A gente tem que acordar cedo amanhã, não acha? Vamos voltar à cidade.

- Kevin, desculpa por estragar o dia. - Puxo o braço dele e dou um singelo beijinho em sua bochecha que fica corada após o beijo.

Ele entra no carro com uma carinha brava e eu o admiro por um minuto. Entro no carro, dou partida e sigo caminho para Nova Primeiro, Kelvin adormece nos primeiros minutos de viagem e seguiu adormecido pelo resto do caminho, chegamos no bar e ele já estava fechado, nem sei que horas poderia ser aquela.

- Kevin, Kevin, Kevin, acorda! - Cochicho e dou leves batidinhas em seu braço. 

- R-Rams... - Kelvin fala sonolento - Tudo aquilo ontem foi real? Diz que foi real, vai..

- Foi, foi real. Agora acorda, pequitito. - Chamo.

- Aiai, me leva pro quarto, vai? Quero só dormir! 

- Não, anda vai! - Falo bravo.

- Bruto. - Ele diz e vai embora.

- Ei ei ei, e meu beijinho? - Pergunto.

- Seu beijinho, é? - Kelvin apoia suas mãos em meus ombros.

- Sim, meu beijinho.

Ele sela os lábios dele no meu de forma carinhosa e depois vai embora.

O dia amanhece de forma rápida, patrão chega cedo no meu quartinho e pergunta como vai indo as coisas na fazenda, digo que bem, no fundo eu nem sabia muito bem o que estava acontecendo lá, prestava meus serviços e ia ao bar quando podia.

Hoje eu evitei os caminhos que me levassem ao bar, eu estava totalmente confuso e resolvi ir ao outro bar da cidade provar um pouco de rum. Ninguém naquela cidade gostava de me encarar, parecia que eu um bicho ou coisa do tipo, entretanto eu busquei essa fama, quem me encarava era para zombar de mim.

Nova Primavera era sempre um local agitado, movimentado e cheinho de fofocas, ultimamente a cidade estava apagada, diria que a tristeza havia tomado conta de todos nós, se bem que ninguém sabe o que o outro passa.

Enquanto meus pensamentos estavam aflorados, um homem embriagado se aproximou de minha mesa meio zonzo e bateu violentamente em minha mesa, soltando um sorriso de uma ponta da orelha a outra para mim.

- Ramiro, Ramiro... O que te trazes ao bar? Enjoou do outro foi? - O homem luta para ficar de pé e começa a balburdiou algumas palavras - Ou melhor, enjoou daquele seu amiguinho colorido?

Tento ignorar por um minuto, até porque, aquele homem não era meu amigo e eu não devia satisfação a ele.

- Vai Ramiro. - Ele insiste - Responde.

Me aguentei o quanto pude, mas me deixei levar pelas emoções, levantei da cadeira me aproximei ficando cara a cara com o indivíduo, segurei a gola da camisa dele e suspirei fundo, o rosto de Kelvin veio em minha mente e refleti, pensei "não vale à pena" e larguei a camisa dele.

Ele não se contentou com isso, enquanto eu ia embora, ele me atacou pelas costas e deu socos pelo meu corpo, isso fez eu perder meus movimentos por alguns segundos, quando recompus meus movimentos acertei um soco na mandíbula dele e o mesmo se deitou no chão se contorceu de dor.

Um carro da polícia se aproximou de nós e de lá, saiu o Marino junto com o Silva.

- Ramiro... - Marino encara eu e o homem caído no chão, - Se envolvendo em confusões. 

- Ô, seu delegado, eu num tenho nada haver com o que tá acontecendo aqui? - Respondo.

- Esse homem tá caído no chão, com a boca sangrando e você tá com a mão suja de sangue, quer mesmo que eu acredite nisso? - Marino indaga - Leva esse homem ao hospital, Silva.

- Marino, vou explicar tudinho. - Começo - Eu tava naquele bar ali - aponto em direção ao bar - 'Ocê deve estranhar um pouco eu num estar no bar da Cândida, tenho meus motivos. Eu tava bebendo um copo de rum e esse macho chegou na minha mesa querendo brigar. 

- Continue. - Marino fala.

- Ele veio na minha mesa perguntando se eu tinha enjoado daquele meu amigo pra eu num estar no bar. - termino.

- Aí você se revoltou e resolveu quebrar a cara dele? - Marino questiona.

- 'Ocê num tá entendendo... Eu fui embora e ele foi atrás de mim e me atacou. - Começo a perder um pouco a paciência de explicar.

- Sabe que isso não justifica nada, né? Aliás, pensou naquele assunto? - Ele relembra.

- Isso a gente tem que conversar numa delegacia, mas agora eu tô com sono e vou pro meu quartinho. - Vou embora e Marino não fala mais nada.

Segui caminho até meu quartinho, durante o caminho fiz uma pausa pra ver o celular e vi que havia várias ligações e mensagens do Kelvin, "meu celular estava no silencioso" era minha única justificativa, era bem provável que ele estivesse cabisbaixo no bar, só que eu não iria lá agora.

Cheguei em meu quarto e vi Kelvin deitado na minha cama, ele me encarava com dúvida.

- Onde você tava? - Kelvin pergunta.

- Na rua.  - Dou uma resposta breve.

- Por que não foi ao Naitendei hoje? - Kelvin indaga.

- Tava muito ocupado hoje.  - Continuo com minhas respostas curtas.

- Te vi no bar do centro da cidade, entrou numa discussão e eu sei o motivo da discussão - Kelvin dá uma pausa - Eu.

- Também num é assim. - Tento me explicar - Aquele macho que começou a ser violento comigo. 

- Tá bom, Ramiro. Você nem assume o que sente. - Kelvin fala seco.

- Eu assumo, ontem a gente... - Procuro a palavra certa - Se amou... e eu gostei daquilo tudo, eu disse pr'ocê o que eu sentia, falei que eu amo 'ocê e 'ocê disse que me ama de volta... ontem tudo foi mágico. 

- Não me refiro a isso, Rams. - Ele continua - Mas eu também gostei de ontem.

- Posso ir pra pertinho d'oê? - Falo com um tom solene.

- Pode!

Me aproximo devagarinho, me sento na cama e passo meus braços entre o Kelvin, fazendo carinho em seu cabelo, ele põe a cabeça sobre meu ombro e eu apoio minha cabeça sobre a dele, ficamos assim durante um bom tempo.






• Notas da autora:

Aí gente... 10 capitulos... quero agradecer pela repercussão da fic, são 3K de visualizações, na minha cabeça ninguém nem iria ver e ao mesmo tempo cada capítulo que passa mais dificuldade de escrever eu tenho.


*Capítulo não revisado e sujeito a alterações em breve.

Simplesmente, 'ocê - KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora